
A Rede 8 de Março é uma plataforma nacional que reúne coletivos, associações, partidos e pessoas a título individual mobilizadas na construção da Greve Feminista de 8 de Março de 2020 em Portugal. O ano passado juntámos 30 mil pessoas nas manifestações deste dia, por todo o país e cinco sindicatos chamaram à greve feminista internacional.
Este ano voltamos a convocar Greve para dia 8 de março, nas ruas e nas praças de várias cidades – Aveiro, Amarante, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Lisboa, Ponta Delgada, Porto, Viseu, Vila Real – para lutar contra a discriminação, violência e desigualdade que persiste nas ruas, nas escolas, nos locais de trabalho, na justiça e na proteção das vítimas de violência de género. Portanto, nossa luta é para exigir mudanças!
A nossa convocatória vai além de uma greve tradicional – ou seja laboral -, as nossas reivindicações estendem-se ao âmbito da reprodução social, à esfera dos cuidados domésticos e familiares, à vida estudantil e à sociedade de consumo. Pretendemos unir-nos às mulheres de todas as partes do mundo construindo redes de solidariedade, de apoio e de aprendizagem transnacionais para combater as desigualdades que sofremos.
Os sindicatos que se somam à greve emitindo pré-avisos são o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social e o Sindicato de Trabalhadores de Call Center. Além desses, temos o apoio à greve do Sindicato das Indústrias, Energia e Águas de Portugal, o Sindicato de Tod@s @s Professor@s, do Sindicato dos Professores do Norte e do Sindicato de Ensino Superior.
PORQUE É QUE FAZEMOS GREVE?
Porque em Portugal a violência machista mata, em média, duas de nós a cada mês;
Porque somos 80% das vítimas de violência doméstica e 90.7% das de crimes sexuais;
Porque não acreditam em nós quando denunciamos, e nos atribuem a responsabilidade das violências que sofremos;
Porque somos as que vivem em alerta permanente, pelo assédio a que estamos sujeitas no espaço público e no local de trabalho;
Porque é a nós que nos é exigida a conciliação entre a atividade profissional, a maternidade e a vida familiar;
Porque somos as mais pobres na sociedade;
Porque somos as mais precárias no mercado de trabalho;
Porque a desigualdade salarial faz com que trabalhemos 58 dias por ano sem receber;
Porque o trabalho doméstico e de cuidados que sustenta a vida não é partilhado entre homens e mulheres e recai sobretudo em nós, é invisibilizado e desvalorizado;
Porque a contratação de serviços domésticos reproduz muitas vezes várias desigualdades raciais, de género e de classe, porque é um trabalho frequentemente desenvolvido por mulheres migrantes e racializadas, sem contrato e sem direitos;
Porque a educação que temos não é economicamente acessível a toda a população e ela reproduz narrativas hegemónicas, coloniais e capitalistas e reforça as discriminações raciais, sexistas, de classe, de orientação sexual e de identidade de género;
Porque rejeitamos a sociedade de consumo, que nos condiciona a liberdade e nos transforma em meras consumidoras;
Porque recusamos a exploração dos nossos corpos e das nossas identidades, os estereótipos que ditam medidas-padrão, ideais de beleza formatados, gostos, comportamentos e promovem estigmas e discriminações;
Porque estamos comprometidas com as lutas contra as alterações climáticas, contra a dependência de energias fósseis e em defesa da soberania alimentar;
Porque rejeitamos as guerras e a produção de armamento. Porque as guerras originam milhões de pessoas refugiadas, entre as quais muitas mulheres e crianças, vítimas de redes de tráfico humano e sexual, da pobreza e da destruição.




