Foi assinado esta manhã de quarta-feira, 24 de setembro, no Centro Autárquico de Quarteira, o auto de consignação da empreitada “Requalificação Urbanística da Zona Costeira Poente de Quarteira-Vilamoura”, mais conhecida por “Passeio das Dunas” (Fase 1), um dos mais importantes projetos de reabilitação urbana previstos para o Concelho de Loulé.

Após a assinatura, o autarca de Loulé, Vítor Aleixo, realçou que “não é normal, num ambiente tão formal, assim nestes termos, quando uma obra é consignada. Mas esta não é uma obra qualquer. Por isso, quisemos, com alguma circunstância e pompa, até, sublinhar a importância desta obra. Este é um dia aguardado há muitos anos na cidade de Quarteira. Lembro-me ainda, no já longínquo ano de 2001, em novembro, quando, uma das minhas últimas decisões, quando, na altura, exercia funções como presidente de câmara, ter decidido levar a reunião de câmara a proposta do Plano de Pormenor de ligação de Quarteira a Vilamoura, o qual previa a execução desta obra. Quis o destino que, 13 anos depois, fosse eu a estar aqui novamente com funções de presidente de câmara a dar início, formalmente, ao arranque da obra”.

O edil louletano recordou: “Foram praticamente 13 anos em que entre decisões, avanços, recuos, hesitações, concursos de ideias, o Tribunal de Contas, pelo meio, a fazer perguntas e a fazer escorregar os prazos, enfim, toda uma série de coisas que aconteceram neste espaço de tempo fez com que tivesse demorado tanto tempo e que só agora possamos assistir ao arranque da obra”.

Ainda segundo Vítor Aleixo, “Quarteira e Vilamoura vão, finalmente, estar fisicamente ligadas enquanto pólos urbanos e por uma obra pública de grande qualidade. Aquela ideia de que Quarteira é uma coisa e Vilamoura é outra, com categorias distintas, esta obra vai permitir dar mais um passo no sentido de ligar dois pólos urbanos que só socialmente foram separadas mas nós queremos, para o futuro, uni-las cada vez mais e com obras deste tipo, de grande qualidade. Ganha Vilamoura, ganha Quarteira e ganham todas as pessoas que fazem desta terra um destino de férias de grande qualidade no Algarve e no país e ganham, naturalmente, os quarteirenses e os residentes em Vilamoura”, desejando “à empresa que ganhou a obra, a António Saraiva e Filhos, sucesso na condução desta obra e que tudo possa correr bem, que é o que todos nós desejamos”.

A terminar, o autarca enfatizou: “O presidente da câmara e o presidente da junta são hoje dois homens felizes por verem arrancar finalmente uma obra há tanto tempo desejada. Espero estar aqui ao lado dentro de pouco mais de um ano a inaugurar a obra e que ela seja um motivo de orgulho para todos nós”.

Em declarações exclusivas ao PlanetAlgarve, o presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto, recordou: “Eu sou das pessoas que assistiram a esta zona como sendo o Bairro dos Pescadores. Independentemente de alguns pensarem que era uma zona de criminalidade, não concordo. Acho que era mais poucas condições de salubridade. Havia aqui muitas barracas e hoje, olhar para aqui e ver isto requalificado, vai ser um sonho. Esta barreira que existe entre Quarteira e Vilamoura não tem razão de ser porque acho que Quarteira beneficia com Vilamoura e Vilamoura beneficia com Quarteira. Vilamoura é um resort de luxo da freguesia de Quarteira e aquele tipo de turismo, o target, o público-alvo que temos ali é completamente diferente daquilo que temos em Quarteira. Portanto complementam-se. Portanto, isto é um sonho tornado realidade. É olhar para aqui e ver a câmara investir em Quarteira, uma cidade e uma freguesia maior e geradora de mais riqueza que muitos concelhos. Portanto, deve ser olhada, não digo com um olhar diferente mas à dimensão daquilo que é a freguesia de Quarteira e de acordo com as suas necessidades. Então, eu e os quarteirenses ficamos, com certeza, muito contentes por olhar e ver este investimento da câmara aqui porque precisamos sempre de mais investimento”. Por outro lado, esta ligação pode fomentar a vinda à cidade de mais turistas de Vilamoura, com outro poder de compra. Telmo Pinto sublinha que a sua vinda “já existe. Gostam de vir à praça do peixe, aos restaurantes típicos. No entanto, com esta ligação, torna-se mais fácil. Parece que atravessamos aqui uma zona de deserto, abandonada e agora vai tornar-se mais convidativo, com passeios pedonais, espaços verdes, com uma qualidade completamente diferente. É um projeto que parte aqui de Quarteira e vai sempre a direito até Vilamoura, sem barreiras, e isso torna-se sempre mais fácil para todos”. Será esta, a par do Calçadão, a obra mais importante para Quarteira? Telmo Pinto considera: “É sem dúvida, até pela expetativa criada. Tal como o nosso presidente referiu, levou 13 anos para arrancar, desde que se pensou até agora. Isto não pode acontecer. Não se pode esperar tanto tempo por este tipo de investimentos porque, entretanto, em 13 anos houve uma evolução enorme nesta terra. A evolução que se regista nesta freguesia é completamente diferente daquela que se regista noutros sítios e, então, 13 anos para um projeto, é uma maluquice completa. O que nós, quarteirenses, queremos trazer para Quarteira é mais investimento e mais rápido e, aí, temos neste momento uma câmara que está voltada para Quarteira, tem projetos para apresentar para Quarteira e é isso que nós queremos. Sermos decisivos nesses projetos e que se concretizem com muita rapidez”.

Sofia Pontes, arquiteta da autarquia louletana, também falou em exclusivo ao PlanetAlgarve sobre este projeto: “Trata-se de um projeto de espaço público, tornar esta área pedonal e para usufruto da população. É uma área de estadia, onde se vai usufruir da praia, caminhar sem termos sempre os carros a atravessarem-se no caminho e sem parques de estacionamento. No fundo, o objetivo é devolver esta área à população e fazer um espaço de lazer agradável”, destacando como pontos mais significativos “a existência de vegetação, pontos de sombra, bancos de estadia e também haverá a possibilidade da prática desportiva. No início, terá uma área com campos de jogos mas está numa área que será a área do futuro mercado, que também está numa fase de arranque. No fundo, trata-se de um espaço livre que as pessoas podem utilizar. É um pouco a continuação do Calçadão de Quarteira em que podemos escolher os nossos caminhos dentro desta área que nos é oferecida”. Em termos de animação, Sofia Pontes refere que “podem acontecer eventos pontuais que aqui possam ser realizados. Animação fixa não”.

No final da cerimónia de assinatura, Vítor Aleixo convidou o seu executivo municipal, os técnicos responsáveis pelos trabalhos e demais convidados para uma visita ao local para acompanharem o arranque da obra.

Com esta intervenção, realizada em 17,7 hectares, pretende-se criar um passeio marginal que ligue Quarteira a Vilamoura, com a criação de espaços verdes, privilegiando a circulação pedonal e de ciclistas, criando espaços de lazer, valorizando e reabilitando o contacto com o mar e funcionando como um novo ponto de atração, tendo presente a envolvente construída e em construção e a valorização do acesso às praias com as quais confina a sul e que constituem o principal “espaço lazer” destas zonas.

A zona de requalificação desenvolve-se entre a Rua da Armação, em Quarteira, e o Hotel Crowne Plaza (ex-Hotel Atlantis), sendo delimitada a sul pelas praias e pelo Porto de Pesca de Quarteira e a norte pela Vala Real, sendo que o projeto prevê igualmente a resolução deste problema com a sua cobertura parcial.

Com esta intervenção, procura-se, fundamentalmente, alterar o carácter da zona, um local atualmente vago, terra de ninguém, num espaço público requalificado mas que seja também pólo promotor de fluxos entre as diversas zonas urbanas e as praias.

Estima-se que os trabalhos tenham uma duração de 13 meses, ou seja, a sua conclusão será previsivelmente em outubro de 2015. A obra tem um custo de aproximadamente 3 milhões de euros.

Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve