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Por que é que os portugueses estão a gastar mais em casinos online em 2025?

Em 2025, o jogo online é um dos setores digitais mais dinâmicos em Portugal. Os relatórios trimestrais do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) mostram que a receita bruta dos jogos e apostas online rondou os 284,7 milhões de euros no primeiro trimestre do ano e subiu para cerca de 287 milhões de euros no segundo trimestre.

Mantendo, assim, o mercado em patamares historicamente elevados, apesar de alguma desaceleração face ao final de 2024. Em paralelo, os últimos dados indicam que as receitas brutas totais do jogo online em 2025 já ultrapassaram 1,23 mil milhões de euros, um crescimento na ordem dos 12% em relação a 2024.

O que confirma que o setor continua a atrair mais utilizadores e maior volume de apostas. Muito para além do efeito novidade, há uma combinação de fatores económicos, tecnológicos, regulatórios e comportamentais que ajuda a explicar por que é que, neste momento, os portugueses estão efetivamente a gastar mais em casinos online.

Ao mesmo tempo, a digitalização da vida quotidiana, do trabalho ao entretenimento, torna o acesso às plataformas de jogo mais fácil e mais frequente. Com um mercado regulado, fiscalmente relevante e tecnicamente sofisticado, a questão deixa de ser apenas quanto se joga e passa a ser por que se joga mais e de que forma esse aumento se reflete nas contas das famílias e do Estado.

2025 em números: Um mercado online maduro e em crescimento

Os números oficiais ajudam a perceber a dimensão do fenómeno. De acordo com os relatórios de atividade do SRIJ, a receita bruta dos jogos e apostas online em Portugal atingiu 284,7 milhões de euros entre janeiro e março de 2025, um recuo face ao trimestre anterior, mas ainda assim um aumento de 9,1% em relação ao mesmo período de 2024.

No segundo trimestre, o setor recuperou ligeiramente, para cerca de 287 milhões de euros, sinal de estabilização em patamares elevados após o recorde de 323 milhões no último trimestre de 2024. A leitura em ano completo é ainda mais clara. Os dados do regulador apontam para receitas brutas agregadas superiores a 1,23 mil milhões de euros em 2025.

O melhor registo de sempre no mercado português. Trata-se de um mercado maduro, com dezenas de licenças ativas e um grande número de entidades exploradoras, num contexto em que os jogos de fortuna ou azar online representam a maior fatia da receita, à frente das apostas desportivas à cota.

No interior desta realidade, o póquer online ocupa uma posição particular. Embora represente apenas uma pequena percentagem do total de apostas de jogos de fortuna ou azar, cerca de 1,3%, segundo os relatórios do SRIJ, continua a mobilizar uma comunidade muito fiel, com interesse em torneios regulares, cash games e conteúdos de estratégia.

Muitos destes jogadores organizam a sua atividade em torno de sites e redes de poker online, onde acompanham calendários de torneios, partilham dicas e analisam estatísticas, o que acaba por aumentar o tempo de jogo ao longo do ano para quem participa de forma recorrente.

É a conjugação desta base alargada de utilizadores, da multiplicidade de modalidades disponíveis e da consistência das receitas que permite afirmar que o mercado não está apenas em expansão pontual. Está, em 2025, num patamar estruturalmente mais elevado do que há poucos anos.

Do sofá ao telemóvel: A força da internet e dos novos hábitos digitais

O aumento da despesa em casinos online não pode ser separado do contexto tecnológico português. De acordo com o Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Famílias, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 90,6% dos agregados familiares em Portugal tinham acesso à internet em casa em 2024.

Um valor que se aproxima da quase universalidade em muitos segmentos etários. A ANACOM, por sua vez, sublinha que mais de 90% das famílias utilizam serviços de acesso à internet, fixo ou móvel, o que confirma a centralidade do mundo online no quotidiano.

Este ambiente cria um terreno fértil para todo o tipo de entretenimento digital. Streaming, redes sociais, videojogos e, para uma parte dos adultos, casinos e apostas online. O telemóvel transformou-se no ecrã de lazer por excelência, sempre à mão, sempre ligado e com aplicações que permitem entrar num jogo de slots, numa mesa de blackjack ou num torneio de póquer em poucos segundos.

As plataformas de jogo online tiraram partido dessa realidade. Interfaces pensadas para utilização em ecrãs pequenos, tempos de carregamento reduzidos, autenticação simplificada e métodos de pagamento instantâneos encurtam a distância entre a intenção de jogar e o início efetivo da sessão.

Se antes o casino exigia deslocação e tempo dedicado, agora há quem jogue em intervalos curtos do dia, no fim da noite, no sofá, ou entre tarefas, o que aumenta a frequência semanal de utilização. Mesmo que o valor médio de cada aposta seja modesto, a soma de muitas sessões dispersas pode elevar o gasto total anual por jogador.

Regulação e confiança no jogo licenciado

Outra peça essencial para entender o aumento do gasto em casinos online é o enquadramento regulatório. Portugal foi um dos primeiros países europeus a construir um modelo de regulação do jogo online relativamente claro e estável, com licenças específicas, requisitos técnicos exigentes e publicação regular de dados estatísticos por parte do SRIJ.

Esse modelo tem impacto direto na confiança. Quando sabem que estão a jogar em operadores licenciados, sujeitos a regras de prevenção de branqueamento de capitais, de proteção do jogador e de auditoria dos sistemas, muitos utilizadores que antes recorriam a plataformas informais migram para o mercado regulado.

Ao mesmo tempo, o controlo apertado sobre pagamentos e levantamentos, a existência de mecanismos formais de reclamação e o reforço dos instrumentos de jogo responsável criam um ambiente em que o adulto que decide jogar sente que a sua experiência é mais previsível e protegida.

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