O Centro de Conferências do Hotel Tivoli Victoria, em Vilamoura, foi palco, no dia 22 de novembro, da II Cimeira do Turismo subordinada ao tema “Algarve: construir o futuro”.
Para refletir e debater os novos caminhos do setor e da região algarvia, destacamos as presenças do Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, do Ministro da Economia, António Pires de Lima, e, como convidados especiais, Steve Forbes, presidente e editor-chefe da Forbes Media, e Michael Frenzel, Presidente do Conselho Executivo do World Travel & Tourism Council, entre outros reconhecidos oradores.
Debruçando-se sobre um dos destinos mais cobiçados a nível mundial, a II Cimeira do Turismo contou com dois painéis onde foram debatidos os temas “Sazonalidade – Ameaça ou Oportunidade?” e “Turismo Residencial – Estratégia de Desenvolvimento para o Algarve”, significando a mais ampla discussão do setor em 2013, dinamizada pela CTP.
O turismo está a ser um dos «motores da recuperação económica e da criação de emprego», afirmou o Primeiro-Ministro. «As exportações do turismo crescem há 45 meses consecutivos. Em termos de receitas turísticas, Portugal cresceu 7,2% em 2011 e 5,6% em 2012, registando-se nos primeiros oito meses do ano uma evolução positiva de 7,3%», acrescentou Pedro Passos Coelho.
Portugal cresceu «no número de turistas, dormidas, receitas, taxas de ocupação, proveitos das empresas, o que permitiu acomodar a queda mais ligeira do que no ano passado do turismo interno». «Em alguns indicadores batemos recordes históricos», referiu ainda.
Os resultados turísticos contribuíram para o ajustamento externo que tem sido feito «com a realização do equilíbrio da balança de bens e serviços, e de um pequeno excedente na conta corrente e de capital, que se alargará consideravelmente no próximo ano», e também para a redução da taxa de desemprego nos últimos seis meses. «O mérito – sublinhou – cabe aos empresários e trabalhadores e aos agentes envolvidos, cujo esforço redobrado é agora mais recompensado».
O Primeiro-Ministro referiu que o Governo tem procurado apoiar o esforço das empresas turísticas, com o lançamento de linhas de apoio à tesouraria e à consolidação financeira e com dotações de 230 milhões de euros, estando também a ser revistos os mecanismos de financiamento do setor turístico.
O Governo pretende também reforçar a «concorrência leal», afirmando que se encontra em preparação um diploma «para a melhor regulação do alojamento local e para combater no alojamento paralelo», que deve ser «aprovado no início de 2014», como o Ministro de Economia já anunciara.
Referindo-se à situação económica do País, Pedro Passos Coelho disse que «as restrições reais» não permitem reduzir a carga fiscal sobre as famílias e sobre o consumo «tão rapidamente como desejaria». «Insistimos em reformar o IRC para incentivar o investimento criador de emprego, para facilitar a vida às nossas Pequenas e Médias Empresas e estimular a atividade empresarial. O setor do turismo será certamente beneficiado com esta reforma».
A restante carga fiscal «também tem que ser corrigida, baixando-a de modo permanente. É por isso que é tão importante efetuar reduções estruturais na despesa pública, para que assim possamos efetuar reduções também elas permanentes nos impostos sobre as famílias e o consumo», concluiu.
O Governo vai apresentar no início do próximo ano uma proposta legislativa que enquadre o alojamento local «às novas realidades e tendências e combata o alojamento paralelo», afirmou o Ministro da Economia na abertura da segunda cimeira do Turismo de Portugal.
Este é «problema sério» que «estamos empenhados em contribuir para a sua resolução já no próximo ano», com nova legislação, acrescentou António Pires de Lima.
O Ministro sublinhou que «nada temos contra novas formas de alojamento que competem com base nos méritos do seu produto. Mas somos contra novas formas de produto que competem com base na evasão fiscal».
António Pires de Lima referiu também que «queremos que Portugal deixe de ser percepcionado – sei que muitas vezes injustamente – como um país onde se criam dificuldades aos empresários para depois lhes serem vendidas facilidades». Mas a competitividade passa também por acabar com a «burocracia asfixiante» que desmotiva o investimento.
Acerca da sazonalidade do turismo, o Ministro apontou o turismo residencial, como um «produto que pode mitigar a sazonalidade», referindo também sistema de Vistos Gold, destinados a atrair investidores ou compradores para casas de luxo (que vai permitir a entrada em Portugal de cerca de 300 milhões de euros em 2013), e o interesse despertado pelo turismo residencial, nomeadamente na recente missão à Rússia, durante a qual se criaram novas operações que significam um «reforço de cerca de 30 mil turistas».
Contudo, «o produto sol e mar é, e terá de continuar a ser, uma âncora e uma prioridade». O Governo está empenhado em «construir um destino mais diversificado no Algarve, mas nunca para entrar na miragem de que sol e mar têm importância relativa». Aliás, as praias, recentemente colocadas na «categoria de melhores praias do mundo», estarão na primeira linha das ações de promoção.
Relativamente aocrescimento do número de turistas, António Pires de Lima, enalteceu o papel dos empresários, atribuindo-lhes os bons resultados de 2013 e sublinhando que «haverá sempre quem tente diminuir os resultados», referindo-se à ideia de que a subida se deve à agitação na margem sul do Mediterrâneo e aos preços baixos praticados: «A Primavera Árabe desviou turistas, é uma realidade, mas Portugal continua a ter que competir com mundo inteiro por esses turistas»; e se é certo que os preços estão hoje abaixo dos de 2008, sendo esta uma tendência europeia agravada em Portugal pelo excesso de oferta, «nenhum preço baixo serve quando o produto, o destino e os serviços não são de qualidade».
Fotos: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve
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