Cessação tabágica foi um dos temas que esteve na base de alguns dos debates do XXIX Congresso de Pneumologia que arrancou hoje no Algarve. Considerada uma das principais causas da elevada incidência de doenças respiratórias, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia adverte para o facto de “a existência do cigarro eletrónico ser um pretexto para introduzir a nicotina no mercado”.
O XXIX Congresso de Pneumologia arrancou hoje com uma revisão sobre cessação tabágica, considerada a única medida de tratamento efetiva para evitar a progressão e a incidência das doenças respiratórias. O tabaco é um dos mais elevados fatores de risco das doenças respiratórias que matam anualmente 12% da população portuguesa e 5 milhões de pessoas em todo o mundo.
Estes são números que levam a SPP a defender um maior envolvimento da Rede de Cuidados de Saúde Primária, como uma medida essencial no combate ao tabagismo e à redução da incidência de doenças respiratórias em Portugal. Segundo Carlos Robalo Cordeiro, Presidente da SPP, «o tabagismo é um tema importante para a Medicina Geral e Familiar, por estar associado a doenças como a DPOC e a asma brônquica, cada vez mais comuns nas consultas de medicina familiar. É fundamental encarar o tabagismo não só na perspetiva de prevenção de doenças respiratórias como também na prevenção do agravamento das mesmas. A cessação tabágica deve fazer parte do tratamento a prescrever em caso de doença respiratória cuja causa é atribuída em cerca de 85% dos casos ao tabaco».
Em discussão esteve, ainda, o controverso cigarro eletrónico que continua a dividir as opiniões no que se refere à sua utilização na cessação tabágica, ainda que o Parlamento Europeu (PE) proponha que os cigarros eletrónicos continuem a pertencer à categoria dos produtos de tabaco, em vez de serem equiparados a medicamentos. Lourdes Barradas, do Instituto Português de Oncologia de Coimbra adverte mesmo para o facto de «a existência do cigarro eletrónico ser um pretexto para introduzir a nicotina no mercado».
A pneumonia em adultos foi outro dos temas cujo debate se justifica pelo facto de a taxa de mortalidade em Portugal ter vindo a aumentar e ser atualmente o dobro da média europeia. Dados revelam que diariamente são internados 81 doentes com pneumonia nos hospitais portugueses e 16 deles acabam por morrer. Os picos de internamentos por pneumonia coincidem com a atividade gripal, mas a elevada taxa de mortalidade não se deve exclusivamente à gripe. “As medidas preventivas devem incluir a vacinação, mas também o abandono de hábitos nocivos como o tabagismo” acrescenta Carlos Robalo Cordeiro.





