Quarteira

Primeiro-Ministro, António Costa, inaugurou Passeio das Dunas em Quarteira

 “Uma obra simbólica a vários títulos”. Foi assim que o Primeiro-Ministro se referiu à obra da primeira fase da Requalificação Urbanística da Zona Poente Costeira Quarteira-Vilamoura, inaugurada este sábado, com a presença do Chefe de Governo e que vem pôr termo àquele que foi durante décadas um dos “pontos negros” do urbanismo e do turismo algarvio.

Onde outrora existiu um bairro de lata, surge agora um passeio marginal que liga as duas localidades, numa intervenção realizada em 17,7 hectares. A criação de espaços verdes e de lazer, privilegiando a circulação pedonal e de ciclistas, valorizando e reabilitando o contacto com o mar e funcionando como um novo ponto de atração, tendo presente a envolvente e a valorização do acesso às praias que constituem o principal “espaço lazer” destas zonas, foram os principais pontos desta intervenção urbana.

A zona de requalificação desenvolveu-se entre a Rua da Armação, em Quarteira e a frente do Hotel Crowne Plaza (ex-Hotel Atlantis), delimitada a sul pelas praias e pelo Porto de Pesca de Quarteira e a norte pela Vala Real, e permitiu resolver um problema ambiental de anos – a cobertura, a espaços, da Vala Real.

A obra integrou ainda a construção de um parque de estacionamento que dará apoio ao Porto de Pesca, à zona balnear e ao futuro Mercado, a construir no âmbito da terceira fase agora prevista.

Com esta intervenção procurou-se, fundamentalmente, alterar o carácter da zona, promovendo um local considerado como terra de ninguém, uma zona degradada, para um espaço público requalificado e um polo promotor de fluxos entre as diversas zonas urbanas e as praias.

António Costa falou do “esforço de renaturalização desta frente mar” já que todo o projeto assentou na recriação de uma zona dunar. “Durante muitos anos, julgámos que, por vezes, a defesa e a proteção da qualidade ambiental era um entrave para o desenvolvimento da atividade económica. Hoje sabemos que não, que é precisamente a partir da proteção do ambiente que nós podemos melhorar a estabilidade da nossa oferta turística, podemos oferecer a quem visitar o Algarve um turismo de mais qualidade e de maior valor”, afirmou.

Atualmente o turismo representa já 15% das exportações portuguesas e 8% de emprego, mas António Costa acredita que o combate à sazonalidade poderá elevar estes números. “Se o turismo do Algarve não for só o turismo de verão, o sol e praia, mas se for também o turismo que a natureza algarvia proporciona, alargamos o turismo algarvio de 5 para 12 meses e passamos a ter emprego menos sazonal, mais permanente e emprego de mais qualidade”, afirmou, sublinhando que a proteção da natureza constitui um investimento no futuro da região. De referir que o Passeio das Dunas abriu as portas com a Mostra da Algarve Nature Week, integrada num evento de 8 dias dedicado às potencialidades do turismo de natureza no Algarve e que mereceu da parte do líder governativo os mais rasgados elogios.

Por outro lado, o Primeiro-Ministro considerou que o Passeio das Dunas constitui “uma intervenção no espaço público enquanto fator de coesão social e coesão territorial” já que venceu uma barreira que separava a zona urbana de Quarteira e o importante polo turístico de Vilamoura, “juntando no mesmo espaço do Concelho de Loulé estas duas dimensões, abrindo uma ponte e quebrando uma barreira”.

Esta é também a opinião do autarca de Loulé, Vítor Aleixo, responsável pelo início deste processo quando há 14 anos atrás, altura em que presidiu aos destinos da Câmara Municipal de Loulé, mandou elaborar o Plano de Pormenor que previa esta obra. “É preciso explicar que esta área agora intervencionada funcionou como uma barreira que tornava quase incomunicável duas realidades na mesma freguesia. Essa barreira efetiva e psicológica, que durante muitos anos constituiu uma narrativa comprometedora para o Turismo, rompe-se hoje com este espaço renaturalizado entregue à Natureza, permitindo uma nova escala de convivência e de relacionamento entre duas realidades, as de Quarteira e Vilamoura, cujo diálogo parecia não ter linguagem possível”, explicou Vítor Aleixo.

Este investimento simboliza, segundo o presidente da Câmara Municipal de Loulé, “o início de um novo paradigma de intervenção no espaço urbano”.

No ano em que Quarteira assinala o centenário como freguesia, o autarca falou de alguns dos investimentos públicos que estão a mudar a imagem desta cidade, nomeadamente as novas avenidas – Avenida Papa Francisco, Avenida Fonte Santa e Avenida do Atlântico -, a reabilitação profunda da Escola EB 2,3 D. Dinis, a aposta na arte pública com a implantação de elementos escultóricos alusivos à temática do mar ou a realização de atividades culturais e ações direcionadas aos jovens. São ações que, para o edil, são a prova de que “Quarteira soube adaptar-se À pressão do turismo sem se descaracterizar”.

Por seu turno, Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira referiu que “a concretização desta obra mostra como a vontade política para mudar a imagem e a realidade de uma freguesia, pode mudar os destinos de uma terra e das suas gentes”. Recordando um pouco do que foi este espaço, Telmo Pinto lembrou que “o Passeio das Dunas foi palco de muitas vidas e de muitas histórias; atraiu, primeiro, inúmeras famílias de pescadores; mais tarde acolheu uma expressiva comunidade imigrante que hoje integra a sociedade de Quarteira”.

Se durante anos este foi um espaço evitado por muitos turistas que visitam Quarteira, a partir de agora este responsável acredita que este investimento que “permite envolver na mesma moldura todo o centro urbano de Quarteira até Vilamoura e constituirá um dos principais polos de atracão do Concelho de Loulé e um exemplo da forte aposta numa cultura de valorização do espaço público”.

Recorde-se que a primeira fase do Passeio das Dunas teve um custo que rondou os 4 milhões de euros, financiado pelo PO Algarve21, com comparticipação do FEDER de 2.844.562,00€.

O projeto de execução da segunda fase do Passeio das Dunas, que irá fazer a ligação até à Marina, encontra-se em fase final. Entretanto já foi entregue o estudo prévio do espaço público da terceira fase, que diz respeito à construção de um novo mercado municipal – elemento-charneira do projeto – e a requalificação do Largo das Cortes Reais.

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