
No dia 3 de Setembro de 2025 o elevador da Glória descarrilou, resultando na morte de 16 pessoas, no despedimento de zero e na desculpabilização de quem estivesse mais perto.
Já em 2018 tinha ocorrido um descarrilamento, porém, tendo em conta que não houve mortes, também não houve relatório da Comissão de Investigação de Acidentes Graves. Entretanto houve manutenção geral, novo Conselho de Administração, arquivamentos, 7 natais, e a vida continuou. Nunca há uma morte para chamar a atenção a problemas quando é preciso.
A manutenção dos elevadores de Lisboa era feita exclusivamente pela Carris até 2007, sendo que depois com o serviço externo foi reduzida de 24 para 6 o número de pessoas afetas a essa atividade e as vistorias deixaram de ser em permanência e passaram a ser de apenas 30 minutos. Percebe-se. Afinal, para quê perder todos os dias tempo com algo usado todo o dia quando se pode perder meia horita e passar o resto do dia de papo para o ar?
Trabalhadores da Carris fizeram queixas ao nível de tensão dos cabos, a manutenção diária incluía inspeção diária do cabo de tração, na manhã do dia houve uma inspeção ao cabo, e a fim ao cabo foi o cabo dos trabalhos e ninguém sabe bem como um cabo deu cabo de tudo.
Após a tragédia, Carlos Moedas e Luís Montenegro prontamente vieram a público discursar. Luís Montenegro disse: “Nenhuma palavra será suficiente para atenuar a vossa perda”. Provavelmente tem razão, mas é difícil ter certeza tendo em conta que ele também nunca experimentou a palavra “desculpa”.
Carlos Moedas mencionou que “cada vez que há um aumento de carga há um aumento de manutenção”, o que se verificou ser falso; destacou que os custos com a manutenção da Carris aumentaram 30% no seu mandato, mas na verdade aumentaram só 18,8%; afirmou que Jorge Coelho se tinha demitido porque “tinha recebido informações no seu gabinete sobre problemas de manutenção” da ponte de Entre-os-Rios, o que também é mentira. Sinto que se crescesse o nariz ao Moedas por cada mentira recente haveria uma nova ponte para a margem sul.
No mesmo momento da última mentira ele afirmou que “toda a coragem, exatamente por ter essa informação, demitiu-se”, o que torna ainda mais flagrante o facto de Carlos Moedas ter rejeitado o pedido de demissão do presidente da Carris argumentando que “aqui ninguém foge”. Realmente. Talvez seja esse o problema, houve 17 pessoas que não conseguiram fugir do elevador.
É no mínimo interessante como a auto-demissão dos outros é um sinal de toda a coragem, mas quando está ao alcance dele é uma fuga covarde. Demissão no governo dos outros é refresco.
Segundo reportagens de 2024, Carlos Moedas alegadamente investiu o dinheiro da Carris na Websummit. Agora morreram 16 pessoas, mas pelo menos toda a gente ficou a saber que a Cristina Ferreira sabe o verbo to be.
A verdade é que o atual presidente da câmara de Lisboa sempre mostrou grande vontade de ter Lisboa a ser falada lá fora, e agora conseguiu.
Carlos Moedas prontamente veio a público dizer que “assume responsabilidade até ao fim da vida”. Isto significa que ele está morto?
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