Artigo de Opinião de Jorge Matos Dias
Ontem à noite, na Assembleia de Freguesia, a propósito do saldo positivo de 73100,00 euros do exercício de 2013, ouvi David Pimentel, membro do executivo da junta, dizer que “temos de devolver às pessoas aquilo que é delas. A junta de freguesia não tem que ter lucro”.
Eu já estava a perder a esperança. Afinal, parece que sempre vale a pena ter confiança no futuro. Vivemos tempos perversos em que as orientações do Governo Passos/Portas vão no sentido de os organismos/serviços públicos enveredarem por práticas empresariais. Tudo tem que dar lucro. Pagamos a Educação, pagamos a Saúde, pagamos a Justiça, pagamos tudo. Até se pode aceitar. Pague-se tudo. Mas, nesse caso, então deixamos de pagar impostos. Como as coisas estão, venho fazendo a mesma pergunta mas ainda não obtive resposta: “Para que é que pagamos impostos?”. Para pagar a dívida, dirão. Sim, pague-se a dívida. Mas não “custe o que custar”, como diz Passos Coelho. A dívida sim, mas juros obscenos não. Depois de serem governantes, lá são eles requisitados pelos donos do dinheiro a quem pagaram (com o nosso dinheiro) os juros obscenos.
Neste contexto, ouvir um político dizer que o setor do Estado não tem que ter lucro, faz renascer em mim a esperança que já tinha perdido. Ainda por cima, no movimento certo: de baixo para cima. Parte de uma junta de freguesia. É uma grande satisfação para mim que seja da Junta de Freguesia de Quarteira, terra que eu amo. Agora, é preciso que tal ideia se dissemine por todo o espaço nacional, contagiando outras juntas de freguesia e outras câmaras para mostrar aos (ir)responsáveis deste país qual o caminho que deve ser seguido (leia-se, baixa de impostos). Só assim se atraem os investidores, se criam novas empresas, novos postos de trabalho e se aumenta a receita fiscal (muito mais pessoas a pagar muito menos). Aliás, penso ter sido a primeira pessoa do mundo, até prova em contrário, a afirmar que quanto mais sobem os impostos mais desce a receita fiscal. Afirmei-o no TUGALIKS em resposta ao primeiro ministro Pedro Passos Coelho em março de 2012, há mais de 2 anos. Mas ninguém me ligou.
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