Loulé

Discurso da bancada do PS na Sessão Comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril da Assembleia Municipal de Loulé

26 de abril de 2014 às 00:35 – A jovem e irreverente deputada municipal pelo Partido Socialista na Assembleia Municipal de Loulé, Rebeca P. Martins, falou ao povo. A JS de Loulé divulga a sua mensagem na íntegra:

Rebeca P. Martins – Deputada Municipal Socialista

Rebeca P. Martins – Deputada Municipal Socialista

No 40.º aniversário da revolução do 25 de Abril, vem o Grupo Parlamentar do Partido Socialista na Assembleia Municipal de Loulé, expressar reconhecimento e gratidão aos seus principais autores (os militares do Movimento das Forças Armadas, os Capitães de Abril) e a congratulação pelo significado que esta data teve, e tem, no início da liberdade e de uma vida em democracia para todos os portugueses após décadas de resistência e combate clandestino à ditadura fascista de António Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.

A Revolução de Abril restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. Libertou Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo.

No 25 de Abril de 1974 iniciámos uma caminhada para o desenvolvimento, para a integração europeia e para a alternância democrática. A História não pertence a ninguém, antes é património dos portugueses tal como a viveram; o 25 de Abril deve ser recordado e comemorado como um dia de festa para todos e uma esperança num país melhor para as gerações futuras.

Quarenta anos passados desde que “emergimos da noite e do silêncio”, é premente repensar Abril, hoje mais do que nunca. Durante estes anos, as gerações nascidas num Portugal já livre, sentiram o obscurantismo de outras Eras apenas através das palavras dos seus pais e avós; das páginas dos livros de História e das imagens da época, pelo que nos congratulamos a Câmara Municipal de Loulé que por unanimidade criou uma Comissão Concelhia das Comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril, cuja missão de natureza cívica está a ser desenvolvida num trabalho meritório, tendo como objectivo central transmitir os valores e o legado de Abril ás gerações mais jovens, num trabalho voluntário e generoso, digno de registo, por todo o Concelho de Loulé e que decorrerá até ao fim do Ano.

Contudo, a actual conjuntura de que Portugal se tornou refém, recorda a uns e faz surgir noutros, sentimentos que, enquanto Nação, julgávamos sepultados.

A concepção induzida da inevitabilidade de uma única via que tem castrado a democracia como a conhecíamos até então, deixou a sociedade portuguesa numa precariedade que afronta os valores de Abril e o que foi edificado desde 74.

A emigração, o desemprego e a fome em massa – a miséria – pertencem a um passado que os portugueses não queriam recordar, mas que foram – e são – obrigados a viver.

Numa altura em que o país atravessa uma das mais graves crises dos últimos 40 anos e em que a política se encontra descredibilizada, torna-se árdua a tarefa de cativar o povo para algo que é seu por direito: o debate e a participação pública.

O que nos leva, ainda assim –enquanto povo-, a querer participar num jogo que parece já perdido à partida, é um sentimento patriota que supera todos os sentimentos de apatia, de indiferença, de impotência perante um cenário catastrófico que parece impossível de inverter. É a certeza de que não queremos ser parte do problema, mas sim da solução; a consciência de que a política e os partidos são feitos de pessoas e influenciados por elas.

A democracia conquistada em 1974 delegou no povo e nos seus representantes um poder que acarreta elevado sentido de responsabilidade. Urge o debate construtivo de ideias, planos e alternativas e o abandono de discursos derrotistas e de picardias partidárias que descredibilizam os partidos e que afastam os cidadãos da participação política. Não podemos, no entanto, compactuar com o que vai contra os princípios que consideramos fundamentais numa sociedade, os ideais de Abril. Dever-se-ão denunciar os insucessos de medidas que têm por objectivo a destruição do Estado Social tal como o conhecíamos e que fazem com que ter uma vida digna em Portugal seja um desafio difícil de vencer.

Existem outras vias e quem as nega pretende perpetuar o clima apático e inerte de um povo debruçado sobre os seus próprios problemas e por isso incapaz de se preocupar com o futuro ou o rumo do seu país, tentando sobreviver apesar das adversidades e emigrando, não por opção, mas por inexistência de alternativas.

A qualidade da classe política de um país depende do seu povo. Um povo sem esperança, que se sente refém de uma elite conspurcada por interesses que não os seus, não se pode abster de exercer o mais básico princípio democrático: o voto. O voto local, o voto nacional e o voto europeu, que se assume actualmente tão relevante, influente e determinante quanto os restantes.

O rejuvenescimento político do país e da Europa só acontecerá através de uma maior participação da sua população nesse processo. Devemos isso a Portugal. Devemos isso a Abril. O processo não passa somente pelas mesas de voto, mas também pela participação activa nos órgãos onde todos os cidadãos têm o direito de estar presentes e de fazer a sua voz ser ouvida. Passa pelo acompanhamento rigoroso do que é feito e de como é feito nos partidos nos quais depositam a sua confiança.

Agir local, pensar global: os pequenos passos que damos nas nossas autarquias são fundamentais, nomeadamente na gestão Municipal, em que todas as reuniões da Câmara Municipal de Loulé passaram a ser públicas, permitindo a participação e envolvimento dos nossos munícipes na gestão da coisa pública. Nunca é tarde, nem cedo de mais para fazer o que é certo, envolvermo-nos e sermos parte da solução, dando (de autarquia em autarquia) um Novo Rumo a Portugal.

Abril ensinou-nos que nenhuma realidade, por mais negra que seja, é eterna ou imutável. Para os socialistas, o 25 de Abril será sempre o dia da utopia, que se cumpre lutando por mais prosperidade, justiça social, solidariedade, liberdade e democracia. Façamos jus aos ideais! Concretizemos Abril!

Viva a Democracia!  Viva o 25 de Abril!  Viva Portugal!

Loulé, 25 de Abril de 2014

Rebeca P. Martins – Deputada Municipal Socialista

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