Introdução:
O Centro de Dia da AHDPA (Associação Humanitária da Doença de Parkinson e Alzheimer), localizado no empreendimento turístico de Vila Sol, em Quarteira, oferece aos seus utentes diversas atividades de estimulação física e cognitiva. Dentre elas, destaca-se a acupunctura, aplicada segundo os princípios da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) pelo terapeuta Pedro Brandão, da Clínica Meridien (Falésia – Albufeira). Nesta entrevista, Pedro Brandão partilha os detalhes deste projeto pioneiro, os resultados alcançados e a recetividade dos utentes.



PlanetAlgarve (P): Qual é a atividade que está a ser desenvolvida aqui no centro?
Pedro Brandão (PB): Estamos a aplicar a Medicina Tradicional Chinesa, especificamente a acupunctura, como complemento no tratamento de utentes com Alzheimer. A direção da AHDPA mostrou-se aberta a esta iniciativa, cujo objetivo principal é melhorar a qualidade de vida dos utentes. O projeto começou em maio e terá a duração de seis meses, terminando em outubro.
P: Como tem sido a recetividade dos utentes? Havia receio inicial em relação às agulhas?
PB: A recetividade tem sido muito positiva. Claro que inicialmente houve alguma reticência, o que é normal. Mas, com paciência e explicação, os utentes foram ganhando confiança. O desafio é adaptar o tratamento à condição específica de cada um, mas no geral tem corrido muito bem.
P: Os utentes já notaram resultados?
PB: Sim, sem dúvida. Alguns começaram mesmo a fazer fila para as sessões. Isso é um sinal claro de que sentem benefícios.
P: Quais são as principais aplicações da acupunctura no centro?
PB: A maioria dos utentes procura alívio para dores e desconfortos. A acupunctura atua sobretudo no controlo da dor crónica, mas também ajuda noutras questões, como ansiedade e bem-estar geral.
P: Quantos utentes têm sido tratados semanalmente?
PB: Em média, tratamos cerca de 6 utentes por dia, com sessões individuais de aproximadamente 45 minutos. Dependendo da recetividade, por vezes precisamos de mais tempo para explicar o processo, mas faz parte do desafio e da aprendizagem.
P: Quais têm sido os casos de maior sucesso?
PB: Os maiores sucessos estão no controlo da dor crónica. A MTC é excelente como complemento, não como substituto de outros tratamentos. Ajuda a reduzir a intensidade da dor ou a fazê-la desaparecer por períodos significativos. É importante salientar que o tratamento deve ser acompanhado por mudanças no estilo de vida, como mais exercício, hidratação e descanso.
P: Tem algum feedback específico dos utentes ou da equipa do centro?
PB: Eles mostram-se muito satisfeitos. O facto de fazerem fila é a melhor prova. Também recebo feedback positivo da equipa do centro, que nota melhorias nos utentes. Ninguém é obrigado a participar – são eles que procuram espontaneamente o tratamento.
P: E a direção da AHDPA está satisfeita com os resultados?
PB: Sim, a direção tem apoiado e mostrado interesse em continuar. É uma mais-valia para o centro e para a associação, pois não é comum encontrar este tipo de terapias complementares em instituições como esta.
P: Este projeto está inserido em que contexto?
PB: Faz parte do meu complemento de formação no curso de Medicina Internacional de Ciência da ESMTC – Escola de Medicina Tradicional Chinesa em Lisboa. É uma forma de aplicar os conhecimentos em contexto real e contribuir para a comunidade.
P: Esta é a sua primeira experiência prática?
PB: Não, já exerço há algum tempo na Clínica Meridian – Medicina Tradicional Chinesa, na Falésia. Este projeto no centro é um complemento muito enriquecedor para mim, tanto a nível profissional como humano.
P: Como é que as pessoas podem recorrer aos seus serviços na clínica?
PB: Podem contactar-nos diretamente na clínica ou através das nossas redes sociais. Funcionamos muito através do boca-a-boca, que é a nossa melhor publicidade. Temos tido muitos casos de sucesso, não só em dor crónica, mas também em infertilidade, ansiedade e outras questões.
P: Os vossos pacientes são maioritariamente locais ou turistas?
PB: Felizmente, não dependemos do turismo. Temos muitos pacientes locais e de outras regiões do país, como o Alentejo e até do Norte. É gratificante poder ajudar tantas pessoas.
Conclusão:
O projeto de acupunctura no Centro de Dia da AHDPA tem sido um exemplo de sucesso na integração de terapias complementares em instituições de apoio a doenças neurodegenerativas. A satisfação dos utentes e o apoio da direção reforçam a importância de iniciativas inovadoras que melhoram a qualidade de vida da comunidade.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve




