
SEACLIFF COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS, S.A.
O projeto da construção da central de dessalinização em mar do Algarve no município de Albufeira, está pendente de vários processos em tribunal, que se identificam de seguida:
- Um processo para impugnar a Declaração de Utilidade Pública.
- Um processo por execução indevida da expropriação dos terrenos
- Um processo de impugnação da Declaração de Impacto Ambiental- DIA
Os Autores dessas acções mantêm inteira confiança no Tribunal, bem como no sistema judicial português.
Apesar de este projecto ser apoiado pelo Estado português através de entidades públicas como a agência portuguesa do ambiente, ou o Ministério do Ambiente, este é um projecto que assenta numa enorme mentira. A mentira de que com esta dessalinizadora o problema hídrico do Algarve fica resolvido. Não fica. Mas mais do que não resolver o problema hídrico, vai fazer surgir um conjunto de problemas, deixando um rasto de destruição.
A dessalinizadora não tem capacidade para produzir a água de que o Algarve necessita. É uma dessalinizadora que recorre a uma tecnologia obsoleta. Para funcionar necessita de quantidades enormes de energia e energia proveniente de fontes poluentes, embora haja um projecto fotovoltaico associado ao projecto.
Esta dessalinizadora terá um impacte enorme na biodiversidade, na vida marinha e na qualidade da água do mar, vai impactar com zonas marinhas protegidas, como é o caso da Pedra do Valado e da Ria Formosa. E vai ter efeitos devastadores sobre a pesca e o turismo.
Esta dessalinizadora é a representação acabada da má política com que se gere o território e representa o desprezo pelas pessoas, pelos negócios e pelas formas de vida.
A má política mata. Mata biodiversidade, mata negócios e a longo prazo, mata pessoas.
A praia da falésia, considerada uma das melhores praias do Mundo, será destruída. Ninguém quer frequentar uma praia onde passam tubos, uns que levam água carregada de vida, de biodiversidade; outros que descarregam o produto da mortandade que, entretanto, foi produzida com o fabrico da água.
A forma completamente ilegal como foi escolhida a localização para a instalação da dessalinizadora, para além da ilegalidade, destrói e ideia de “qualidade de vida” que o Estado português, bem como os operadores turísticos têm andado a vender ao longo dos anos.
É lamentável que o Município de Albufeira e o seu executivo, não tenham mostrado qualquer oposição a este processo e também é lamentável que o mesmo Presidente de Câmara que aceitou, de forma submissa e a acrítica que o projecto da dessalinizadora fosse instalado no seu concelho, seja o mesmo Presidente que aceitou uma posição de vogal no conselho de administração das águas do Algarve, a dona da obra.
É má política, é um mau projecto. è uma traição aos algarvios e, sobretudo, a quem vive, trabalha, gera emprego e escolheu este local para fazer a sua vida, pessoal e/ou profissionalmente.
Ainda é tempo de reconsiderar. Voltar atrás e implementar as medidas estabelecidas, por exemplo, no plano intermunicipal de adaptação às alterações climáticas, do qual, ninguém quer saber.
1. remodelar o sistema urbano de abastecimento de água tendo em vista a diminuição das perdas;
2. tratar e reutilizar as águas residuais para fins agrícolas e menos nobres;
3. implementar técnicas que promovam a recarga artificial dos aquíferos;
4. reavaliar a viabilidade de novas barragens e promover a sua construção;
5. reavaliar a viabilidade de uma central de dessalinização e promover a sua construção.
As medidas estão por ordem de implementação.
Nenhum autarca, nenhum responsável político, nem local, nem nacional, nem a APA, nem o ICNF, ninguém se preocupou em implementar as três primeiras recomendações. Muito trabalho para poucos votos. De facto, algumas das medidas podiam, inclusivamente, proporcionar perda de votos. Afinal quem quer ruas esburacadas, meses a fio? Qual é o agricultor que quer substituir o furo que alimenta as culturas por um sistema que permita a reutilização das águas residuais?
Até agora a APA prefere aprovar projectos altamente danosos para o ambiente, ao invés de promover e implementar técnicas que promovam a recarga de aquíferos.
O Plano Intermunicipal de adaptação às alterações climáticas é de 2016. Oito anos depois, a incompetência e o descaso conduziram-nos a uma dessalinizadora.
A confiança nos tribunais é completa e mantém-se intacta. Confiamos em que se conseguirá provar o quão danosa é esta dessalinizadora, não só para Albufeira, mas para toda a região do Algarve.


