José Pedro Caçorino, vereador eleito pela Coligação “SERVIR PORTIMÃO”, na Sessão de Câmara realizada no dia 18 de março de 2014, apresentou ao executivo uma proposta no sentido de transformar Portimão “O Concelho das Amendoeiras”.
Esta proposta foi aprovada com os votos favoráveis do Partido Comunista, do Bloco de Esquerda e três abstenções do executivo Socialista, tendo estes últimos alegado que para implementar esta proposta é necessário um custo excessivo que a autarquia neste momento não pode suportar, o que em opinião de José Pedro Caçorino “não se verifica na medida em que é possível fazer a reprodução da amendoeira através do próprio fruto. Para nós esta é uma questão de falta de vontade política e de estratégia a médio e longo prazo”, diz o vereador do “SERVIR PORTIMÃO”.
Apresenta-se na íntegra a proposta votada:
“- Considerando que desde há vários anos, o Turismo de Portugal, entre outras instituições, tem feito um trabalho sério, ainda que pontual, tendo em conta os constrangimentos de ordem económica, na indicação de potenciais caminhos para o turismo no Algarve e, mais precisamente, na área de Portimão;
– Considerando que as várias versões do PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo) têm apontado diversas tendências de procura do turismo internacional, delineando dez produtos turísticos estratégicos a ele associados, contando-se entre estes o Turismo de Natureza e o Touring Cultural e Paisagístico;
– Considerando que Portugal, infelizmente, não integra o lote dos dez principais países da Europa que vendem este tipo de produtos turísticos;
– Considerando que num estudo encomendado pelo Turismo de Portugal a uma empresa de assessoria, datado de 2006, as oportunidades e requisitos do mercado, a capacidade competitiva nacional, o modelo de negócio e a estratégia de desenvolvimento são delineados de forma clara e expressiva, tendo-se constituído um manual estrutural que serve de base ao incentivo do turismo de natureza no nosso país;
– Considerando que, ainda assim, a região do Algarve não é apontada como parte integrante desta estratégia, simplesmente porque tem estaticamente solidificados os seus produtos turísticos;
– Considerando que mesmo perante números assombrosos, como o fluxo de 22 milhões anuais de viagens internacionais na Europa relacionadas com o turismo de natureza ou o seu crescimento de 7% por ano, o Algarve não representa uma prioridade neste tipo de turismo simplesmente porque tem outras mais-valias;
– Considerando que todos sabemos que essas mais-valias continuam a ser estritamente sazonais, sendo do conhecimento geral que a sazonalidade é, infelizmente, cada vez mais, uma realidade na nossa região e no nosso concelho;
– Considerando que este incremento da sazonalidade acarreta inevitáveis desvantagens, bastando apontar a título de mero exemplo a fraca taxa de empregabilidade da região durante a chamada época baixa, ou, se preferirmos dados mais empíricos, o diminuto fluxo de pessoas no centro de qualquer cidade algarvia durante a mesma época do ano;
– Considerando que existem vários exemplos fenomenais de turismo de natureza, desde o longínquo Japão, onde temos a imagem mundialmente famosa das cerejeiras em flor, peregrinação que atrai e junta milhões de turistas; ou os exemplos do nosso país, como Resende ou o Fundão, onde temos as rotas das cerejeiras, fenómeno em franca expansão e que culmina nas feiras de venda dos frutos, eventos que atraem milhares de turistas;
– Considerando que a imagem, tipificada na mente de todos os algarvios, dos mantos de flores de amendoeira que se espalham pelos campos e que embranquecem o solo está a desaparecer e que, com ela, desaparece também uma potencialidade premente: transformar Portimão no Concelho das Amendoeiras!
– Considerando que Portimão tem todo o potencial para tornar-se um destino de excelência de turismo ambiental, tanto na sua versão soft, com passeios a pé ou de bicicleta, rotas, fotografia de natureza, caminhadas e trilhos, como na sua versão hard, com os desportos ditos radicais, como o BTT, o KiteSurf ou o Surf;
– Considerando que urge cada vez mais criar uma marca turística que distinga e identifique Portimão como opção de turismo de natureza e de touring cultural, construindo uma oferta turística diferenciada e competitiva durante um mês que é comummente designado como “morto”, do ponto de vista turístico;
– Considerando que Portimão pode tornar-se não só a cidade da sardinha, mas também da amendoeira, correspondendo cada item à sua estação: a sardinha no Verão e a amêndoa no Inverno;
– Considerando, finalmente, que mesmo analisando o estado extraordinariamente frágil das finanças da autarquia ou os sacrifícios que as famílias portuguesas enfrentam no presente, facilmente encontraremos argumentos que sustentam as vantagens da Prunus Dulcis, como o seu baixo custo, a manutenção limitada a poda anual, a rega que se cinge apenas aos primeiros meses de vida e todas as potencialidades que poderão advir da comercialização do seu fruto, seja a venda da amêndoa para produção de óleos, essências ou cosméticos, seja a ligação à gastronomia, nomeadamente, à doçaria,
A Coligação Servir Portimão propõe um conjunto de medidas específicas que, a curto e médio prazo, transformarão Portimão na Cidade das Amendoeiras, nomeadamente:
1. Identificação e levantamento urgente dos locais de possível plantação, dado que a época propícia à plantação decorre até ao mês de Março;
2. Dinamização dos viveiros municipais através da produção massiva de amendoeiras, potenciando o Município como maior fornecedor de amendoeiras à região de Portimão;
3. Substituição gradual das árvores que não são autóctones da região, com especial destaque para as palmeiras, que se encontram em mau estado de conservação, por amendoeiras;
4. Criação e registo da marca, com o logotipo da amendoeira, “Amendoeiras de Portimão”;
5. Registo e participação ativa nos três maiores projetos nacionais de reflorestação, a saber, Amoportugal (www.amoportugal.org), PlantarPortugal (www.plantarportugal.org), e Plantar uma Árvore (www.plantarumaarvore.org), nos quais já se encontram várias municípios, como o de Silves;
6. Aumento da densidade de árvores do concelho através da plantação de amendoeiras;
7. O estabelecimento de um protocolo com os proprietários dos maiores terrenos de Portimão para a proteção e plantação de amendoeiras, com especial destaque para as entradas da cidade de Portimão;
8. Promoção de protocolos entre o Município e entidades privadas e estabelecimentos de ensino para o fomento da plantação de amendoeiras (venda a preço de custo das árvores pelos viveiros municipais);
9. Proibição de compra de amendoeiras ou quaisquer derivados pelo Município a entidades fora do concelho de Portimão;
10. Promoção de protocolos entre o Concelho de Portimão e o IMTT para plantação em zonas em que tal entidade tenha jurisdição;
Em suma, esta proposta encerra uma visão diferenciada do tipo de turismo que tem sido praticado no concelho de Portimão, inserindo-o numa alternativa turística à época do inverno tradicionalmente fraca: embeleza-se a nossa cidade, tornando-a uma referência turística, ao mesmo tempo que se dinamizam os viveiros municipais!
Por: José Pedro Caçorino – Vereador eleito à Câmara Municipal de Portimão
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