Quarteira

APALGAR celebra 50 anos da Independência de Angola com festa em Quarteira

A APALGAR – Associação de Amizade dos PALOP no Algarve promoveu na noite de ontem, 15 de novembro, um grande convívio da Dipanda em ambiente de festa para assinalar os 50 anos da Independência de Angola.

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A festa teve lugar no Salão da Checul, em Quarteira, e contou com as seguintes presenças: Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Telmo Pinto; Consulado Geral de Angola em Lisboa, representado por Isidro Adriano, Vice-Cônsul para as Comunidades e Arlete Nogueira, Agente Consular para o Sector das Comunidades; Presidente da APALGAR, Francisco Sales; Presidente da Associação Ondjo Yeto, Fernanda Matias.

A sala foi irrepreensivelmente decorada com motivos angolanos, contou com uma exposição de mais de 100 fotografias dos 50 anos da Independência de Angola, facultadas pelo Consulado Geral e um mural pintado na manhã daquele dia pelo afamado artista plástico quarteirense, Menau.

Francisco Sales, Presidente da APALGAR, começou por agradecer à grande equipa de voluntários que transformou a sala naquele grande cenário angolano, lideradas pelas suas inestimáveis colegas de direção, Isabel Palha e Madalena Soleia, prosseguindo com a sua intervenção:

“Estamos aqui para celebrar o 50º aniversário da Independência de Angola, a Dipanda.

Portanto, reunimo-nos para celebrar um marco histórico: meio século de independência de Angola. Cinquenta anos atrás, em 11 de novembro de 1975, foi conquistada a liberdade, rompendo com o domínio colonial e traçando o próprio destino como nação soberana.

Este momento de celebração dos 50 anos da Independência de Angola, a Dipanda, deve ser inspirador, histórico e voltado para o futuro; deve destacar as conquistas do país, homenagear aqueles que lutaram pela independência e reforçar a importância da unidade e do progresso.

Recordamos o passado com gratidão e respeito.

Muitos dos vossos irmãos e irmãs deram as suas vidas pela causa da liberdade. Sonharam com uma Angola onde cada cidadão pudesse viver com dignidade, com oportunidades e com paz. A nossa presença aqui hoje é a prova de que o seu sacrifício não foi em vão. E deve continuar todo esse esforço.

Celebramos o presente com orgulho e consciência.

No meio de desafios e conquistas, Angola cresceu como nação. Angola ergueu-se, construiu infraestruturas, desenvolveu a sua economia e fortaleceu a sua identidade cultural. Mas este nosso país irmão ainda tem um longo caminho a percorrer para garantir que todos os angolanos tenham acesso a educação de qualidade, saúde, segurança e emprego digno.

O mundo olha para o futuro de Angola com esperança e determinação.

Os próximos 50 anos devem ser de união, de desenvolvimento sustentável e de inclusão. Angola deve como objetivo, apostar na juventude, no conhecimento e na inovação para transformar o país numa referência no continente africano e no mundo.

Que esta data inspire a continuar a trabalhar juntos por um país mais justo, próspero e pacífico. A independência não foi apenas um momento, mas um compromisso eterno com o povo nosso irmão.

Viva Angola! Viva a Independência!

Quero saudar a presença do senhor vice-cônsul para as Comunidades, a presença do novel Presidente da Câmara, Telmo Pinto e da Fernanda Matias, presidente da Associação Ondjo Yeto, em Olhão. Também queria aqui destacar o Daniel, que é um homem de todas as coisas que eu falei aqui no passado, que lutou pela independência do país.

Ele é também uma das pessoas que ajudou a formar a APALGAR, que existe há 25 anos. Temos feito trabalho, temos promovido eventos, temos tentado juntar a comunidade angolana aqui em Quarteira e não só. Há, de facto, o objetivo da inclusão.

Hoje fala-se tanto de imigração, não estamos incluídos, estamos dispersos. Por isso tudo, a nossa obrigação e preocupação tem sido promover esta inclusão.

A APALGAR com mais 2 associações, a já referida Ondjo Yeto e a AANGA, de Albufeira, estas três associações têm procurado incluir, não excluir ninguém e tentar integrar a sociedade portuguesa com os meios que nós dispomos. Não são muitos, mas são alguns”.

Isidro Adriano, Vice-Cônsul para as Comunidades junto do Consulado Geral de Angola em Lisboa

“Trouxe aqui uma pequena mensagem, muito curta, para apresentar neste nosso dia, em nome de Sua Ex.ª a Embaixadora, Vicência de Brito. Antes da mensagem, eu queria agradecer o convite que nos foi formulado para testemunharmos este evento valioso, alusivo aos 50 anos da nossa independência. Todos sabem pela História que o povo angolano viveu momentos difíceis que hoje fazem a História. O facto que orgulha todo o angolano a enveredar pela união, pelo patriotismo, pela preservação da paz e da própria independência.

Para a consolidação da independência, depois da luta que Angola teve com o colonialismo português, conquistámos a vitória. Essa vitória justificou-se pela proclamação da independência a 11 de novembro de 1975.

Mas mesmo assim, mesmo com essa vitória, o povo angolano ainda viveu momentos difíceis, atravessou grandes obstáculos, muitas dificuldades que se resumiram na guerra, onde muitos jovens perderam as suas vidas, muitas famílias ficaram dispersas, muitos morreram. Enfim, essa vitória continuou durante 17 anos. Mas o povo angolano ficou unido, não recuou. Continuou até chegar ao fim. Na linha da frente, os seus filhos ficaram unidos, lutaram e conseguiram derrotar as forças sul-africanas. A nossa luta estaria com a libertação de todos os países da região. Mesmo assim, Angola não parou porque a guerra continuou.

Felizmente, no dia 4 de abril de 2002, conseguimos conquistar a paz e foi a partir daí que nós começámos a viver esta alegria que aqui estamos a comemorar, esta paz que estamos a viver. Estamos agora com 23 anos de paz, mas mesmo assim ainda continuamos com muita dificuldade. Então, qual é o conselho? É que devemos falar pouco porque já vinhamos falando desde criança até hoje. Então, agora todos nós devemos nos unir, vamos nos reconciliar, vamos nos juntar. Cada um de nós deve sentir-se responsável para poder mudar agora, para poder fazer Angola um ninho de sossego para todos os angolanos.

Fazer com que Angola seja um íman que atraia tanto a nossa juventude, que por qualquer razão teve que abandonar o país. Vamos todos fazer com que todos esses nossos jovens regressem ou mesmo estando fora do país, a partir do ponto onde estiverem, contribuindo para o desenvolvimento do seu país. Isso só é possível se nós todos tivermos um só coração, a parte do coração.

Crianças, jovens, mais velhos, todos unidos para podermos desenvolver o nosso país, para podermos beneficiar das riquezas do país, dos recursos que o país tem. Eu sei que temos muitos jovens aqui capazes de contribuir nesse desenvolvimento da nossa nação, capazes de fazer com que as suas gerações sejam um mundo diferente. O nosso país é rico, o nosso país tem tudo, o nosso país tem todos os recursos necessários para fazer com que cada angolano viva melhor.

Mas é necessário que cada um de nós trabalhe, cada um de nós contribua, cada um de nós sinta-se como cidadão nacional e, mesmo onde estiver, faça aquilo que puder fazer para desenvolver o nosso país. Por isso, meus jovens, eu tenho que louvar a vossa iniciativa e isso só mostrou que os 50 anos que celebrámos dia 11 passado, não passaram em vão. Foi um período de muita experiência, um período de articulação de muitas experiências que resultaram na iniciativa de organizar este evento. O jogo que se realizou no Barreiro foi alusivo a estes 50 anos da nossa independência. Não importa quem ganhou, todos nós ganhámos.

Em abril, vão fazer o vosso melhor. Por isso, eu solicito a todos para que continuem a respeitar as leis locais do país acolhedor, continuem com essa boa interação com a câmara municipal, com as autoridades locais, as associações que se dinamizem mais para poderem fazer o seu melhor. Continuem acompanhando o desenvolvimento do nosso país para poderem, principalmente a nossa juventude, trazer a informação real, a situação real da Angola, que poucos conhecem. São vocês, os jovens, que devem trazer essa informação real para o exterior, para os nossos angolanos, para as nossas crianças, para poder incentivar aquele amor à nossa pátria.

Um angolano nunca fala mal do seu país. Pelo contrário, ele procura soluções para poder resolver os problemas que fazem com que muitos angolanos abandonem o país. Quem precisa procurar soluções? Quem vai procurar soluções? Somos todos nós aqui presentes.

Por isso, eu felicito todos aqui presentes, mesmo debaixo da chuva, que vieram aqui para festejar os 50 anos nessa nossa independência”.

O Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Telmo Pinto, começou por sublinhar que este foi o seu primeiro ato público enquanto novo autarca louletano. Valorizou muito esta iniciativa e as associações congéneres pelo seu envolvimento na inclusão das comunidades africanas no Algarve. Por outro lado, manifestou a disponibilidade da câmara de Loulé no sentido de procurar valorizar aquele espaço para acolher com melhores condições e mais conforto os participantes das iniciativas que ali decorrem frequentemente.

Isarina João recitou, com mestria surpreendente e grande emotividade, um poema escrito por si alusivo à data, intitulado Ibana.

Seguiu-se a entrega de medalhas a todos os elementos da equipa da APALGAR que participou no Torneio da Dipanda, integrado nas comemorações do 50º aniversário da Independência de Angola. Receberam igualmente medalha o presidente da APALGAR, Francisco Sales e Jorge Matos Dias, do PlanetAlgarve pela cobertura jornalística da participação da equipa no torneio.

Valentim Andrade, porta-voz da equipa da APALGAR

“Sou membro e jogador da equipa. Estou aqui para agradecer a presença de todos do nosso lado que tiveram a habilidade de organizar este torneio pelos 50 anos da independência de Angola.

É muito bom quando, afinal de contas, existe uma comunidade que lembra as pessoas que existem fora de Angola. E quero agradecer ao nosso presidente da equipa, Lito e ao nosso vice-presidente Carlos Rocha, que tiveram essa possibilidade de convocar-nos para essa participação no torneio, participação que valeu a pena porque estamos a falar de Angola. Por ser o nosso país, nós temos que dar o braço a torcer por um país que é o nosso, que nos ajudou a crescer, que nos ajudou a vencer.

E falar de Angola é falar de todos nós que estamos cá presentes. Independentemente, tem pessoas que não são angolanas que estão ligadas com alguém que é angolano e isso é muito bonito.

Dizer que estamos aqui para receber as medalhas de participação. Nós não somos os campeões do torneio, mas vamos receber a medalha da participação. Isso também é muito bonito.

Essa medalha vai ficar comigo no coração porque eu vou dizer assim ao meu filho: – Olha, essa medalha eu ganhei no torneio em que eu participei em 2025, no Barreiro, pelos 50 anos da independência de Angola.

O meu filho irá dizer que o seu pai concorreu assim em 2025. É muito bonito. O Dica não está aqui. Os filhos deles estão assistindo isso. Os netos vão vir e vão falar: – O meu avô em 2025. Isso é muito bonito. E mais uma vez obrigado, obrigado do coração”.

Logo de seguida, os presentes entoaram em coro o Hino da República de Angola.

Teve então lugar ao jantar com o melhor da gastronomia tradicional Angola, após o qual procedeu-se ao corte do bolo e brinde com champanhe.

O convívio prolongou-se em ambiente de festa com muita dança ao som do DJ Pedro Leda e do DJ Yto.

Um destaque para a coreografia a rigor ao som do espantoso tema ‘Zungueira’, de Irmã Sofia, que já merecia estar nos Tops de todo o mundo.

Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve

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