Opinião

Sem saúde para isto, por Rafu

Rafu

Algumas pessoas dizem que o Luís Montenegro esconde imóveis, mas a Ministra da Saúde está bem à vista e parece que nunca a vemos a mexer-se e, quando o faz, parece que mais valia estar quieta.

Após várias grávidas darem à luz fora do hospital, Ana Paula Martins, ministra da Saúde, afirmou que isto acontece porque muitas não falam português, não têm telemóvel e não estão a ser acompanhadas. Se o primeiro critério para alguém ser bem atendido é falar português, os bebés estão em maus lençóis. É que eu nunca vi um recém-nascido que soubesse falar.

É estranho que o segundo critério seja ter telemóvel, sendo que numa consulta de planeamento familiar raramente se fala da quantidade de gigas.

É algo estranho que fala em telemóveis tratando-se da mesma pessoa que em 2024 esteve debaixo de críticas após a morte de 12 pessoas quando o sistema de emergência esteve com problemas, impossibilitando que pessoas pudessem ligar e serem atendidas devido a uma greve. Na ocasião, tentaram contactar a ministra durante dias, sendo que assim que ela marcou reunião, o sistema voltou a funcionar. Geralmente marcam-se reuniões para resolver problemas que podiam ser resolvidos por email. A ministra ignorou os emails para resolver por reunião.

12 pessoas morreram por falta de pachorra duma ministra para falar com pessoas, mas de acordo com a Ana Paula, “se houve coisa que não fizemos, foi negligenciar ou abandonar o INEM”. Se calhar houve muito mais coisas que não fizeram.

Entretanto, e perante tudo aquilo que aconteceu, houve uma investigação… liderada pela própria ministra. Boa lógica, porque não numa próxima pôr o Fábio Cigano a investigar a fuga da prisão? É como pedir a um lobo para guardar as ovelhas. Espero que ela tenha um bom detetive particular, porque investigar a si própria pode ser um pouco complicado.

Quanto a grávidas não serem acompanhadas, além de já se ter provado que muitas das grávidas em questão estavam a ser vistas por médicos há bastante tempo, se calhar seria de esperar que alguém tivesse responsabilidade de garantir acompanhamento de gestantes. Se pelo menos existisse alguma pessoa encarregada de um ministério que pudesse fazer alguma coisa…

Ainda há pouco tempo a ministra anunciou que ia mudar o nome do Instituto Nacional de Emergência Médica para Autoridade Nacional de Emergência Médica, o que tornaria mais fácil fingir que a ministra da Saúde teria algum tipo de autoridade para estar no cargo.

Só assim a ministra da saúde conseguiria acabar com os problemas no INEM.

Mais tarde, o governo veio a público dizer que afinal isso não iria acontecer, o que faz sentido. Seria estranho o governo mudar assim nomes das coisas. De repente só ocorre SEF para AIMA, FCT para AGSE, cortes passarem a ser otimizações e despedimentos passarem a ser oportunidades de carreira.

Luís Montenegro diz que a ministra da Saúde não fez greve um único segundo. É verdade, até porque quem faz greve tem interesse em melhorar alguma coisa.

O próprio ministério queixa-se que “há falta de recursos no INEM”, ao mesmo tempo em que o governo dá mais de dez milhões de euros para a construção de drones. Não se preocupem, se estiverem a morrer, podem sempre ter uma imagem espetacular vista de cima.

Apesar de todos os problemas, a ministra diz que tem a consciência tranquila, o que é surpreendente. Quem diria que ela teria disso?

Ela diz que não foge, não mente e não se esconde. Também não se despede, o que é chato.

A ministra diz que se considera “uma ministra que se levanta e trabalha para servir os portugueses”, resta saber o que ela nos quer servir.

Será que não daria para despedir a ministra Ana Paula Martins por motivos de saúde?

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