Opinião

O CAOS NAS URGÊNCIAS É CONSEQUÊNCIA DOS CORTES

O caos que se verifica nas urgências dos hospitais portugueses é consequência da austeridade imposta por este governo e o sinal mais dramaticamente evidente da sua política de desumanização. Outros sinais equivalentes continuam escondidos do nosso olhar.

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Entre 2010 e 2014, o orçamento da Saúde sofreu um corte de 1.116 milhões de euros e o número de profissionais de saúde e de camas hospitalares diminuiu drasticamente. Não foi dada continuidade à reforma dos cuidados de saúde primários e foram retiradas 4.000 camas aos cuidados continuados, precisamente os que permitem dar resposta aos cuidados de manutenção exigidos a uma população mais idosa e com piores condições de vida.

Um milhão de pessoas não tem médico de família e, por razões económicas, muitas abandonaram tratamentos e medicação, com agudização e agravamento das suas doenças crónicas. O número de Centros de Saúde com atendimento de urgência básica, permanente ou prolongado diminuiu de 70% em 2002 para 24% em 2012. Sem atendimento nos Centros de Saúde, milhares de pessoas desembocam nas urgências dos hospitais, onde há menos camas, menos pessoal, trabalho cada vez mais precário, menos alternativas para altas e um terrível entupimento do espaço hospitalar, com camas pelos corredores, profissionais exaustos e maior probabilidade de erro.

Sem qualquer sinal de pudor, o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde comentou uma reportagem televisiva como se estivesse a visitar um hospital de campanha, onde as pessoas até estariam “bem instaladas”. Discriminou, segundo a sua filiação política, profissionais que intervieram em defesa do Serviço Nacional de Saúde. Quis esconder as desigualdades de acesso na saúde e as consequências da política irresponsável do governo e do ministério a que pertence.

Ao contrário do que diz o Secretário de Estado Adjunto, está à vista de todos que a Saúde em Portugal “não está bem e não se recomenda”, o que é particularmente evidente para quem utiliza e trabalha nos serviços de saúde e para quem analisa os dados disponíveis, que demonstram que a crise e os cortes têm deteriorado gravemente o nível de saúde das populações.

A candidatura cidadã LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR manifesta a sua solidariedade com os utentes e com os profissionais e reafirma a sua posição de defesa intransigente do SNS e de total oposição à política deste governo.

Por: LIVRE/Tempo de Avançar

Categorias:Opinião, Saúde

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