Neste sábado, 10 de dezembro, houve Conversas com História sobre o restauro da imagem de Nossa Senhora da Conceição, no Centro Autárquico de Quarteira.

Uma atividade realizada com a implementação das medidas legisladas no âmbito da Covid-19.
Uma conversa no âmbito da exposição “Com os pés na terra e as mãos no mar: 6000 anos da história de Quarteira”, seguida da ida à exposição para visualização da peça em questão restaurada.
A diretora municipal da Cultura, Dália Paulo, frisou que “nós, desde o início, queríamos que o dia 8 de de dezembro (Dia de Nossa Senhora da Conceição) fosse uma dia significativo. Para nós, o mais importante não é o dia da inauguração, é toda a vivência que se tem. Nós, do Museu de Arqueologia de Loulé, continuamos a dar vida diariamente àquela exposição e tínhamos esse objetivo de, a 8 de dezembro, ter exposta esta imagem magnífica mas, como todos vocês sabem, trabalhar no património é sempre trabalhar no escuro e no inesperado e acho que aqui tivemos uma belíssima surpresa. Temos aqui uma imagem com os requintes dos séculos mas que ainda tinha ali o original ou aquilo que nós pensamos ser o original. Temos essa felicidade e acho que ganhámos uma nova imagem como património maior. Para além do trabalho que estamos a desenvolver ao nível da dimensão educativa da exposição, não parámos o trabalho de investigação e não parámos o trabalho para a concretização do catálogo. Estamos a trabalhar para que, no próximo ano de 2022, à semelhança do que fizemos com a exposição Loulé – Território, Memórias e Identidades que se fez em Lisboa, que dois anos depois viu à luz do dia o seu catálogo, aqui também aconteça isso. Estamos a trabalhar para que o catálogo que vai dar consistência àquela exposição venha a ser uma realidade. Aquela exposição tem um tempo efémero, há de sair dali e havemos de ter um espaço em continuidade e em consistência, um polo museológico, um museu da cidade de Quarteira mas, entretanto, vamos ter o catálogo com tudo o que foi estudado e que não está na exposição. Portanto, dizer aqui aos quarteirenses que estamos a preparar essa edição que contamos ter para o ano, talvez lá para as Jornadas Europeias do Património. Portanto, podem contar com um momento muito bonito, sobretudo para aumentar a identidade, a autoestima e o conhecimento sobre este território de Quarteira que a todos tanto nos orgulha e que faz parte deste nosso Algarve e deste nosso Concelho de Loulé”.
O Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto, valorizou “muito o trabalho que têm feito. É importante nós, quarteirenses, mas munícipes deste concelho, percebermos o trabalho que tem sido feito na exposição mas o mais importante é irmos lá ver e avaliar o trabalho porque nós somos a nossa cultura, a nossa história e Quarteira precisa disso também. Temos sempre no pensamento que Quarteira é um destino turístico mas tem uma história e esta exposição fala dessa história. Retrata muito aquilo que é a nossa história e é bom ir lá para perceber o trabalho que foi desenvolvido para perceber esta parte do concelho que é a Freguesia de Quarteira. Depois, gostaria de dizer outra coisa: sem dúvida que a câmara apostou muito nesta área da cultura. Tem uma Divisão da Cultura com técnicos excelentes que ainda conseguem, quando precisam de mais, também vai buscar os melhores e isso está bem retratado nesta exposição. Tivemos os melhores técnicos do país para fazer aquela exposição. Por outro lado, não temos um património arquitetónico tão grande como gostaríamos de ter. Existem em Quarteira alguns edifícios que, para nós, são importantes, como a igreja matriz, o mercado, o casino velho, relativamente ao qual, dentro de muito breve, temos todas as condições para remodelar aquele espaço cultural, ou seja, património histórico e arquitetónico que vai valorizar muito mais a freguesia e o concelho”.
Seguiu-se a intervenção de Ana Rita Vaza, descrevendo todo o trabalho desenvolvido pelas suas colegas restauradoras, Susana Paté e Susana Laneiro, no restauro da imagem antiga de Nossa Senhora da Conceição.
À pergunta do PlanetAlgarve sobre a origem da imagem, o pároco de Quarteira, padre Joaquim Campôa, revelou que a imagem “estava guardada na igreja matriz. Não muito bem conservada mas ela já não estava bem conservada. Foi sempre uma imagem que me despertou muito a atenção por ser uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Será a primitiva, não será, por ser em terracota, como é que se faz o seu restauro, como não se faz, como é que há a possibilidade de colocar as mãos numa imagem destas. Em madeira, sabemos que é mais fácil de restaurar. Tivemos esta felicidade de alguém ter ido àquela sala, no dia em que foram fotografar a imagem pequena de Nossa Senhora da Conceição. Desde a primeira hora que surgiu a possibilidade de ser restaurada. Tratava-se de uma imagem que tinha pintura sobre pintura e encontrar aquele estofado todo de origem, principalmente da veste do manto, aquela beleza e com folha de ouro, surpreendeu-me muito e fiquei de facto deslumbrado porque estava ansioso por olhar para aquela beleza e ninguém diz que é de terracota. Agora, após o restauro, vemos que foi bem restaurada e com folha de ouro. De facto, está ali uma beleza, uma coisa que vale a pena. Uma imagem do Séc. XVI, Séc. XVII, como é que agora se estuda isto? Vi que não se tratava de uma imagem recente por causa da expressão do rosto. De facto, temos aqui uma peça muito valiosa que não estava bem aproveitada. Foi posta ali e agora deverá ser alvo de um estudo muito grande para pô-la na igreja. Segundo as normas da igreja, podem estar várias imagens de Nossa Senhora, como a Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores, todas com títulos diferentes mas não podem estar duas imagens com o mesmo nome. Ou seja, não podemos ter duas imagens de Nossa Senhora da Conceição, até porque sendo ela a padroeira e o oráculo da igreja. Agora, é possível arranjar um local mais discreto para que ela tenha de ficar. Uma imagem com esta categoria não é uma imagem para estar escondida. Não é uma imagem para estar numa sacristia ou numa sala. É uma imagem para estar exposta ao público para que a sua beleza possa ser contemplada. Ainda mais por ser de terracota porque não há muitas. Foi isto que aconteceu e estou muito grato por ter tido este desfecho. Quem a viu lá por ter ido lá para reuniões e encontros sabe agora a sua importância. O que me impressionou mais foi a veste. As flores e tudo o resto são de uma beleza maravilhosa”.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve
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