Quarteira

Centro de Saúde de Quarteira assinala Dia da Diabetes e lança alertas

A Unidade de Saúde de Quarteira assinalou no dia 28 de novembro o Dia Mundial da Diabetes. A data foi assinalada ao longo de toda a manhã com uma sessão de educação para a saúde, orientada pelos 3 enfermeiros responsáveis pela Diabetes nesta unidade, Sara Zorrinha, Cláudia Martins e Nuno Andrade, com coordenação do Dr. Pedro Teigão, coordenador da Unidade de Saúde de Quarteira e Enfermeira Sandra Silva. Paralelamente, decorreu um Rastreio da Diabetes.

A sessão, que registou sala cheia, foi dividida em 3 partes: O que é a Diabetes, Pé Diabético e Avaliação de Glicemias.

O Dr. Pedro Teigão fez a introdução da sessão, sustentando que “estamos mergulhados em trabalho. Os médicos que temos são metade dos necessários”. Por outro lado, “na Diabetes, o trabalho tem sido o melhor possível e os resultados também são bons”.

Os enfermeiros referiram que a Diabetes está a crescer de forma acelerada no Algarve, o que é alarmante, pois a Diabetes, que em muitos casos não é diagnosticada, é responsável por situações que podem ser fatais, tais como AVC (Acidentes Vasculares Cerebrais), Enfartes Agudos do Miocárdio, entre outras. A principal causa da Diabetes Tipo 2 é o excesso de peso ou obesidade e o sedentarismo.

Foi ainda referido que muitos doentes, quando se deslocam aos serviços de saúde devido a determinados sintomas, manifestam a sua indignação por saírem de lá com Diabetes, ignorando que já eram diabéticos sem o saberem, por a doença não ter sido diagnosticada antes, uma vez que não se manifesta através de sintomas nem provoca dor.

O diagnóstico é feito através dos sintomas que a pessoa manifesta e é confirmado com análises de sangue. Outras vezes podem não existir sintomas e o diagnóstico ser feito em exames realizados por outra causa.

Os sintomas relacionados com o excesso de açúcar no sangue aparecem, na diabetes tipo 2, de forma gradual e quase sempre lenta e silenciosamente. Por isso, o início da diabetes tipo 2 é muitas vezes difícil de precisar.

Os sintomas mais frequentes são a fadiga, poliúria (urinar muito e com mais frequência), polifagia (muita fome) e polidipsia (sede excessiva). Muitas vezes, o doente não apresenta estes sintomas (ou dá-lhes pouca importância) e o diagnóstico é feito por análises de rotina.

As análises mostram uma quantidade de açúcar no sangue aumentada (hiperglicemia) e aparece açúcar na urina (glicosúria).

A equipa de saúde procurou transmitir que os doentes são os únicos responsáveis pelo controlo da doença, uma vez que depende dos seus hábitos de vida, sendo fundamental uma alimentação saudável e exercício físico, bem como outros cuidados relativamente a vestuário e calçado. Este aspeto revelou-se de extrema importância, uma vez que provoca uma transferência de responsabilidade dos médicos para os doentes, que, assim, puderam tomar consciência daquilo que fazem mal e daquilo que devem fazer para controlar a doença, que é crónica mas que pode ser controlada.

Portanto, é importante que o diabético conheça bem o seu tipo de Diabetes. Só dessa forma pode cumprir e melhorar o tratamento. A maneira como lida com a sua doença será o principal fator de sucesso no seu tratamento.

O tema do Pé Diabético viria a revelar-se igualmente esclarecedor, sendo um aspeto fundamental na deteção de sintomas da evolução da doença. Na ausência de tratamento atempado e adequado, pode levar à amputação de pés, sendo que o Algarve e o Alentejo são as regiões do país onde mais casos de amputações se verificam. Segundo os dados já disponíveis, em 2010, foram efetuadas 11 amputações no Algarve, 3 das quais em Quarteira.

A enfermeira Sara Zorrinha anunciou que pretende que em 2015 a Unidade de Saúde de Quarteira possa iniciar a Consulta do Pé Diabético, 2 vezes por semana, de forma a melhor vigiar a problemática do Pé Diabético.

A iniciativa contou com o apoio da Junta de Freguesia de Quarteira, Padaria do Semino, Frutas Bica e diversos laboratórios que disponibilizaram máquinas medidoras de glicemia e fitas.

Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve

Saiba mais sobre a Diabetes

Sintomas

Os sintomas da Diabetes são causados pelas quantidades de açúcar no sangue. Podemos ter sintomas associados ao aumento dos níveis de açúcar (Hiperglicemia) ou à diminuição dos níveis de açúcar (Hipoglicemia).

Hiperglicemia

Dá-se o nome de glicemia à quantidade de glicose no sangue. Ao aumento excessivo da glicemia, chama-se Hiperglicemia.

A diabetes é uma doença que se caracteriza pela hiperglicemia, que se deve, em alguns casos, à insuficiente produção de insulina pelo organismo, noutros casos, à insuficiente ação da insulina e, frequentemente, à combinação destes dois factores.

As pessoas sem diabetes devem ter uma glicemia entre 80 e 110 mg/dl antes das refeições e entre 110 e 140 mg/dl depois das refeições.

A Diabetes em Portugal nos últimos anos

Saiu, no final de novembro, o relatório do Observatório Nacional da Diabetes 2013 – Diabetes factos e números.

Este documento permite-nos ter uma visão alargada sobre a diabetes e o seu impacto, quer em 2012, quer nos últimos anos.

A prevalência total da diabetes em 2012 foi de 12,9% na população entre os 19 e os 79 anos, mais 1,2% que em 2009, sendo que 7,3% corresponde aos casos de diabetes diagnosticados e 5,6% aos casos não diagnosticados. É possível observar uma relação direta entre o aumento da prevalência da diabetes e o envelhecimento da população, mais de um quarto da população portuguesa com idade entre os 60 e os 79 anos tem diabetes.

No ano de 2012, estimou-se a existência de 501 novos casos de diabetes por cada 100.000 indivíduos e foram registados 110.000 novos casos nos Cuidados de Saúde Primários em Portugal.

Quanto à Diabetes tipo 1 em crianças e jovens, em 2012 esta atingia 3196 pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 19 anos, este valor corresponde a 0,15% da população nesta faixa etária. A Diabetes tipo 1 tem aumentado significativamente nos últimos 10 anos, embora com uma quebra ligeira em 2011. Em 2012 foram registados 16,8 novos casos por cada 100.000 jovens (idades entre os 0 e os 19 anos).

No que diz respeito à diabetes gestacional, este tipo de diabetes ocorre durante a gravidez, em mulheres que não tinham diabetes prévia. Habitualmente, desaparece quando esta termina, sendo que, sem os cuidados adequados, a diabetes gestacional pode evoluir para uma diabetes tipo 2. Em Portugal Continental, no ano de 2012, a prevalência de diabetes gestacional foi de 4,8%. No entanto, é importante sublinhar que este valor refere-se apenas a gestantes que utilizaram o Sistema Nacional de Saúde.

A Diabetes continua a assumir um papel significativo nas causas de morte, tendo o seu peso vindo a diminuir nos últimos anos, em grande parte devido à melhoria contínua nos cuidados de saúde.

Em 2012, a Diabetes representou mais de 7 anos de vida perdida por cada óbito por diabetes na população com idade inferior a 70 anos.

Quando olhamos para os internamentos e o recurso aos hospitais, a Diabetes continua a ter um lugar de destaque. O número de doentes saídos de internamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde com diabetes como diagnóstico principal tem estabilizado nos últimos anos. Por outro lado, o número de doentes saídos dos internamentos em que a Diabetes surge como diagnóstico associado tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos, tendo-se registado um aumento de 78,5% entre 2003 e 2012.

Um dos maiores problemas da Diabetes são as suas complicações, que são, muitas vezes, decorrentes de um mau controlo metabólico.

A Diabetes continua a ser uma das principais causas de amputações dos membros inferiores, devido às suas complicações a nível circulatório. O número de amputações dos membros inferiores por Diabetes aumentou cerca de 9% face a 2011.

A prevalência de Diabetes nas pessoas com insuficiência renal crónica, que fazem hemodiálise, bem como o aparecimento de novos casos, aumentou significativamente entre 2007 e 2012.

Olhando para os internamentos por AVC (acidente vascular cerebral) e enfarte agudo do miocárdio, 28% dos internamentos por AVC foram em pessoas com diabetes e 31% dos internamentos por enfarte agudo do miocárdio foram de pessoas com diabetes.

Se olharmos para o custo que a Diabetes representa para o País, podemos ver que foram gastos entre 1200 e 1500 milhões de euros com a Diabetes, mais 50 milhões que no ano anterior e, em 2012, a diabetes representou cerca de 0.9% do PIB português.

Estes dados devem servir de alerta para a necessidade de educar a população na área da Diabetes, não só para prevenir novos casos mas também para controlar de forma eficaz, reduzindo as complicações nos casos já existentes.

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