Albufeira

Primeiro dia de trabalho de Rui Cristina, novo presidente da autarquia de Albufeira

O novo Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Rui Cristina, assumiu hoje funções e, no seu primeiro dia de trabalho, fez questão de deixar muito claras aquelas que considera serem as prioridades estratégicas do município para os próximos anos.

Em declarações à comunicação social, o autarca sublinhou que, apesar de existirem áreas que não são diretamente da competência municipal, como é o caso da saúde, isso não o demove da intenção de agir. “Faz mais quem quer do que quem pode”, afirmou, realçando que a Câmara tem margem para criar instrumentos complementares, parcerias e programas de apoio, mesmo em setores onde o Governo central detém a responsabilidade primária.

A saúde surge como a primeira grande bandeira. Em Albufeira existem atualmente cerca de 18 mil utentes sem médico de família, um número que o Presidente considera inadmissível. Nesse sentido, revelou que pretende desenvolver uma parceria público-privada com o setor social, nomeadamente com as Santas Casas da Misericórdia, seguindo modelos já amplamente testados noutras autarquias portuguesas. O autarca dá o exemplo do programa “Bata Branca”, onde municípios suportam financeiramente a contratação de médicos para consultas primárias, dirigidas a população sem médico de família. “O objetivo é que, no primeiro ano da implementação desta estratégia, se consigam garantir mais de 12 mil consultas”, disse, sublinhando que a solução não será imediata, mas é exequível e já foi aplicada com resultados noutros pontos do país.

Outra prioridade anunciada é a habitação. O Presidente recordou que, durante o período eleitoral, foi várias vezes referido que existiam bolsas de terrenos municipais já preparadas para construção. Agora, diz, é preciso confirmar essa informação internamente. Caso se verifique que existem terrenos disponíveis, a autarquia pretende dar início ao processo de urbanização para construção de habitação acessível. O edil acredita que esta matéria é essencial para travar o êxodo de famílias jovens e trabalhadores para locais em concelhos vizinhos, como Armação de Pêra (Silves) ou até localidades fora do Algarve.

O novo Presidente foi também confrontado com a questão das expetativas da população, consciente de que muitos problemas – entre eles a insegurança – não são resolvidos “ao virar da esquina”. O autarca reconheceu a urgência, mas salientou que não quer trabalhar “às cegas”. Por isso, uma das primeiras medidas será a realização de uma auditoria procedimental e financeira. “Temos de saber como está a casa”, explicou, frisando que não se trata de uma auditoria política ou de caça às bruxas, mas de uma ferramenta técnica essencial para definir prioridades com rigor.

O estatuto de Albufeira enquanto Cidade Europeia do Desporto é outra frente que requer atenção imediata, até porque os eventos arrancarão dentro de poucas semanas. O Presidente afirma que irá rever o programa já delineado pela anterior gestão, reunindo com todos os responsáveis para avaliar o que pode ser alterado e o que deverá manter-se. O objetivo, assegura, é garantir que o evento não é apenas mais um cartaz turístico, mas sim uma oportunidade para envolver os residentes, reforçar o tecido associativo local e melhorar as condições de prática desportiva.

O autarca também admitiu que a cidade tem sido demasiado orientada para o turismo, esquecendo, em certa medida, quem cá vive todo o ano. “Estou consciente de que o turismo é o motor económico do concelho”, disse, “mas a nossa prioridade é dar melhores condições a quem cá reside”. Entre essas medidas inclui-se o reforço da segurança, sobretudo na zona noturna da Rua da Oura e na baixa. A intenção, afirma, é trabalhar em equilíbrio com os empresários, mas equilibrando interesses e melhorando o perfil do visitante. O município não quer reduzir fluxo turístico, mas quer atrair turismo com maior poder económico, mais familiar e mais estável.

No curto prazo, além da auditoria, a Câmara pretende reforçar a Polícia Municipal, abrir concurso para novos efetivos, melhorar a limpeza urbana e renovar mobiliário urbano. “São pequenas medidas que podem ter um impacto visível e imediato”, disse, garantindo que, dentro de seis meses, fará um balanço público do que foi concretizado, para que a população possa medir resultados concretos.

A ambição, afirma, está lançada. Agora é transformar promessas em ação. O relógio começou a contar…

Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve

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