Na data em que se assinala o Dia Mundial da Dor, a Santa Casa da Misericórdia de Portimão comunica a decisão de criar uma Equipa de Cuidados Paliativos Domiciliários. Sendo a Dor um dos sintomas que mais afecta a qualidade de vida das pessoas que serão objecto da intervenção desta equipa, pareceu-nos adequado celebrar esta data através deste anúncio que vem concretizar uma decisão da Mesa Administrativa, sob proposta da Direção das nossas Unidades de Cuidados Continuados.
Uma década passada sobre a criação da Unidade de Cuidados Continuados, e sua posterior integração na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, na qual participamos desde o primeiro momento e ainda como experiência piloto, é chegado o momento de procurar novos desafios e novas respostas a dar aqueles que a nós se dirigem em busca de cuidados.
Durante esta década, tratamos diariamente 19 doentes na Unidade de Convalescença e 26 na Unidade de Média Duração e Reabilitação. Um número superior a 15 mil diárias e mais de 300 altas anuais, das quais 84% atingem os objectivos terapêuticos propostos, são dados que nos orgulham e nos motivam para o futuro. Ao longo deste anos, construímos uma equipa multidisciplinar competente e dedicada, fortalecida pela experiência acumulada no tratamento e cuidado de muitos doentes a necessitar de cuidados paliativos mas que, por força do reduzido número de camas e ausência de equipa domiciliária no barlavento algarvio, acabam por ser internados em unidades de convalescença ou de média duração. A esta experiência soma-se a indispensável formação específica, pós graduada e outra, que os profissionais da SCMP foram acumulando.
Constituída por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social, dietista, auxiliares e todo o restante pessoal de apoio à prestação de cuidados, a equipa de cuidados continuados da SCMP estenderá agora a sua acção para fora das nossas paredes e para uma nova área de actuação, aproveitando também os recursos, os meios e o saber que o serviço de apoio domiciliário de higiene, alimentação e saúde tem disponibilizado nos últimos 20 anos aos seus utilizadores.
Sem perder de vista a necessária sustentabilidade da Misericórdia no seu todo, a Mesa Administrativa assume que esta nova resposta exigirá um esforço financeiro que dificilmente poderá ser inicialmente suportado pelos seus utentes, ou mesmo pelo estado, e que será maioritariamente assumido pela própria instituição. Esta nova forma de cumprir as suas obras de Misericórdia implicará um investimento anual superior a 50 mil euros e destinar-se-á num primeiro momento a 10 utentes, com indicação clínica a sinalizar nas nossas unidades de cuidados continuados e também através de uma estreita colaboração e articulação com a unidade de internamento de cuidados paliativos da unidade de Portimão do Centro Hospitalar do Algarve.
Por: João Amado – Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Portimão