
Saiu uma notícia indicando que um chefe da PSP vai a julgamento por 14 crimes de violência doméstica. Sei que a polícia costuma estar em contacto com criminosos, mas não deveria ser do outro lado das grades?
Este caso ainda se torna mais gritante tendo em conta que este polícia trabalhou numa unidade específica de violência doméstica. Talvez seja antiquado, mas acho que a polícia não deveria conhecer os crimes na ótica do utilizador.
Ainda este ano dois agentes da PSP foram detidos por suspeita de tortura, sendo que alegadamente um deles terá tentado sodomizar uma pessoa com um bastão. Muitos políticos este ano fizeram campanha por um policiamento de maior proximidade, mas ainda assim acho que há limites.
Em novembro foi desmantelada uma rede de exploração de imigrantes que controlava cerca de 500 pessoas na qual participaram dez GNR e um agente da PSP. Os dez militares da GNR que foram detidos voltaram ao serviço por falta de transcrição de escutas telefónicas. Afinal, é isto que se quer, ter policiais suspeitos de tráfico humano no ativo só porque ninguém se deu ao trabalho de escrever áudios.
Em junho soube-se que um chefe da PSP era líder de um grupo neonazi para o qual um militar da GNR e um fuzileiro da Marinha forneceram equipamentos e armas, tendo outros militares dado formação sobre uso de armas de fogo e movimentos de combate. Um só polícia não era suficiente, tinham de ter mais elementos da polícia nazional.
Percebe-se porque a polícia costuma estar presente nas manifestações de neonazis; alguns inclusive costumam estar em trabalho.
Perante toda esta situação, a Ministra da Administração Interna pediu que “não se confunda a árvore com floresta”. Realmente, não se pode confundir a árvore com a floresta, o problema é saber que paus não nos vão cair em cima.
Entre 2014 e 2023, 64 agentes da PSP e GNR tinham sido expulsos, mas em Julho de 2025, 122 polícias que cometeram crimes graves continuavam em serviço. No espaço de 10 anos, verificou-se a condenação, por crimes em geral, de 377 militares da GNR, sendo que 271 ainda exercem funções. Podem ser só meia dúzia de paus, mas já têm peso suficiente para causar dor nas costas.
A Ministra diz que “a melhor forma de garantir que isto não acontece num país como o nosso é honrar as nossas instituições” e, como tal, perante uma proposta de aumento do subsídio de patrulha da PSP e GNR, teve o seu partido a votar contra. Não há nada que honre mais uma profissão.
Já o Chega, um partido que está constantemente a discursar que defende a polícia, que há que valorizar os polícias, e que só eles falam disso, em primeira instância votou contra. Depois mudou de ideias e votou a favor. Gostam muito dos polícias, mas não ao ponto de decidir logo se merecem que lhes deem mais dinheiro.
Constantemente as forças de segurança parecem estar fardadas a mais do mesmo.
Num ano em que grande parte dos políticos falou de segurança, em confiança no trabalho policial, na falta de polícias e na falta de mais trabalho deles perto do povo, temos recorrente casos de abusos que minam qualquer esforço para os tentar valorizar. Pouco ou nada se faz para evitar notícias semelhantes, os que dizem proteger a polícia abstêm-se e o combate ao crime mantém-se uniforme.
Categorias:Opinião




