Quarteira celebrou o 26.º aniversário da sua elevação a cidade nesta terça-feira, dia 13 de maio. As comemorações arrancam com o habitual hastear da bandeira no Largo do Centro Autárquico de Quarteira e o Hino Nacional cantado por Lígia Pereira. A cerimónia contou com a formatura dos Bombeiros Municipais de Loulé, tendo-se seguido a sessão protocolar no Auditório do Centro Autárquico.

Todas as fotos no Facebook do PlanetAlgarve.
A sessão comemorativa contou com a presença dos executivos da Câmara Municipal de Loulé e da junta de Freguesia de Quarteira, de membros da Assembleia Municipal e da Assembleia de Freguesia, entidades militares, civis e religiosas.
Neste dia, as comemorações do Dia da Cidade de Quarteira serviram para assinalar este dia tão importante para esta cidade,tendo sido mais breve do que o costume, devido ao ato eleitoral do próximo domingo. Por este motivo, as comemorações terão continuidade no dia 7 de junho, onde será endereçado novo convite a todas as entidades aqui representadas e a toda a comunidade em geral.
Seguem-se os discursos dos autarcas de Quarteira e de Loulé.
Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto
Quero lembrar aqui o Dr. Mendes Bota, uma das pessoas mais ativas no processo de Quarteira a cidade. Portanto, hoje dirijo-vos estas palavras com o coração cheio e um misto de contradição, mas com o coração cheio de alegria pelo dever cumprido por ter servido nesta nossa terra na última década e ter ajudado a aumentar a qualidade de vida dos nossos concidadãos e a imagem de Quarteira para o exterior. Ao mesmo tempo, tenho um sentimento de saudade antecipada desta maravilhosa equipa da Junta de Freguesia que, com a sua dedicação ao serviço público, transformou a nossa freguesia, a nossa cidade.
Resumindo, aquilo que sinto, posso dizer que estou cheio de gratidão, de orgulho e, sim, também de enorme emoção. Depois de 12 anos a servir Quarteira, como Presidente da Junta de Freguesia, está a chegar o momento de me despedir do cargo, desta missão que abracei com tudo o que sou. Levo desta experiência, as conversas com cada freguês, os elogios, as críticas, para um novo desafio que me proponho.
Quando, há mais de uma década, assumi este compromisso com todos vós, firme com o objetivo muito claro de ajudar a transformar Quarteira numa freguesia mais coesa, mais moderna, mais justa, mais solidária, mais cultural e mais próxima das pessoas. Hoje, ao olhar para trás, sinto que demos passos firmes nesse sentido. Estivemos no momento certo, quando o nosso país, o Governo, iniciou uma reforma administrativa necessária para as nossas populações, aproximando o poder de decisão das pessoas.
Refiro-me à transferência de competências para as freguesias, que veio permitir um trabalho mais cuidado, mais próximo, mais presente do território. Falo no aumento da qualidade dos serviços prestados em áreas administrativas. Hoje, o Centro Autárquico permite que os nossos fregueses não precisem de se deslocar à sede de concelho para resolver muitos dos seus assuntos. Falo também da manutenção dos espaços verdes, da limpeza urbana e muitas outras áreas em que a diferença é notória.
Posso dizer que ficámos todos a ganhar. É com orgulho e sem falsas modéstias que afirmo que Quarteira mudou e mudou para melhor. Mas toda esta mudança e necessidade de mudança deve-se, no fundo, à exigência dos nossos freguetes, à exigência de uma grande freguesia.
Servir-vos foi, e continua a ser, para mim, uma grande honra. Estou grato a todas as pessoas que nos acompanharam, mesmo nos momentos de maior incerteza, e é por vós, convosco e para vós, que trabalhamos e queremos continuar a trabalhar. Uma cidade e uma freguesia vivem das suas pessoas, é para elas que trabalhamos.
Por isso, o brilho, o olhar atento, a atenção ao pormenor, o amor à nossa terra, são fatores-chave, são o nosso cartão de visita. Meus amigos, impõe-se nestas últimas palavras que vos dirijo, como Presidente da Junta de Freguesias de Quarteira, no dia da nossa cidade, relembrar que viver em democracia é um bem maior e devemos continuar a lutar diariamente pelos valores da tolerância, da liberdade, da humanidade. Por isso, agradeço a todos o respeito democrático, as picardias, porque cada um de nós tem um sonho para a nossa terra.
Um agradecimento muito especial a todas as instituições, associações, empresários, escolas, centro de saúde, forças de segurança, à nossa paróquia, por colaborarem para que Quarteira seja uma cidade digna, humana, acessível, alegre e tolerante. Um agradecimento bem maior a todos nós, habitantes de Quarteira. Daqui a poucos meses, deixarei a função de Presidente da Junta de Freguesia, mas não de Quarteira. Continuarei a ser um de vós, um cidadão atento, participativo e orgulhoso da sua terra.
Levo comigo memórias que nunca esquecerei, os encontros nas ruas, os abraços, os olhos que dizem obrigado. Não fizemos tudo, é verdade que não fizemos. Há sempre muito para fazer, mas fizemos muito.
E fizemos com verdade, com honestidade e com a minha total entrega. Quarteira que hoje vejo, é uma freguesia moderna, mais humana, mais forte. E sei que, com a vossa energia, com a continuidade de um trabalho sério, o futuro será promissório e feliz.
Agora, no final destas palavras, a minha emoção aumenta também, é o meu último mandato aqui e o coração também acelera. E eu, a todos vós, quero deixar um profundo agradecimento. Foi um privilégio servir Quarteira, faltam-me quatro meses e meio, e deixo uma grande homenagem para todos e parabéns a Quarteira.
Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo
Mais uma celebração de elevação de Quarteira a Cidade, 26 anos, mais de um quarto século. E aqui estamos, como sempre, para lembrar esse dia de enorme alegria. Eu lembro muito bem, na altura era Presidente da Câmara, e sei bem a explosão de alegria, sobretudo aqui em Quarteira. Há momentos nas nossas vidas que não esquecemos mais e esse dia foi um deles.
Eu queria, em primeiro lugar, dizer que o processo de elevação de quarteira, a cidade foi um processo natural.
Portanto, eu quero dar os parabéns, em primeiro lugar, aos quarteirenses, que trabalharam, que ultrapassaram muitas dificuldades, porque o trabalho faz-se, as empresas instalam-se, as pessoas trabalham, mas há sempre muitas dificuldades, muitos obstáculos que são vividos, e é, no fundo, a vontade de uma coletividade, de toda uma comunidade, onde contam, desde o simples trabalhador ao empresário maior. Nós temos tido aqui grandes empresários, empresários de que o nosso Concelho se orgulha, onde todos contam, e é graças ao trabalho de toda esta comunidade que nós atingimos a categoria de qualidade.
Na altura, os políticos que tiveram um papel muito, muito importante neste processo, foi o deputado, hoje reformado, também ex-Presidente da Câmara, Mendes Bota. Ele foi alguém que se empenhou bastante nessa classificação, juntamente com o Presidente da Junta na altura, Filipe Viegas.
Eu lembro-me de vir diretamente da Câmara de Loulé, até ali ao Largo das Cortes Reais, o Filipe e outros quarteirenses vieram ao meu encontro e estavam muito felizes, muito contentes, porque tinha acabado de chegar a notícia. Neste processo, gostaria também de lembrar o presidente de junta seguinte, José Mendes.
Mas também todos aqueles que trabalharam com eles. E eu estou a ver aqui um homem na plateia, que foi sempre um exemplo de quarteirense, um exemplo de cidadão dedicado, que é o Isidoro Correia. Ele é, de facto, uma pessoa que marcou esta preguesia. A outro nível, também o Álvaro Bota, e outras pessoas mais recentemente, como o Telmo Pinto, que foi, de facto, uma pessoa que, nestes 12 anos, foi sempre muito dinâmico, muito exigente, e sempre muito exigente também com a Câmara Municipal de Loulé.
Quarteira é uma freguesia à parte, no contexto do Município de Loulé. É uma freguesia que contribui muito para o desenvolvimento de todo o Concelho, mas a força do Concelho de Loulé, e a força de Corteira também, é exatamente esta dimensão, esta união do Concelho de Loulé, que muitos, muitos no Algarve gostariam de ver dividido. Porquê? Porque sabem que o nosso Conselho é central, é o mais popular, é o que mais receitas tem, é o que maiores características e maior riqueza humana dispõe, sem comparação, em todo o Algarve.
Se hoje o litoral dá mais ao interior, meus amigos, nos anos 50, nos anos 60, era o interior que dava ao litoral. Não havia aqui muita coisa, mas o pouco que havia era riqueza gerada também no interior. Os tempos eram outros, bem sei, as relações entre autarquias, praticamente não havia, situação que se alterou com a arquitetura político-administrativa que vem com a Revolução do 25 de Abril. Isso ainda não existia mas, de qualquer maneira, se havia, e havia com certeza relações económicas, era o barrocal e a serra que davam ao litoral. E, portanto, se o litoral hoje dá ao interior, compreende-se, porque, digamos, a nossa relação intraconselhia não é uma relação de mercado, é uma relação de solidariedade territorial, é uma relação de coesão territorial.
E, portanto, é preciso trabalhar sempre com essa perspetiva, porque a coisa pública não tem que se reger, e hoje isso acontece muito, por regras mercantils. Alocam-se recursos onde está a dar, onde o retorno é rápido e as coisas não funcionam assim.
No fim, há sempre as pessoas que são o mais importante da política. As pessoas que nunca devem ser esquecidas. E digo com toda a consciência porque é isso que nós temos feito até aqui e gostaria que continuasse a ser feito no futuro.
Somos um concelho que se desenvolve, economicamente pujante, vibrante, mas sempre, sempre com solidariedade dentro do seu território. A trabalhar para a coesão territorial e para, naturalmente e mais importante, para a coesão social.
Hoje, a memória é uma coisa muito frágil e, às vezes, é preciso repetir as coisas para termos bem noção onde é que nos movimentamos, qual é a realidade onde temos a responsabilidade de trabalhar todos os dias.
O novo mercado
E, portanto, eu queria dizer às pessoas que aqui estão que o novo mercado, que tanto, tanto, tanto trabalho nos deu, finalmente, depois do concurso aberto, que é uma obra de 20 milhões de euros, vai ser o ícone desta cidade de Quarteira. Vai ser um equipamento público de grande categoria estética e que vai cumprir funções de fornecimento de bens. Finalmente, o Tribunal de Contas já fez perguntas. Se não foi respondido, está a ser respondido dentro de dias. E eu acredito que, ainda antes de cumprir este meo último mandato, teria o gosto de pôr a primeira pedra. Acredito eu que isso possa ser possível. Foi um dossier que deu trabalho a muita gente. Andou para trás, para a frente, é uma obra que daria, ela própria, um capítulo de um livro.
Centro Cultural
Sempre tive o objetivo de dotar Quarteira de um grande equipamento para a cultura. Foi esse o meu primeiro compromisso. Numa zona central, junto à rotunda do Continente, num projeto do arquiteto Pedro Domingos, um grande arquiteto da arquitetura portuguesa, será projetado o Centro de Educação e Cultura de Quarteira, com uma sala para espetáculos como não há no Algarve. Equipada com o melhor de tudo. E com uma escola de dança, que há de ser escola pública. Há de ser a terceira ou a quarta escola no país, mas esta vai ser melhor. Esta vai ser uma grande escola. Muita gente virá para cá, pais para viver porque têm meninos talentosos a dançar. E nós vamos ter aqui uma escola extraordinária para a dança.
Praia do Forte Novo
Depois, queria dizer-vos que nós – uma coisa que nos tem atormentado muito -, com a mudança brusca do clima em todo o mundo, o nível médio das águas do mar está a subir. Derretem as calotes polares, mais água no mar, o aumento da temperatura, o efeito de expansão das massas de água, enfim, a frequência com que hoje se gera o fenómeno do clima em pleno oceano, fustrigam a costa e nós temos situações bastante infelizes, como aquela que tivemos este ano, com temporais violentíssimos, que nos levam a areia das praias e que derrubam falésias, aquela história toda que vocês conhecem. Bom, nós temos feito o que temos feito e, portanto, temos essa responsabilidade, tudo para nos adaptarmos com o reenchimento das praias.
E quero aqui aproveitar para dizer, porque, quando aconteceu isto (Praia do Forte Novo), houve muita gente nas redes sociais que queriam culpar o Presidente da Câmara pelo facto do temporal ter levado a areia da praia, como se isso não fosse consequência de um fenómeno que é um fenómeno mundial, não é o Presidente da Câmara. É uma coisa que está acontecendo em todo o mundo. Nos Estados Unidos, na Europa, no Mar do Norte, em muitas zonas do planeta mais do que noutras.
Todos nós temos um papel para fazer para viver de uma maneira diferente, para travar o aquecimento global. Isso consegue-se com medidas como plantando árvores, muitas árvores. E Loulé tem plantado milhares de árvores.
Consegue-se também, operando a transição energética da nossa economia, da base económica, passando o consumo de fósseis para energias fotovoltaicas. Isso consegue-se, de certa maneira, consumindo menos. Nós não precisamos de tanto para viver com dignidade e bem, fazendo com que os mais pobres, que têm uma vida muito infeliz e difícil, possam ter mais. Porque sem justiça climática não haverá futuro para todos nós. Aqueles que hoje vivem bem, mais à frente irão ter problemas, os seus filhos, os seus netos. Todas estas coisas estão ligadas.
Eu queria que soubessem que o enchimento das praias estava previsto fazer-se. O que aconteceu foi que alguém se lembrou que faltava um estudo arqueológico. Esse estudo arqueológico atrasou mas eu posso-vos dizer, porque me foi garantido, que em breve esse concurso será aberto para enchermos de areia as praias, de Quarteira até ao Ancão.
Centro de Saúde
Não quero falar do passado, mas há aqui uma coisa que é importante. A Câmara investiu muito aqui em Quarteira para a Unidade de Saúde Familiar. Quarteira é a única freguesia no Concelho de Loulé que, neste momento, não tem doentes em espera para ter uma consulta.
Fizemos um grande investimento na USF Estrela do Mar, que foi instalada em contentores. Nós vivemos numa situação de crescimento. As pessoas chegam de todo o mundo. Temos que lidar com esta realidade porque essas pessoas fazem falta à nossa economia, mas também fazem falta a uma outra coisa importante, que é o crescimento da nossa pirâmide etária. Nós não temos futuro se não tivermos bebés, se não tivermos jovens. E isso é um desafio também muito grave. Precisamos dessas pessoas. Além de que são pessoas como nós e devem ser tratadas com respeito e com ética. E devemos também, na nossa ação política, pensar neles também. Isto para chegar à Unidade de Saúde Familiar que está em contentores. Pois é a resposta mais imediata. Quando o crescimento é muito rápido e as entidades públicas não conseguem responder com a mesma velocidade que o crescimento, acontece que nós temos que inventar soluções provisórias temporárias. Mas com qualidade, que é o caso daquela Unidade de Saúde Familiar. Há muita gente que não compreende isto. Se calhar, alguns não compreendem porque não querem porque, se estivessem no exercício de funções políticas e administrativas, também não teriam outra alternativa. Perante a pressão, não fazemos uma coisa definitiva que leva 10 anos, ou 7 anos, ou 8 anos. Faz uma que leva um ano ou dois a fazer e instala, portanto, contentores. É por isso que existem muitos contentores para resolver situações pontuais em escolas, em centros de saúde e por aí fora. É preciso que as pessoas compreendam isto. Eu acho que as pessoas, racionalmente, só se não quiserem é que não compreendem isto. Nós estamos num período de grande crescimento económico e demográfico. Isto é um bem. Mas são aqueles desafios que o crescimento nos traz e nós temos que ter resposta. É por boas razões que isto é feito.
Desigualdades Sociais
O maior desafio que nós temos também, para além do combate à desigualdade social, e eu acho que isto nos deve indignar, saber que vivem pessoas com níveis de pobreza grande. Temos muito disto no nosso Concelho, que é muito rico porque somos um Concelho com bons recursos, mas nós temos muita gente a viver mal, abaixo daquilo que se considera o nível aceitável para a dignidade humana. E nós, políticos, devemos sempre olhar para isso, exigir a quem paga salários que pague melhores salários, exigir a quem decide politicamente, os nossos ou outros de outra cor política qualquer, que tem que haver um cuidado maior para não deixar que as desigualdades, que já são muito grandes, se acentuem e se aprofundem no futuro porque isto, no fim, vai trazer problemas à segurança, ao equilíbrio social, ao bom convívio. Deixar que a pobreza cresça – e isto é uma coisa que está a acontecer em todo o mundo, não é só aqui em Portugal -,nós, localmente, temos uma grande responsabilidade. Eu, pessoalmente, compreendo isso. Houve pessoas que não compreenderam, ainda hoje não compreendem, mas eu gostava de deixar essa mensagem e essa é uma responsabilidade de todos nós, se quisermos que os nossos filhos vivam numa sociedade pacífica. Portanto, temos que investir muito no combate às desigualdades sociais.
Habitação
E, portanto, aí vem a habitação. Em Quarteira, a Câmara de Loulé comprou um grande lote em frente ao cemitério, para 56 apartamentos. O projeto está muito bem encaminhado. A Junta é que vai fazer essa obra. A capacidade da Câmara é limitada e nós delegámos isso no Presidente da Junta. Acho que essa é uma grande medida. Precisamos de mais. Estão aqui os Deputados Municipais. Estão sempre a pedir mais, mais, mais, mais. Nós somos o Concelho que mais constrói habitação no Algarve. Somos o décimo terceiro em termos absolutos no país. E não estamos nem à volta de Lisboa, nem à volta do Porto, nem em Setúbal. Mesmo assim, somos o décimo terceiro Concelho que mais constrói.
Mesmo assim, precisamos de mais. Precisamos, sobretudo, de ser mais rápidos. Não é fácil, muitas vezes. Não temos engenheiros, não temos economistas, não temos pessoas a trabalhar nas Câmaras em quantidade suficiente. E isso limita-nos a nossa capacidade de fazer mais.
Museu
Sempre achei que os quarteirenses tinham alguma falta de autoestima. Porquê? A autoestima só vem quando nós conhecemos a nossa história. Quem não conhece a sua história, não se orgulha da herança que recebeu. E este território tem uma história muito antiga, uma história riquíssima, que é uma história que contribui para a história de Portugal.
Por aqui passaram fenícios, romanos, habitaram estas terras, construíram casas, produziram bens que trocaram com o comércio marítimo. Quarteira está cheia disso e nós fizemos esta exposição que ali está,Quarteira 6000 Anos de História e, muito em breve, vai ser publicado um grande catálogo dessa exposição para que os portugueses saibam que têm muitas razões para se orgulhar, têm muitas razões para se orgulhar da sua terra.
E há de haver um dia em que esta terra terá o seu museu para contar a sua história, porque, por períodos importantes da história, com civilizações que por aqui passaram e que deixaram os seus segundos, tem um património suficientemente rico para ter um museu.
Reserva Natural do Almargem e Ancão
Vou explicar o que se passou na Reserva Natural. Como cidadão, não tenho muita voz, porque o discurso político deste tipo de cidadãos, como eu, normalmente, não é muito do agrado de quem manda no mundo. Porque o mundo tem empresas que mandam nele, que o orientam, que decidem, é por aqui, não é por ali.
E vozes como a minha, vozes inconformadas, não têm muita expressão pública. Mas eu vou explicar o que é que se passou ali e o que é que se está a passar.
Primeiro, aquela Reserva Natural é uma das poucas, em Portugal, de iniciativa municipal. Tem 135 hectares. Não foi fácil constituí-la porque, mais uma vez, havia interesses, interesses imobiliários que estavam com apetite, muito desenvolvidos para construírem ali mais vivendas, mais produto imobiliário, como se o crescimento não tivesse que ter regras e, sobretudo, não tivesse que entrar numa fase de abrandamento.
Porquê? Porque nós temos a natureza, nós somos seres sociais, mas nós vivemos da natureza. Nós temos que proteger a diversidade biológica, portanto, a fauna, a flora e há ali muitas espécies. Aquilo é um ecossistema, Um ecossistema de grande riqueza biológica que importa preservar.
E, portanto, nós não podemos cometer o erro que foi cometido em Espanha. O Sul de Espanha está todo urbanizado. Perdeu valor. Olhemos aqui para Albufeira. Albufeira urbanizou-se, mas perdeu valor. Hoje, vale mais uma casa comprada em Quarteira do que em Albufeira.
Portanto, uma má política de urbanização, deixar que se cresçam casas de todo lado, a prazo traz-nos problemas que depois não têm solução fácil. O produto desvaloriza. Aqueles que investiram aqui porque era uma terra equilibrada, onde se vivia bem, com muito mais pessoas, sem espaços naturais para poder passear, para purificar a atmosfera, para, enfim, todos esses serviços que são prestados pela natureza e dos quais nós dependemos para ter uma vida com qualidade, perdem-se se entrarmos numa política de urbanizar tudo o que está em frente ao mar. Então vai tudo abaixo.
Vai o dinheiro, as linhas de água secam-se e, portanto, chega. Há muita gente em todo o mundo que já percebeu que esse não é o caminho futuro do desenvolvimento.
Porque estava ali um bem muito grande, tomámos a decisão, e bem, de criar ali uma reserva natural local. Mas, ao fazer isso, porque vivemos num Estado de direito, vivemos numa democracia, nós tivemos que respeitar os Planos de Ordenamento da Orla Costeira, os POOC, que foram aprovados por entidade competente para isso, que é a APA (Agência Portuguesa do AMbiente). A APA aprovou os POOC com os planos de praia. E os planos de praia têm, em muitas circunstâncias, os apoios de praia. Portanto, qual é o valor dos apoios de praia? É um negócio? É. Mas é um negócio também que serve às pessoas que frequentam as praias. As pessoas precisam beber água, precisam ficar um bocadinho à sombra a descansar, precisam satisfazer as suas necessidades fisiológicas e, portanto, os apoios de praia devem existir onde há praias. Porque fazem falta, todos nós sabemos isso. Portanto, ali, aquele apoio de praia foi aprovado pelo POOC. Ora, a Câmara de Loulé não tinha competência para dizer não, você aí não constrói. Está aprovado no POOC por quem tem legitimidade e a responsabilidade, no tempo próprio, de aprovar. Está lá. Nós, perante o projeto do investidor, não podemos dizer que não. Temos que dizer se aquilo cumpre as regras, mas dizer que não pode ser aí, não podemos.
Depois tem o estacionamento grande ali. Qual é o interesse do estacionamento, que é um estacionamento para 300 veículos. Qual é o interesse? É que, em vez de irem à praia, como quem conhece a zona, estacionam os carros ali por todo o lado ou ao pé dos pinheiros, entram por ali adentro e aquilo é um caos no verão, quando as pessoas vão ali à praia. Agora não. Fica ordenado. Os carros que para ali se dirigirem têm um parque de estacionamento e é ali, e em mais lado nenhum, que vão estacionar os carros.
Esse estacionamento foi localizado num local onde não precisa derrubar muitas árvores. São 23 árvores que são derrubadas, mas são plantadas em compensação 130 árvores. Espécies adaptadas àquele local. Derrubamos 23 e plantamos 130.
Portanto, nós não podíamos dizer que não. E há compensação da parte do investidor. E vai ser um bom equipamento e vai servir às pessoas que vão àquela praia. Mas vão àquela praia em condições de comodidade, de segurança e tudo isso.
Por outro lado, há lá um lote para um hotel. Quando nós delimitámos a área da reserva natural local, nós pensámos: Este lote que tem direitos constituídos. É um lote que vem da década de 70, 1971. É um lote e, portanto, o investidor tem direito a construir lá. Eu, por mim, não aprovava a construção, tota aquela área seria reserva natural mas eu vivo num Estado de direito. Eu tenho que respeitar as leis do meu país. Eu e qualquer presidente de câmara. Portanto, eu não podia dizer que não ao investidor. Ou então pagávamos. Vamos lá sentar. Isso aí não pode ser construído. Vamos lá negociar quanto é que o senhor me pede por um lote. E então nós iríamos negociar. Não faço ideia de quantos milhões. A câmara tem muito dinheiro? Sim, mas não tem dinheiro para tudo. Como é óbvio, não é? E, portanto, nós, quando desenhámos a reserva natural, deixámos esse lote. Sabemos que um dia vai ser construído dentro da reserva ou fora. E eu disse não. Vamos deixá-lo dentro. Porque assim, se ele fica dentro, eu vou ter condições de exigir ao investidor que ele faça um projeto, o mais possível, em harmonia com o espaço natural onde se vai inserir. E foi essa a ideia pela qual aquele lote ficou dentro da reserva natural. Porque assim, eu ou aquele que vier a seguir a mim, quando sentar à mesa para olhar para o projeto do hotel que vai ser ali construído, vai-lhe impor condições. O Presidente da Câmara vai poder dizer que tem que pôr aí um modo de tratamento de árvore, tem que pôr painéis fotovoltaicos, tem que plantar aí não sei quantas árvores, tem que ceder isto e ceder aquilo, e por aí fora. Portanto, esta é a história.
Em suma, tudo somado, quer o apoio de praia, quer o lote do hotel, da área total dos 135 hectares, representa 3% da área total. 3% da área da reserva vai ser ocupada por o apoio de praia e por o hotel. Portanto, nem sequer é muito significativo. Foi uma boa decisão. Estou seguríssimo da decisão que tomámos na Câmara.
As comemorações do 26.º aniversário serão retomadas no início do mês de junho, uma vez que, devido ao período que antecede as eleições legislativas de 18 de maio, não é recomendável a realização de atos públicos.
O evento é uma organização conjunta da Junta de Freguesia de Quarteira e da Câmara Municipal de Loulé.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve
Categorias:Quarteira




