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OLHÃO | Dia da Paz em Angola e tomada de posse na Associação Onjo Yeto

A Associação de Angolanos Onjo Yeto, em Olhão, promoveu no dia 5 de abril, uma conferência sobre a Paz em Angola – Ganhos e Perspetivas como forma de comemorar os 23 anos de Paz na República de Angola.

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O momento contou ainda com a Tomada de Posse dos novos Órgãos Sociais da Associação.

A iniciativa teve lugar na Junta de Freguesia de Olhão, representada pelo seu presidente, Rui Gabriel. Contou ainda com a presença do vice-presidente da Câmara Municipal de Olhão, Ricardo Calé, do presidente da Junta de Freguesia de Quelfes, Bruno Alves, da Cônsul Geral de Angola em Lisboa, Vicencia de Brito e do presidente da FAAP – Federação das Associações Angolanas em Portugal, Rui Paulo Lima, entre outros.

O presidente da Junta de Freguesia de Olhão, Rui Gabriel, fez a introdução de boas vindas:

“Sr.ª Cônsul, é um prazer tê-la em Olhão. Nas breves palavras que trocámos, já sei que foi muito bem recebida e que tem tido uma boa experiência. Por outro lado, percebi também que, quando visita o Algarve, escolhe Olhão para aproveitar, dada a forma calorosa como os olhanenses a acolhem. E pelo facto também de termos uma excelente zona liberina com uma boa resposta gastronómica. Pelas condições agradáveis que aqui temos, conseguimos conquistar a Sra. Cônsul. Mas hoje não estamos aqui para falar de Olhão. Estamos aqui para falar da diáspora angolana. Vocês representam Olhão e também acreditamos que Olhão há um tempo foi a prioridade para cá ficarem, cá estabelecerem família e cá construírem o vosso futuro. Não tenho dúvida alguma que é um prazer enorme para o Município de Olhão e para o Sr. Presidente António Miguel Pina sabermos que temos as condições para que vocês se sintam bem na nossa cidade de Olhão.

Muitos de vós conheço-os e sei que há pessoas que aqui estão que já nasceram cá e também dar-vos esta nota que este atendimento não pode ser algo do presente ou do passado. É algo que tem de ser construído para um futuro melhor e ganhador. Portanto, dar aqui também nota à nova direção da Onjo Yeto, que é reconduzida de funções, que o Município de Olhão está totalmente disponível para aumentar e fortalecer esta relação, dada a grande responsabilidade que vocês têm no papel económico e social que existe no Conselho de Olhão. Portanto, deixar aqui este compromisso do Município de Olhão em estreitar as relações com a vossa Associação no sentido de percebermos que pontos fortes é que poderemos melhorar, que pontos fortes é que podemos criar de forma a que esta população seja cada vez mais ganhadora e que nós possamos, convosco, trabalhar um futuro melhor para Olhão e um futuro melhor para toda a nossa comunidade.

Portanto, quero desejar-vos uma ótima tarde de trabalho e uma ótima celebração e que a nova Direção tenha 4 anos de mandato muito ricos. Estas palavras são naturalmente estendidas para toda a comunidade angolana em Portugal. Que Olhão seja o porto de abrigo para desenvolver a diáspora angolana.

Seguiu-se a Tomada de Posse dos novos Corpos Sociais da Associação Onjo Yeto conduzida pelo Presidente da Assembleia Geral.

Tomaram posse os seguintes elementos:

Assembleia Geral

  • Presidente: António Rui Nhanga
  • Vice-Presidente: José Resende
  • Secretária: Fátima de Jesus

Direção

  • Presidente: Fernanda Matias
  • Vice-Presidente: Cândida de Almeida
  • Secretária: Ana Dulcineia Almeida
  • Tesoureira: Zulmira Lino
  • Vogal: Rosa Rodrigues

Conselho Fiscal

  • Presidente: Nunes Cabral
  • Vice-Presidente: José Faceira Durão
  • Secretário: Tchissola Patrícia Trindade

Seguidamente, foi projetada uma apresentação de todo o trabalho que a Associação tem desenvolvido desde 2001 até à presente data.

A terminar a Tomada de Posse, foi pedida uma salva de palmas ao trabalho que a Associação Onjo Yeto tem feito.

Foi então iniciada a conferência, com moderação de Zeferino Boal e a participação das palestrantes Janiltan Jones e Maria Castelo.

 Zeferino Boal: “Nós estamos aqui por dois motivos. Um, cumprir a primeira parte, a tomada a posse. O segundo, por aquilo que todos nós amamos e nos diz muito, o dia 4 de abril, o Dia da Paz e da nossa reconciliação nacional. Esta atividade tem o apoio e patrocínio do Consulado Geral de Angola em Lisboa e, de uma forma institucional, peço à Sra. Cônsul Geral, Dr.ª Vicencia de Brito, que abra a cerimónia”.

Vicencia de Brito: “Gostaria, em primeiro lugar, de saudar todos os presentes, o Sr. Presidente da Junta de Freguesia, agradecer a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal, bem como aos outros representantes do Governo Local, agradecer aos presentes, agradecer à Onjo Yeto por esta iniciativa. Estou particularmente contente porque Onjo Yeto quer dizer ‘a nossa casa’. Isto tem um significado muito particular. Sendo uma associação desta comunidade com este nome, tem a responsabilidade de juntar todos. E pelo que nós podemos ver aqui, quer pela exibição de algumas atividades da associação, quer pelo trabalho que eu já conheço que a associação faz, eu queria felicitar os corpos gerentes anteriores e a atual direção, que foi reconduzida, não é? Quero felicitar a direção e impulsioná-la a melhorar o trabalho, a continuarem com força o trabalho que fazem junto da comunidade, o apoio que dão às pessoas necessitadas.

Por outro lado, e porque hoje estamos a celebrar, também, o 23º aniversário do Dia da Paz, queria fazer um apelo: Nós vamos ter aqui uma palestra importante, penso que vamos debater sobre isso, vamos falar bastante sobre isso mas devo dizer que a paz é o bem mais precioso que os angolanos têm e que, depois de séculos de resistência à ocupação colonial, depois de anos ou de décadas de guerras entre irmãos, a conquista da paz é um bem que nós devemos todos preservar. E a paz não é só o calar das armas. A paz quer dizer a reconciliação entre nós ou a solução dos problemas que criam crise. A solução é resolvermos os problemas que a nossa população tem. Mas eu gostaria de falar da paz no nosso contexto. Vim para esta cidade de Olhão, que tem particularidades muito especiais. Nesta cidade vivem angolanos, vivem portugueses, vivem portugueses que nasceram em Angola. Pessoas que ainda hoje têm muitas saudades, que estão muito ligadas a Angola. As pessoas saíram do país à procura de melhores condições de vida. Para outros, o próprio conflito armado não fez com que desistissem. E aqui estão, a contribuir da forma que melhor sabem para o desenvolvimento desta região cultural e estão integrados. Temos o apoio das instituições governamentais que nos ajudam a que as pessoas melhor se integrem.

Há necessidade de criar, de facto, essa noção de onjo, de casa, de juntarmos. E não basta só a associação. É necessariamente de cada um de nós e que todos nós nos juntemos.

Que possamos estar juntos, cada um a fazer a sua vida, mas para pensarmos no país, falarmos do país, a nossa cultura, a nossa gastronomia, a nossa maneira de ser, de estar, porque cada um tem saudades disso. Então eu ia pedir aos angolanos que de facto se unissem, que pudessem de facto viver nessa casa onja e impulsionar a associação a trabalhar mais com as pessoas. Neste momento, nós registamos um grande número de angolanos que está a vir para Portugal.

As pessoas vêm para aqui como para todo o mundo. Aliás, esse movimento migratório não é só dos angolanos, são os próprios portugueses, os jovens, que vão à procura de outras condições, são pessoas de outro mundo, de outros países que vêm e realizam um estado de movimento permanente. Portanto, há necessidade de nós nos juntarmos mais, de nos conjugarmos mais, de estarmos mais juntos, de ajudarmos mais aqueles que estão a chegar, aqueles que têm dificuldade, aqueles que necessitam de apoio. Nós estamos aqui para ajudar, para tratarmos as questões de documentação, ajuda a nível judicial, o que for aqui e ali, o que possamos ajudar.

Mas para sabermos onde estão as pessoas e para sabermos que problemas têm, são vocês que têm de me ajudar porque nós não estamos aqui. Quem conhece cada um são vocês. Há uma série de atividades que podem ser desenvolvidas de forma a juntar as pessoas, de forma a ver bem, conhecer bem, onde estão aqueles nossos cidadãos que têm maiores competências, que podem ajudar mais aqui e ali, ajudar os outros.

Portanto, este é o meu objetivo. Que este dia de celebração do 23º aniversário dos Acordos de Paz seja também como motivo de reencontro, de ajuda, de congregação dos angolanos para que, juntos, possamos ser melhores pessoas. Sobretudo isso. E depois, serem melhores cidadãos. E cada um pode dar o seu pequenino contributo. Por isso, uma vez mais, parabéns à Associação. Façam, de facto, da Onjo Yeto a casa de todos os angolanos aqui em Olhão e que possam trabalhar também nas outras regiões do Algarve.

Mas, sobretudo isso, manter a Onjo Yeto como a casa dos angolanos de facto”.

Maria Castelo: “Com a Reconciliação Nacional, nós acreditamos que, através dessa Reconciliação, o povo angolano em si reencontrou-se e isto contribuiu bastante na promoção do bem-estar do povo angolano e, sem dúvida, na reconstrução do nosso país, na economia nacional. Tudo isto teve um grande impacto e tem, digamos assim, contribuído para o crescimento e desenvolvimento do nosso país. Nós precisamos colocar mesmo em prática a paz social porque, se não tivermos a paz social, por mais que haja reconstrução de infraestruturas, tenhamos acesso à educação, à saúde, entre outros serviços em Angola, se não tivermos a paz social, nós não vamos conseguir realmente manter aquilo que nós temos vindo a conquistar durante estes 23 anos de paz.

Isto, para mim, é fundamental. Depois é que vem o resto. Reconstrução, circulação de bens, serviços, proteção, etc.

Mas a nossa identidade durante uma guerra é posta em causa. É colocar em causa. A guerra traz isso, traz a resposta da sobrevivência.

Às vezes as pessoas até em guerra tornam-se irmãs, porque o contexto assim não é chamado. Portanto, a perspectiva da dignidade humana, dos direitos humanos, da identidade angolana é de facto um fator, se não o mais importante, de uma paz. Eu não estou a imaginar o povo palestiniano ou ucraniano a ganhar agora nesta fase da vida.

Eu estou a trazer estes dois exemplos porque, de fato, assisto todos os dias a sérios bombardeamentos com a informação do que se passa nesses pontos em guerra. Mas essa gente perdeu a identidade. Essa gente, quando começar a construir o país, vai ter que buscar a identidade dela. Porque há muita gente que se tornou invisível, teve que matar para sobreviver, perdeu o pai. E quem é uma pessoa que perdeu o pai, mãe, filho, está sozinha no mundo, conseguir enfrentar o dia-a-dia após a guerra, não é fácil e eu também falo com psicólogos.

Mas eu acho que a estrutura humana é sempre mais importante do que qualquer outro setor”.

Janiltan Jones: “A forma como a paz tem sido construída em Angola, geração em geração, o que nos falta fazer para também exportarmos a paz para outros países africanos. Estamos em Angola ou na Europa mas esses conflitos não são locais. Afetam o mundo inteiro. Eu sou angolana, jovem, mulher, trabalho no meu país de origem mas faço parte de uma diáspora. Portanto, a minha questão é: qual o país africano que não tem considerado uma diáspora. Temos todos uma linguagem comum.

Estamos todos juntos a conversar, falar, trocar ideias sobre essa problemática. É fácil partilharmos a paz com tolerância. As Nações Unidas foram criadas para isso. Para reforçar este setor da humanidade. Precisamos de uma natureza livre. Não é preciso haver estudantes que consigam controlar essa nossa ânsia de deixarmos de ser humanos e passarmos a ser outras coisas. Então, temos de reforçar essas estruturas. Sobretudo com as associações. É importante que os Estados, em qualquer parte do mundo, deem reforço às associações para que elas consigam a paz. Para trabalhar isto, conscientizar é a arma mais forte para que nós consigamos ter a questão da tolerância sempre em permanência. O Ruanda já passou por uma situação de genocídio e hoje está aí a dar cartas. É mais um exemplo de um país africano que conseguiu sair de uma crise terrível e que hoje está a falar de desenvolvimento. Um referência para a Europa, para a América, para a Ásia e para nós africanos também. Nós agora também somos vistos como referência e é extremamente importante compartilhar isto com as pessoas. Muita gente não tem consciência de que como nós somos referência para os outros países africanos. A forma como nós podemos compartilhar isso e contribuir é contar a nossa história. Trazer aqui em cima a nossa perspetiva. Como nós ultrapassámos, os ganhos que estamos a ter. A perspetiva de hoje. Nós temos hoje uma Angola onde os temas centrais do mundo estão a ser discutidos em Luanda, em Benguela, no Lobito. Nós hoje temos esta realidade e trazemos esta boa nova para que nunca mais aconteça o mesmo. Nós temos estadistas do mundo inteiro a entrar para Angola, um país que convida.

Eu acho que é esta a forma como nós devemos continuamente partilhar e transmitir este conhecimento aos nossos países africanos. De como é bom ter paz, é bom circular de uma província para outra. É bom conhecer pessoas de Angola porque isto quebra toda a nossa cultura.

Eu não falo a língua nacional. Algumos falam. Muito bem. Mas isto foi quebrado precisamente por isso. Não só por causa das perspetivas do colonialismo mas também com o fator guerra. Também dizimou esta perspetiva para a transmissão cultural. O povo que não conta a sua história não é povo. Então, a nossa história deve ser transmitida. Estes valores devem ser transmitidos para os outros povos, para as crianças, que são a nossa responsabilidade agora. Cuidar da geração que vem. Deixar um pedaço nosso que melhore o mundo. Fomos ensinados. Os nossos mais velhos passaram as nossas vidas. Neste propósito, deixaram coisas feitas. Hoje, nós estamos a celebrar.

Nós somos africanos. Nós honramos sempre os nossos anos passados e eu pedia que pudéssemos fazer um momento de silêncio em memória dessa gente que derramou sangue e perdeu a vida para que nós pudéssemos estar aqui hoje. Para que possamos olharmos uns aos outros. Contar a nossa história, conhecer outras pessoas, outros países, outras línguas porque nós não somos os mesmos.

Há uns 40, 50, 60 anos, precisamente porque passámos por uma guerra e passamos por uma paz, somos hoje resultado disso. Talvez essa história não tenha que ser contada. Tem que ser partilhada.

Tem que ser vivida e valorizada.

Eu comecei a minha intervenção falando que Angola é uma potência. Realmente, quando se fala em visitar Angola, devemos valorizar as nossas 7 maravilhas. E um dos grandes benefícios que claramente a paz trouxe é a promoção do nosso turismo angolano. Nós temos cidades, temos vários lugares maravilhosos dentro de cada província de Angola que realmente cativam muito os turistas. E também faço aqui o apelo aos nossos portugueses para que, quando forem a Angola, poderem visitar pelo menos as 7 maravilhas que nós temos. O turismo em Angola é algo que deve-se promover muito mais e nós, os jovens, temos esse papel. Essa grande responsabilidade de poder mostrar quem realmente nós somos, contar a nossa história e dizer ao mundo quem realmente nós somos e o que nós temos para oferecer, da mesma forma como muitos palestres portugueses que nos acolhem aqui em Portugal e mostram-nos o que realmente Portugal tem e nós também temos muito para mostrar. Então, aceitem esse convite para visitar o nosso país e ver o que realmente nós temos em Angola e poderem então, com o vosso conhecimento, seria um grande contributo para o crescimento e o desenvolvimento do nosso país e isto está completamente relacionado com a política social e a paz social”.

No período de debate, Francisco Sales, Presidente da APALGAR – Associação de Amizade dos PALOP no Algarve, sediada em Quarteira, referiu que “está aqui presente a Onjo Yeto mas também a APALGAR e a AANGA – Associação dos Angolanos em Albufeira e portanto, o nosso objetivo, falando em nome destas três associações, é integrar, incluir. Tanto quanto possível, através daquilo que fazemos. Receber, acolher angolanos e não só. Por exemplo, a APALGAR não é só para Angola. Também é para os vários PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). E nós já fizemos mais, quando não havia representações diplomáticas destes países no Algarve. Agora estamos a fazer menos, talvez.

Tivemos tido grandes programas de formação profissional. Para integrar, exatamente, dentro da comunidade. Eu queria relatar aqui uma coisa que é a minha experiência pessoal. No conteúdo daquilo que aqui se falou, da paz social. Eu estive em 1992 numa ação de cooperação. Na altura, o país ainda estava em guerra. Portanto, em 1992, com a UNITA, a gente não podia atravessar o país. Não podíamos ir à Costa Sul. E tivemos que fugir. Fugir para trás, mas obrigados a sair. Portanto, fizemos a costa toda. Foi uma ação de cooperação entre o governo português e o governo de Angola na altura. Era uma ação de formação profissional a realizar, que módulos de formação é que deveríamos fazer para o setor das pescas. Significa que eu e a equipa que estava comigo ao serviço desenvolvemos este esforço de cooperação desde Luanda até Porto Alexandre. Procurámos tudo. Falámos com pescadores, com armadores, com os envolvidos no setor das pescas para depois apresentarmos, quer ao governo português, quer ao governo de Angola, aquilo que nós deveríamos fazer para que esse esforço de formação pudesse ser traduzido em valor acrescentado. O que é que nós poderíamos contribuir para essas ações de formação era para que se pudessem, de facto, construir estaleiros, realizar frotas, realizar lotas. Foi um trabalho extraordinário que hoje eu recordo com muito calor e muita saudade. Eu já não estou no ativo há algum tempo mas, em 1998, uu estava ainda no ativo e, por decisão minha, de mais ninguém, e sabendo que foi feito um apelo, naquela altura, pelo governo português e pelo governo de Angola também, mas mais pelo governo português, de fazermos formação de angolanos aqui. E eu tenho essa responsabilidade, de chamar perto de 30 jovens angolanos que vinham para cá, com equivalência daquilo que tinham para os nossos cursos de aprendizagem. Tinham o 9º ano e, ao fim de 3 anos, ficavam com o 12º ano mas dando-lhes um curso de formação profissional. Eu responsabilizei-me por isso. Naquela altura, Angola não pagava bolsas de estudo e tinha que ser o governo português a assumir. Dessa formação saíram bons técnicos informáticos, engenheiros informáticos e engenheiros do Ambiente também. Portanto, eles estão por aí. Estão na diáspora e de vez em quando a gente encontra-se. Isto para dizer que este esforço foi um contributo para a paz. Ser feito naquela altura, em que Angola ainda estava em guerra, era um esforço muito grande.

E isso está dentro de nós, portugueses, de fazermos alguma coisa. De fazermos, desenvolvermos, capacitarmos. E darmos àqueles jovens, naquela altura, uma ferramenta que seria útil para o seu futuro profissional, era muito positivo. Vieram cá responsáveis angolanos para verem o trabalho que estava a ser feito. A compensação do nosso esforço, aquilo que nos fazia sentir bem era contribuir para que Angola tivesse de facto uma mão de obra jovem, disponível, formada. Portanto isto foi entre 1998 e 2001. Portanto foi feito para a paz. E nós fizemos isto numa altura em que ninguém acreditava. Por isso, acho que os esforços de cooperação, e hoje, através da APALGAR, queremos desenvolver projetos de desenvolvimento. Nesse sentido, estamos com a intenção de transformarmos as nossas associações em associações para o desenvolvimento e fazermos com que haja projetos, lá e cá, também com outros países lusófonos para que nós possamos, de facto, dar o nosso contributo. Nós, os portugueses, temos muita coisa a dar, neste contexto da paz social”.

O presidente da FAAP – Federação das Associações Angolanas em Portugal, Rui Pedro Lima, deixou o compromisso para, no futuro, a federação estreitar mais os laços entre associações para fortalecer ainda mais a comunidade angolana em Portugal, promovendo o seu empoderamento.

A presidente da Onjo Yeto, Fernanda Matias, procedeu ao encerramento dos trabalhos, lançando “aqui o desafio à federação” para que iniciativas como esta se possam estender a Lisboa, Setúbal e outros sítios. É bom pôr as pessoas a falar, pôr as pessoas a dialogar. É também, no marco das declarações dos 50 anos da Independência de Angola, que as pessoas se sentem a falar, a refletir, a exprimir ideias sobre o que é isso da independência porque tem alguns que dizem, mas somos independentes porquê? Isto é, debate pós-autonomia. Então, muito obrigado pela presença de todos aqui e estamos juntos. Até à próxima”.

A iniciativa contou com a animação musical do conceituado e aclamado artista angolano radicado no Algarve, Xico Barata.

Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve

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