Realizou-se no passado dia 9 de junho a apresentação do projeto de requalificação da Escola Básica do 1.º Ciclo de Alcantarilha, sob o tema: “A escola pode ser um sítio melhor para crescer e porque a comunidade tem, cada vez mais, um papel determinante no desenvolvimento das estruturas que importam. E nesse pressuposto, a Direção da Associação de Pais do Agrupamento de Pais de Silves Sul, que integra as escolas de Armação de Pêra, Pêra e Alcantarilha, do concelho de Silves, desafiou as crianças da Escola Básica do 1.º Ciclo de Alcantarilha a “sonhar” com a sua escola ideal e, com o apoio dos alunos de arquitetura do ISMAT, fez-se a projeção desses sonhos.
Tal desafio, ou seja dar a conhecer o projeto SOS Escolinha e, igualmente, as ajudas à Associação de Pais do Agrupamento Silves Sul para que esse sonho se torne realidade.
A «Algarve Mais» esteve presente e falou com o Presidente da Direção da Associação de Pais do Agrupamento de Pais Silves Sul, Jorge Manuel Cardoso Gomes, 43 anos, formação académica a nível de engenharia mecânica e residente na freguesia de Pêra e pai de três filhos menores.
No lançamento do Projeto “SOS Escolinha”, Jorge Gomes destacou que os projetos apresentados têm como objetivo principal a requalificação da parte exterior da Escola EB1 de Alcantarilha, já que todo o espaço lúdico exterior é de terra, com a agravante de que quando chega o inverno as coisas pioram e as crianças têm a lama e as poças de água como companhia e sem nenhuma zona coberta no exterior, que os proteja do Sol e da chuva, “relembro ainda que a escola não dispõe de um ginásio ou zona coberta para a prática de atividade física. Nós sabemos que existe um projeto para esta escola, mas também sabemos que se não foi feito até agora muito dificilmente será feito a curto prazo, devidos aos sucessivos cortes orçamentais e a manter-se a situação presente, não há condições de as crianças gozarem em pleno e em segurança a hora do recreio”.
Nesse sentido, e segundo asa suas palavras, após uma breve caraterização fotográfica exterior ao edifício, “esta associação de pais tomou a iniciativa de contactar o Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes em Portimão, no sentido de junto deles saber se seria possível elaborarem um projeto de requalificação para o espaço exterior da Escola EB1 de Alcantarilha”, referiu Jorge Gomes, acrescentado que nesta fase de projeto. “Quem deu o mote foram as crianças, cada uma delas elaborou um desenho do seu ideal de escola e os futuros arquitetos agarraram nestas ideias e com os seus conhecimentos fizeram os seus projetos. Ficamos extremamente satisfeitos com a abertura por parte deste Instituto quer na aceitação da proposta quer no empenho, importância e dedicação que deram a este projeto, projeto que também é deles. Maior surpresa, foi o resultado final dos diferentes projetos apresentados, em que não tivemos um único projeto, mas sim 17 projetos, elaborados pelos alunos do quarto ano do mestrado integrado de arquitetura, supervisionado pelos professores arquitetos Luís Conceição e Rui Sambado”. Jorge Gomes sublinhou aos presentes os quão agradados e surpreendidos em cada projeto apresentado e pela sensibilidade que os alunos tiveram ao elaborarem este projeto não deixando nada ao acaso. Devido a esta obra ser concretizada com a colaboração da comunidade os projetos foram criados com soluções de baixo custo económico. Foram criados espaços coloridos, com formas dinâmicas, com propostas amigas do ambiente, não esqueceram a posição do Sol para tirar mais partido da exposição solar, pavimentos coloridos e impermeáveis para evitar inundações. “O facto de se estar no Algarve e de se ter três meses de inverno e nove de bom tempo teve o seu peso na elaboração das coberturas sendo algumas amovíveis e ainda da maioria dos pais dos alunos desta escola, já a terem frequentado enquanto alunos e de não ter havido melhorias desde então”, disse Jorge Gomes, sublinhando, igualmente. “Sabemos que a comunidade está empenhada na concretização deste projeto agora para os filhos amanha para os irmãos destes. Bem como, ser conhecida a união das pessoas desta terra sempre que se faz algo para elas e isso nos leva a crer que este projeto não ficará no papel”. A finalizar a apresentação do “Projeto SOS Escolinha”, Jorge Gomes anunciou que existe um outro projeto “SOS Pais” que consiste ter uma base de dados de pais disponíveis. “Nas suas diferentes áreas profissionais, para colaborar com a associação de pais, com a escola ou com a comunidade. A título de exemplo, quando a associação tomou conhecimento que só havia uma casa de banho a funcionar, imediatamente tomou diligências e houve um pai canalizador de profissão, que se voluntariou para fazer a sua reparação”.
Agrupamento de Escolas – Silves Sul
Para se ficar a conhecer o universo deste agrupamento de escolas, Jorge Gomes começou por informar: “Que o Agrupamento de Escolas – Silves Sul, estende-se pelas freguesias de Algoz, Alcantarilha, Armação de Pêra, Pêra e Tunes, do concelho de Silves, abrangendo todos os seus estabelecimentos de ensino, a saber: Escola E.B. 2,3 de Armação de Pêra (escola sede); Escola E.B. 2,3 de Algoz; Unidade Educativa de Alcantarilha/Pêra (Escola E.B. 1 / J.I. de Alcantarilha e Escola E.B. 1 / J.I. de Pêra); Unidade Educativa de Algoz/Tunes (Escola E.B. 1 / J.I. de Algoz e Escola E.B. 1 / J.I. de Tunes); Unidade Educativa de Armação de Pêra (Escola E.B. 1 / J.I. de Armação de Pêra).
No total de 12 escolas, cinco do Jardim de Infância, cinco EB1 e duas EB 2,3 do ensino básico”, adiantando que frequentam este Agrupamento aproximadamente 2000 alunos, distribuídos pelo ensino pré-escolar, 1º ciclo, 2º ciclo e 3º ciclo do ensino básico, e em turmas de ofertas formativas alternativas, com idades compreendidas dos três anos aos 18 anos no ensino diurno”.
Em jeito de balanço, o Presidente do Agrupamento diz que, “neste curto espaço de tempo em que presido a esta associação de pais, é um balanço positivo”.
Jorge Gomes destaca que muitas das iniciativas e projetos que esta associação tenha obtido sucesso, em muito se deva à participação da comunidade em geral, “considero que a falta de associativismo e participação dos pais na associação e na vida escolar dos filhos, seja o aspeto mais negativo que tenho vindo a deparar. Infelizmente, a maioria dos pais não vê a associação como seu representante, procurando só esta quando têm problemas, ou de difícil resolução”.
A falta de participação dos pais na associação de pais é cada vez maior, segundo as palavras do presidente. “Nós pretendemos mudar um pouco a ideia que persiste na maioria da cabeça dos pais, que as associações de pais só existem para solucionar problemas. Pretendemos enquanto associação, não só ter uma participação de qualidade, junto da direção do agrupamento e da comunidade em geral, para conjuntamente encontrarmos soluções aos problemas que surgem no dia-a-dia”.
A Associação tem participado em iniciativas e projetos em prol dos alunos e para a comunidade em geral, exemplo disso, participou este ano no carnaval com um carro alegórico, participou também num Sarau Gímnico e agora este último projeto SOS Escolinha, que é um projeto que irá levar algum tempo a ser concretizado. Prosseguindo na sua explicação, Jorge Gomes adiantou: “Basicamente pretende-se mostrar que ao juntar as sinergias de toda a comunidade podemos desenvolver várias ações, atividades e projetos em benefício de todos. Faço questão de salientar que esta associação não recebe apoios monetários de nenhuma entidade nem dos pais, sendo que todas as despesas inerentes são por conta dos membros”.
A Associação “por dentro” e “por fora”
“As principais e as maiores preocupações dos pais surgem no início do ano letivo, sobretudo, com os pais recém-chegados ao agrupamento. As dúvidas e preocupações são comuns a todos, a alimentação, segurança e vigilância são as três maiores preocupações sempre que se inicia um ano letivo, para além das AEC’s para os alunos do primeiro ciclo”, diz o Presidente da Associação de Pais do Agrupamento Silves Sul, Jorge Gomes, adiantando que este agrupamento é um dos dois no Algarve com contrato de autonomia, e que em muito veio facilitar as tomadas de decisão e resolução dos problemas em tempo útil que vão surgindo no dia-a-dia. Assim, à semelhança de todos os anos no início do ano letivo, surgem problemas com as AEC’s, “contrariamente aos outros anos em que neste agrupamento faltavam professores para estas atividades de enriquecimento curricular, este ano as AEC’s e o prolongamento no pré-escolar, estiveram na eminência de serem interrompidas por falta de auxiliares, para além de outras medidas drásticas em que a direção do agrupamento teria de ser forçada a tomar, uma vez que 12 dos contratos a termo resolutivo terminavam depois do ano letivo se ter iniciado e a autarquia não lhes poder renovar”.
Este foi um dos maiores problemas com que a Associação de deparou no início do ano letivo e com todos os problemas que esta redução de funcionários acarretava para o agrupamento e dos constrangimentos que isso provocava no quotidiano das escolas e na segurança dos alunos. Aliás, essa situação levou a que a direção do agrupamento se tenha reunido com caracter de urgência com a associação de pais, Delegação Regional de educação do Algarve, autarquia e juntas de freguesia, sendo que foram estas últimas a solucionar o problema, embora provisoriamente, salvaguardando a limpeza em alguns estabelecimentos de ensino e na substituição das auxiliares recorrendo aos POC através do IEFP.
“Caso esta situação não fosse solucionada desta forma, este agrupamento corria o risco de no segundo período letivo as aulas não se iniciarem”, esclarece Jorge Gomes.
A relação com professores, pessoal do apoio educativo, coordenadores de cada estabelecimento de ensino e direção, tem sido desde sempre ótima e sido muito cooperante, segundo as palavras de Jorge Gomes.
As queixas dos professores, alunos e pessoal auxiliar
Embora se considere que este é um dos melhores agrupamentos do Algarve, “está longe de ser perfeito”, sublinha o presidente da Associação e segundo o mesmo: Ao longo dos anos a manutenção dos edifícios tem sido menosprezada, a falta de zelo por parte dos alunos em alguns equipamentos escolares, o desgaste dos materiais, ou a sua não reparação em tempo útil leva a que muitas das vezes o problema se agrave e muito. Acrescente-se, ainda, a resposta tardia da autarquia na disponibilização de material ou a sua não rápida reparação leva por vezes a situações alarmantes. “Exemplo disso foi que neste agrupamento já ter acontecido em que as torneiras da casa de banho dos alunos e os autoclismos não estarem a funcionar na sua totalidade e de só haver uma casa de banho operacional. Por vezes a solução é simples e nós pais podemos ter a solução para uma situação ou outra, já que cada um de nós nas suas diferentes profissões podemos colaborar na resolução de algo que surja e não deixar chegar ao limite”, explica Jorge Gomes, prosseguindo: “Penso que uma das principais lacunas aos olhos dos pais é os poucos funcionários que este agrupamento dispõe, e todos os problemas para a escola e segurança dos alunos que possa advir daí, sobretudo em caso de faltarem por doença, baixa de maternidade ou apoio a família, sendo que, uma das principais queixas dos professores e dos funcionários é a indisciplina de alguns alunos, o que já de si é preocupante devido ainda à sua tenra idade, e a falta de acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos e isso reflete-se no seu comportamento e nos resultados escolares”.
O futuro ano letivo
Em final desta conversa informal, quisemos saber o que pensa o Presidente da Direção da Associação de Pais do Agrupamento de Pais Silves Sul, Jorge Gomes e também como pai. “Em termos de Associação não vejo que as coisas possam ser muito diferente do que tem sido até agora, mas se no próximo ano letivo houver pais mais participativos, colaborantes e que sintam que a escola é dos seus filhos e é também para eles, com certeza surgirão muitos mais projetos, ações e atividades que se possa desenvolver em conjunto”, refere sem hesitações.
Todos os dias surgem comentários negativos, manifestações contra o sistema de ensino, nomeadamente contra a tutela do Ministério da Educação, e de imediato, Jorge Gomes, comentou: “Fiquei um pouco dececionado com algumas medidas tomadas por este ministério. Infelizmente este ministro ou outro que já lá tenha estado ou que lhe suceda, verá os interesses dos alunos em primeiro lugar, embora todos eles digam ao contrário. Atendendo, que este não é nada mais que um cargo político e também ele siga diretrizes é impossível satisfazer a todos, levando-me a crer que tudo já esteja pensado a longo prazo e tudo isto não seja nada mais do que algumas peças do puzzle que já está preparado não deste ministério mas para este ministério”.
Texto João Pina
Fotos Maria José Santos
Categorias:Silves









