S. Brás de Alportel

Berço ecológico em cortiça feito no Algarve é finalista de concurso internacional

O protótipo de um berço de cortiça, idealizado por duas arquitetas e concebido por um artesão algarvio, vai ser apresentado como uma das cinco peças finalistas de um concurso internacional de mobiliário ecológico na feira de design de Milão ‘Milan Design Week 2014’, que decorre naquela cidade italiana entre 8 e 13 de abril.

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A cortiça, única matéria prima usada no berço “Sleep Tight” (expressão que, em português, é equivalente a “dorme bem”), tem como vantagens o facto de ser 100% natural, impermeável, isolante, mantendo a temperatura, não inflamável e tem um toque aconchegante, explicaram à Lusa os diversos intervenientes no projeto.

O conceito de ninho inspirou as criadoras Karin Pereira e Sofia Chinita que, em parceria com o projeto algarvio TASA (Técnicas Ancestrais, Soluções Atuais) e uma empresa de São Brás de Alportel, que ofereceu 300 quilos de granulado de cortiça, conseguiram dar corpo ao protótipo que é apresentado na próxima sexta-feira em Milão (Itália).

António Luz, o artesão algarvio que construiu o berço, com mais de um metro de comprimento e 40 quilos de peso, contou à Lusa que esta foi a primeira vez, em 30 anos a trabalhar com cortiça, que fez algo do género e mostrou-se orgulhoso com o produto final, que deu “muito trabalho” e que “deve ser muito confortável”.

Uma das autoras do projeto, Karin Pereira, explicou que a ideia é que o berço possa ser usado como cama para bebés até cerca de um ano de idade, podendo depois ser adaptado um mastro e uma vela para converter a peça num brinquedo, neste caso, um barco à escala real da criança, usando o movimento oscilante da peça.

“Queríamos fazer uma peça versátil e com maior utilização para poder estender o seu período de vida. Não é um berço apenas para uma criança, há de perdurar no tempo”, afirmou a arquiteta, que vive em Oeiras, estimando que a peça possa ser usada por crianças até aos quatro anos.

Segundo João Ministro, da ProActiveTour, que gere o projeto TASA desde 2013 e que será a empresa responsável pela comercialização, o preço de produção destas peças pode atingir os 1.600 euros, somando o custo da cortiça e a mão de obra, o que significa que o preço de venda ao público deverá rondar os 2.000 euros.

“É claramente um produto que entra num nicho de mercado mais de luxo e que vai ao encontro de um público com preocupações ambientais e de saúde”, referiu, sublinhando que a aposta é a exportação, numa perspetiva de internacionalização dos usos contemporâneos das artes tradicionais algarvias.

António Correia, da Novacortiça, empresa que ofereceu a matéria prima para a conceção da peça, disse à Lusa acreditar no sucesso do berço, defendendo que este dificilmente se tornará num produto produzido à escala industrial, pelos elevados custos de produção.

“Será apenas uma elite que poderá despender uma quantia razoável para alimentar a produção destas unidades”, afirmou o administrador da empresa, localizada em São Brás de Alportel, onde serão fabricados os berços, na fase de comercialização.

Apesar de estar consciente dos elevados custos que envolvem a produção da peça, Karin Pereira ainda mantém a esperança de que o berço possa vir a ser uma peça “mais democrática”, que não fosse vista “como um produto de luxo”.

O projeto TASA foi criado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve em 2010 e desde 2013 que é gerido pela ProActiveTur, sediada em Loulé.

O berço de cortiça concorre entre os cinco classificados, a nível mundial, ao prémio “Green Furniture Award”.

Os vencedores serão conhecidos na próxima sexta-feira durante a “Milan Design Week”.

Por: Agência Lusa

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