Artigo de Opinião de Jorge Matos Dias – Administrador do PlanetAlgarve

Portugal continua a arder, não apenas pelas chamas dos incêndios, mas pela inação perante as alterações climáticas. As imagens na televisão são devastadoras, mas as lágrimas não bastam. É preciso responsabilizar quem, movido pela “ditadura dos milhões”, ignora os avisos da ciência e aprova projetos que agravam a crise ambiental.
A Crise Climática e a Interferência Humana
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta há décadas que o aquecimento global intensifica fenómenos extremos, como secas, incêndios e erosão costeira. Um estudo publicado na Nature Climate Change (2022) confirma que a urbanização desregrada e a destruição de ecossistemas naturais amplificam estes impactos. Em Portugal, a construção desenfreada, como a nova Marina de Vilamoura, exemplifica essa negligência.
O Caso de Quarteira e a Lei da Natureza
A destruição da Praia do Forte Novo, em Quarteira, não foi um “acidente natural”, como defendem os autarcas, mas uma consequência previsível. A construção da nova Marina de Vilamoura altera a dinâmica sedimentar, provocando erosão a montante e a jusante. Investigadores da Universidade do Algarve já haviam alertado para este risco em relatórios técnicos ignorados pelos decisores. Quando os autarcas afirmam que “a natureza dita a sua lei”, omitem que essa “lei” foi distorcida pela ação humana.
Os Custos da Irresponsabilidade
A Ilha de Faro e a Praia do INATEL continuam agora em perigo, e os subsídios públicos, pagos por todos nós, serão usados para remediar danos evitáveis. Esta é a tragédia da “estupidez humana” citada no artigo original: privilegiar lucros a curto prazo em detrimento da sustentabilidade. Um relatório da Agência Europeia do Ambiente (2023) estima que os custos da inação climática na Europa podem chegar a 1,6% do PIB anual até 2100.
Educação e Esperança
Nem tudo está perdido. As escolas desempenham um papel crucial na formação de uma geração consciente. Programas como o Eco-Escolas (ABAE) mostram que as crianças podem ser agentes de mudança. Mas a esperança não basta sem ação política. É urgente que os decisores escutem a ciência, não os lobbies.
Conclusão
Portugal arde porque quem decide prefere milhões hoje a um planeta habitável amanhã. Às gerações futuras restará lidar com as consequências, a menos que exijamos mudanças já. A natureza não negoceia: ou a respeitamos, ou ela responde com força devastadora.
Artigo escrito na sequência deste: Aquecimento Global, Impermeabilização dos Solos e Soluções Inovadoras com muita raiva e muito irritado porque A ESTUPIDEZ HUMANA NÃO TEM LIMITES.
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