A urgência de ortopedia do Centro Hospitalar do Algarve – todos os hospitais da região – esteve encerrada nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro. Estes episódios têm sido cada vez mais recorrentes e ameaçam de forma, progressivamente, mais gravosa a oferta assistencial disponível no SNS na região.

As falhas têm sido muito mais mais frequentes, aliás como é reconhecido pelas posições públicas dos profissionais, o que coloca em causa não apenas a ortopedia, mas outras especialidades. O Ministro da Saúde tinha prometido resolver as falhas mais graves no Verão, agora, menos de um ano volvido dessa declaração, convém que resolva também a das restantes estações do ano. Alegadamente os utentes poderiam vir a beneficiar de tratamento em hospitais privados – o que não é adequado para matéria de urgência – mais caro para o erário público e mais moroso porque exigi autorizações atrás de autorizações.

Todos estes indícios são confirmados pelos dados oficiais da ACSS, os quais demonstram que este ano se registam no SNS do Algarve:

1. O segundo mais alto índice de mortalidade dos 40 hospitais do país;
2. O pior índice de demora média do país;
3. Uma das piores percentagens de reinternamento no prazo de 30 dias ;
4. Uma redução de 9,6 % de cirurgias programas face ao mesmo período de 2015;
5. Uma redução de 4,8 % de cirurgias urgentes face ao mesmo período de 2015;
6. Uma redução de 4,6% do número de primeiras consultas face ao mesmo período de 2015.
7. Resulta claro que se registam mais casos de utentes que são transportados para fora da região para terem acesso aos cuidados que necessitam. Ora, em muitos casos, tal colide com a urgência da intervenção, pois as janelas terapêuticas não se compadecem com esse tempo de espera.

Também os SUB – Serviço de Urgência Básica foram registados longos períodos de inactividade, já que foi ordenado o desvio de ambulância dos:

1. Dia 24 de Dezembro:

Sub Albufeira das 16h às 08h

Sub Vila Real Santo António das 08h às 20h

Sub Loulé das 20h às 08h

2. Dia 25 de Dezembro:

Sub Loulé das 08h às 20h

Sub Albufeira  das 20h às 08h

No dia 23 foi anunciada uma carta de demissão de alguns dos principais responsáveis clínicos dos hospitais do Algarve. A subdirectora clínica do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Ana Lopes, e mais quatro directores de departamento apresentaram a demissão, alegando a ausência das “condições necessárias” para continuarem nos cargos. A falta de resolução de “problemas estruturais” que se arrastam no tempo e o facto de “não ser previsível a resolução desses problemas”, dizem, torna “completamente impossível” o exercício das funções de chefia naquele centro que integra os hospitais de Faro, Portimão e Lagos e Serviços de Urgência Básica de Loulé, Albufeira e Vila Real de Santo António.

Todas estas notícias são a somar a uma redução de 6,5 milhões de euros previstos no OE 2017, em particular uma redução de 6 por cento nos medicamentos e 10 por cento no material de consumo clínico, o que é extremamente preocupante para quem quer melhorar os níveis ou, do mal o menos, manter.

Por último, o hospital central do Algarve, um dos componentes essenciais para resolver o problema dos cuidados hospitalares na região fica na gaveta, ainda quando desde 2006 era a segunda prioridade no país. Em 2017, estão prometidos 3 hospitais no OE.O Algarve ficou para trás.

O PSD, através do Deputado Cristóvão Norte, já colocou a questão ao Ministério, procurando saber as medidas que vão ser tomadas para que situações de tamanha desprotecção das populações não se repitam.

A Comissão Politica Distrital do PSD/Algarve