Europa

Municípios e regiões afirmam que energias renováveis podem pôr fim à pobreza energética na Europa

 

16.º Plenário do Comité das Regiões da UE

16.º Plenário do Comité das Regiões da UE

Certas estimativas indicam que 150 milhões de pessoas são afetadas pela pobreza energética na Europa, incluindo 30% da população portuguesa. Por isso, o Comité das Regiões salientou que a UE tem de tratar esta questão como uma prioridade política. Através de um parecer elaborado por Christian Illedits (PSE), deputado ao Parlamento regional austríaco de Burgenland, o Comité rejeita a noção de que o investimento em energias renováveis contraria o objetivo de gerar energia a preços acessíveis. O Comité é claro na sua recusa, argumentando que os custos sociais e ambientais decorrentes dos combustíveis fósseis e da energia nuclear ultrapassam de longe todos os outros custos de energia. Além disso, os investimentos sólidos a nível local e regional em eficiência energética e em energias renováveis podem criar emprego e diminuir a pobreza energética.

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«Os órgãos de governo local e regional da Europa afirmaram vigorosamente que a política europeia tem de abordar com urgência o problema da pobreza energética crescente», observou Christian Illedits. «A melhor forma de tratar esta questão preocupante é através da energia renovável, que requer investimentos a nível regional. Através dos fundos estruturais da UE, a minha região tornou-se um modelo desta abordagem. Por termos investido na energia verde a nível local, estamos a começar a vencer a batalha contra a pobreza energética».

Como primeiro passo, o relator insta a União Europeia a firmar uma definição europeia de pobreza energética que permita alguma flexibilidade e leve em conta as diversas situações e contextos regionais. De acordo com a proposta do Comité, essa definição deve basear-se em vários indicadores, nomeadamente uma despesa em energia equivalente a 10% ou mais do rendimento de um agregado familiar. O Comité reclama ainda a finalização célere do mercado interno da energia, para que seja possível disponibilizar energia a todos a preços acessíveis e, ao mesmo tempo, investir na criação de um mercado europeu sustentável e menos vulnerável à dependência energética.

Novas regras da UE sobre auxílios estatais podem enfraquecer compromissos em prol da energia verde

O Comité – representante dos órgãos de poder local e regional na UE – argumentou ainda que as novas regras relativas aos auxílios estatais devem promover a energia verde e continuar a permitir que os governos subsidiem as energias renováveis. O CR adverte que as atuais orientações impõem limites demasiado baixos, reduzindo o número de empresas de energia verde beneficiárias de auxílios estatais, o que pode minar os esforços da UE no sentido de criar um mercado energético mais competitivo, seguro e sustentável. Além disso, a UE tem de aproveitar a oportunidade para pôr fim aos subsídios atribuídos aos combustíveis fosseis e à energia nuclear.

O Comité teceu estas considerações em reação ao projeto de orientações relativas aos auxílios estatais para a energia, elaborado pela Comissão Europeia, e que deverá ser finalizado em 9 de abril, no intuito de promover o crescimento sustentável, reforçar o mercado interno e simplificar o processo decisório. Apesar de reconhecer que os auxílios estatais podem provocar vantagens injustas, o Comité argumenta que as novas regras devem dar flexibilidade aos Estados-Membros para apoiar as energias renováveis e cumprir as suas obrigações em matéria de clima. O parecer do Comité, adotado ontem e elaborado por Gusty Graas (ALDE), vereador do Município de Bettembourg e deputado ao Parlamento Nacional do Luxemburgo, deixa bem claro que «a concorrência e a existência de um mercado livre em matéria de energia não são metas em si».

Em declarações proferidas em Bruxelas, o relator observou que «as ajudas estatais às energias renováveis devem contribuir para um abastecimento energético mais seguro, um ambiente mais limpo e um mercado de trabalho mais robusto. Ao mesmo tempo, é evidente que as tecnologias inovadoras só podem prosperar se houver condições justas e competitivas no mercado. Por isso, precisamos de uma abordagem pragmática que envolva o nível local e foque o desenvolvimento sustentável não só da economia mas também da ecologia».

O Comité põe em causa a proposta de tornar excecional a tarifa de aquisição da eletricidade produzida a partir de fontes de energias renováveis (em que os produtores de eletricidade verde recebem um preço fixo por kWh) e, em substituição desse instrumento, focar-se em certificados verdes comercializáveis. Na opinião do Comité, esta medida porá em risco a confiança dos investidores e prejudicará os planos de descarbonização na Europa. O valor-limite que permite às empresas de energias renováveis obterem subsídios deve ser aumentado do valor proposto de 1 MW para 5 MW e 15 MW no caso da energia eólica. Os subsídios aos combustíveis fósseis devem ser eliminados e os governos devem ser impedidos de subsidiar a energia nuclear. Tal como os governos nacionais têm liberdade para decidir do seu cabaz energético, também os órgãos de poder local e regional devem ter flexibilidade para decidir como utilizarão os auxílios financeiros em prol de projetos tecnológicos benéficos para o ambiente.

Mais informações:

Christian Illedits (AT-PSE): Projeto de parecer do CR: «Energia a preços acessíveis para todos»

Gusty Graas (LU-ALDE): Projeto de parecer do CR: «Novas orientações relativas aos auxílios estatais em matéria de energia»

O Comité das Regiões

O Comité das Regiões é a assembleia da UE dos representantes regionais e locais dos 28 Estados‑Membros. A sua missão consiste em fazer participar os órgãos de poder regional e local e as comunidades que representam no processo decisório da UE e informá-los sobre as políticas da União. A Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Conselho são obrigados a consultar o Comité em domínios de política que digam respeito às regiões e aos municípios. O Comité das Regiões pode recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia em caso de violação dos seus direitos ou se entender que um ato legislativo da UE viola o princípio da subsidiariedade ou desrespeita as competências dos poderes regionais e locais.

Por: Comité das Regiões da União Europeia

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