Composto por Inês Rosa, Margarida Guerreiro e Teresa Silva (o terceiro ciclo de uma geração de mulheres/moçoilas), o grupo algarvio Moçoilas nasce da vontade de reacender e recuperar os cantos do Sul, mais precisamente da região do Algarve. Esquecidos ou escondidos no tempo e nas profundezas de uma serra repleta de sons, cheiros, cores e saberes únicos, estes cantos fazem parte e representam uma grande parte do nosso patrimônio cultural, refletindo a alma e as tradições de uma Serra do Caldeirão, onde o canto sempre foi uma identidade nacional.
Reinterpretando muitos dos antigos temas e enriquecendo-os com a sua própria energia, modificando uns, apropriando-se de outros e preparando caminho para novas melodias e novas canções, o grupo Moçoilas está de parabéns, comemorando 25 anos de uma prestigiada e longa carreira, repleta de aventuras, sucessos, experiências e partilha de memórias. E nada melhor do que celebrar esta data com o lançamento de um novo álbum, que dá pelo nome de “Atão, Porque Não?”.

Regressando à Serra Mãe deste projeto, este álbum reata vivências, traz à luz as vozes das mulheres desta serra e reacende memórias de outros tempos. Tempos de vivências pesadas, mas agora reavivados sob a forma de novas e alegres sonoridades, que não esquecem os desalentos da vida, mas que os transformam no reflexo de uma força e tenacidade, próprias das mulheres do Sul.
O som emergente renasce da necessidade de se continuar a fazer ouvir e afirmar as sonoridades de base, da raiz, da terra e de uma cassete desencantada no fundo de um baú, onde se descobriram sons e cantares recolhidos nos anos 90, nas localidades de Currais e Cachopo. Um mix criativo, onde o tradicional e o moderno se unem pela voz das Moçoilas, acrescentando outras cantigas que têm acompanhado o grupo, mas ainda não editadas, e outras novas, eternizando alma dos cantos da serra.
Alinhamento do álbum:
- Atrás D’Um Dia Vem Outro – Cantiga recolhida em Currais, preservada em cassete. As últimas 4 quadras acrescentadas pelas Moçoilas para contextualizar o canto.
- Camponesa – Tema cuja melodia e verso inicial é habitualmente cantado no Alentejo. Nesta versão, adapta-se à região algarvia falando do campo, do barro, barrocal e serra. Recolhida da Ti Graciana do Sítio da Gracía.
- Altinho – Foi juntado o tema habitualmente cantado no Alentejo com o “Altinho, cantado pela D. Dilar. De Cachopo, esta versão é mais solta e divertida.
- Arrimadinha – Cantiga criada pelas Moçoilas em 2010.
- Atão Porque Não? – Cantiga cantada (e chorada) pela Tia Maria José Rita dos Curais, ligando a serra e o mar.
- Hã!? – Cantiga encontrada em Cachopo, na voz da D. Etelvina.
- Grito – Letra Jacinto Lucas Pires; Música: Margarida Guerreiro, Teresa da Silva e Inês Rosa.
- Luisinha – Cantiga ensinada pelo Sr. Florival Baptista Prazeres de Casével, em Castro Verde, no ano 2000.
- Pera Madura – Cantiga alentejana que foi maturando ao longo dos anos.
- Primavera à Flor De Um Ano – Cantiga recolhida em Currais, Cachopo.
- Bate Certo – Cantiga aprendida com as Mondadeiras das Barrosas, que a dançavam. Foram acrescentados uns versos de despique.
- O País – Letra Jacinto Lucas Pires; Música: Margarida Guerreiro, Teresa da Silva e Inês Rosa.
- Dá-me um Beijo Rosa – Cantiga recolhida em Currais, Cachopo.
- Mulher Tecedeira – Quadra conhecida por todos na Serra do Caldeirão e Alentejo.




