Saúde

Associação Portuguesa de Osteoporose alerta que dois terços das fraturas da coluna não são identificados

“Dia Mundial da Luta Contra a Osteoporose” | Prevenção e monitorização são palavras de ordem na doença que afecta 800.000 portugueses

Corrida Caminhada

Corrida Caminhada 

  • Dor nas costas, perda de altura ou arredondamento da coluna vertebral são sintomas que não se restringem ao factor idade
  • Segundo estudo da Fundação Internacional de Osteoporose custos para a toda UE poderão aumentar 25% entre 2010 e 2025.
  • Cálcio, Exercício Físico e Vitamina D asseguram uma estrutura óssea saudável
Rastreios

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Por ocasião do Dia Mundial da Luta Contra a Osteoporose, marcado no dia 20 de Outubro, a Associação Portuguesa de Osteoporose (APO) apela à prevenção da doença que hoje afecta 800.000 portugueses e alerta para a prevenção da saúde dos ossos em todas as idades e monitorização da densidade óssea, especialmente a partir dos 50 anos, idade em que mais de 80% de todas as fracturas são causadas por osteoporose.

Segundo Fátima Borges, Secretária- Geral da APO, “Persiste o desafio de identificar fractura causadas pela osteoporose. Por exemplo dois terços das fracturas da coluna não são identificados ou tratadas, apesar de quase todas causarem alguma dor. As pessoas podem equivocadamente acreditar que os sintomas das fracturas da coluna vertebral – dor nas costas, perda de altura ou arredondamento da coluna vertebral – são apenas efeitos da idade”.

A Osteoporose é, por definição, uma doença silenciosa que, por vezes, apenas se manifesta através da fractura óssea, nomeadamente vértebras, pulsos e anca. A monitorização e gestão são vitais para evitar o “efeito cascata” da doença pois cerca de 50% das pessoas com uma fractura devido a osteoporose terá outra e estatísticas apontam que, por exemplo, 20% de quem sofre uma fractura da anca tem uma morte prematura no espaço de um ano.

Atuando de forma assintomática, a osteoporose acelera a fragilização dos ossos e o factor principal de risco é a queda dos estrogénios (hormonas femininas produzidas pelo ovário) que ocorre na mulher durante a menopausa, contudo outras doenças poderão contribuir para o enfraquecimento dos ossos – nomeadamente quando tomada medicação crónica – bem como a questão da hereditariedade acaba por pesar.

Foi há cerca de 110 anos atrás, em 1903, que o primeiro artigo sobre Osteoporose foi publicado numa revista científica na Nova Zelândia, versando sobre um quadro “peculiar, que secava o óleo e a humidade dos ossos, tornando-os quebradiços e propensos a quebrar a qualquer momento”. Só em 1930, o investigador Fuller Albright e colegas associaram, pela primeira vez, esta doença à menopausa, mas hoje os cientistas sabem que a osteoporose afecta os seres humanos de ambos os sexos e de praticamente qualquer idade, embora a doença seja mais comum entre adultos que passaram da meia-idade.

Neste sentido Fátima Borges, salienta “é certo que as mulheres são as mais afectadas, mas especialmente em caso de fractura da anca, a taxa de mortalidade nos homens regista-se mais elevada pois estatísticas ditam que 28% mulheres e 37% dos homens que sofrem esta tipologia de fractura acabam por falecer num espaço de um ano”

Dados de um recente relatório publicado pela Fundação Internacional de Osteoporose, relativamente à União Europeia, assinalam que os custos económicos na saúde são crescentes: custo anual resultante de novas fracturas e fragilidade óssea é de 37 mil milhões de euros – 66% novas fracturas, 29% para cuidados a longo prazo e 5% para a prevenção farmacológica. Estes custos devem aumentar em 25% entre 2010 e 2025.

Constituindo um problema grave de saúde pública e carga acrescida para o Serviço Nacional de Saúde, quer em cuidados médicos, quer em protecção social, a APO apela assim à urgência de um amplo plano de prevenção da Osteoporose, que passa por assegurar uma ingestão contínua de alimentos ricos em cálcio, como o leite e seus derivados, pela prática de exercício físico adequado a cada idade, e pela introdução de Vitamina D, que poderá ser consumida através dos alimentos e luz solar. Aplicados em conjunto, os três eixos protagonizam uma saúde óssea e muscular mais robusta.

Para envolver o maior número de portugueses e alertar para a doença, a APO dinamizou a 4ª Edição da Corrida e Caminhada dos Ossos Saudáveis, uma iniciativa que se realizou no dia da efeméride Dia Mundial da Luta Contra a Osteoporose, no Porto.

A 4.ª Corrida e Caminhada dos Ossos Saudáveis contou com a participação de cerca de 6.000 pessoas que percorreram 5km entre a Rotunda da Boavista e o Palácio de Cristal. Esta iniciativa é dedicada a toda a família e pode ser realizada tanto a correr, como apenas caminhar. Simultaneamente o Palácio de Cristal acolheu rastreios onde foram feitos testes à densidade óssea a mais de 600 pessoas.

Cálcio, Exercício Físico e Vitamina D: Premissas para uma estrutura óssea saudável

A predisposição genética é um factor determinante para o tamanho e a densidade dos ossos, contudo o exercício físico regular e correcta nutrição são também os pilares da prevenção da osteoporose, em todos os estágios da vida.

Se andar 4 horas por semana, a um ritmo rápido, tem sido associado a uma redução de fracturas da anca em cerca de 40%, o consumo de leite tem sido apontado por todos os especialistas como a forma mais simples e eficaz de aportar ao organismo as necessidades diárias de cálcio – o sustento do nosso esqueleto, que alberga 99% deste mineral. Em caso de falta de cálcio nas células ou no sangue, o organismo vai buscá-lo ao nosso esqueleto, pelo que garantir a satisfação da quantidade de cálcio é a palavra de ordem.

Já a Vitamina D – composto que cerca de 60% da população adulta europeia tem em défice – revela um papel fundamental neste binómio pois, além do benefício directo na absorção de cálcio a nível intestinal, a Vitamina D tem um efeito directo nos músculos. Quando não é absorvida Vitamina D suficiente através de uma dieta saudável e de uma exposição diária directa ao sol – o maior estímulo para produção de Vitamina D na pele – os suplementos devem ser considerados.

Quando combinadas, as três premissas para uma estrutura óssea saudável – Cálcio, Exercício Físico e Vitamina D – poderão reduzir até 50% o número de quedas e note-se que 90% das fracturas ocorrem nestes pequenos acidentes. Para além destas, saliente-se ainda que é fundamental ter em linha de conta a adopção de hábitos de vida saudáveis (não fumar, não beber bebidas alcoólicas em excesso, etc.) de forma a garantir uma estrutura óssea forte, capaz de resistir ao desgaste provocado pela longevidade de vida.

Sobre a APO:

A Associação Portuguesa de Osteoporose (APO) é uma Instituição sem fins lucrativos, que congrega doentes e técnicos de saúde, tendo como principal objectivo ajudar as populações a tomar consciência deste problema que afecta milhares de pessoas em Portugal.

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