Olhão

PSD OLHÃO | Conclusões da 1.ª videoconferência “Conversas à Quinta-Feira”

QUEM ESTÁ NO TERREIRO DO PAÇO NÃO CONHECE O PAÍS!

Sob o lema “Renascer com Alma”, os convidados discutiram o impacto da COVID-19 na restauração, alojamento local e comércio tradicional, antecipando consequências e soluções.

A primeira sessão das “Conversas à Quinta-feira”, um ciclo de videoconferências promovidas pelo PSD Olhão, para estreitar o diálogo de proximidade com os olhanenses, em tempo de isolamento social, realizou-se na noite de 30 de abril, com transmissão via Zoom e Facebook, moderação de António Andrade, e a participação do deputado Cristóvão Norte, o advogado Álvaro Viegas e um empresário da área da restauração e alojamento local do concelho.

Na sua intervenção, o deputado do PSD destacou que “o peso do turismo no Algarve (mais de 50%) coloca a região numa posição de maior fragilidade”, antevendo uma recuperação “muito mais difícil e demorada”. Cristóvão Norte sublinhou que “é imperioso construir respostas de curto prazo, para que haja liquidez e se preserve o emprego”, defendendo a necessidade urgente de um programa específico para a região. Nesse sentido, anunciou que os deputados algarvios estão a trabalhar em conjunto na elaboração de um documento de “alternativa política no Algarve”, passível de enquadrar as melhores ideias e ser subscrito por todas as forças políticas. Um manual de boas práticas para uma região livre de COVID, campanhas de reforço da posição turística (nacionais em 2020 e internacionais em 2021) e um reforço das linhas aéreas da TAP com a região, foram alguns dos caminhos apontados para a retoma económica algarvia.

Quanto aos apoios aos empresários, o deputado considera insuficientes os anunciados pelo governo, defendendo a urgência em “corrigir a situação dos gerentes das micro e pequenas empresas”. Cristóvão Norte é da opinião que estes empresários têm de estar ao abrigo do regime de lay-off e que o Estado deve assumir integralmente os pagamentos para que não haja “uma cascata de falências”. O deputado considera ainda “lamentável” o incumprimento do Estado, quanto ao atraso nos pagamentos relativos ao lay-off.

Álvaro Viegas, na qualidade de Presidente da Mesa da Assembleia Geral da ACRAL e ex-Presidente da Direção, partilhou da opinião do deputado, sublinhando que “a atividade económica parou e não podemos esquecer que as micro e pequenas empresas são 98% das empresas a nível nacional e são elas que criam a maioria dos postos de trabalho”. “Ao não dar a possibilidade de um apoio financeiro aos gerentes, o governo esqueceu que o pequeno empresário vive da receita do dia-a-dia”, defendeu o advogado, recordando que “com a crise de 2008/2009, houve muita gente que ficou desempregada e que criou o seu próprio emprego, gerando riqueza”. Para Álvaro Viegas, “o esforço desses empreendedores não foi agora compensado” e revela que o poder central desconhece a realidade nacional. “Isto é claramente de quem está sentado no Terreiro do Paço mas não conhece o país”, acusou o dirigente da ACRAL.

Em relação ao comércio em Olhão, o orador criticou a ausência de medidas de estímulo à economia local, por parte da autarquia, e defendeu a necessidade de “um programa autárquico amigo do investidor”. Segundo Álvaro Viegas, neste momento, a Câmara de Olhão deveria optar por fazer “menos festas” e “canalizar esse dinheiro para criar um fundo de apoio à actividade económica no concelho”. O representante da ACRAL reflectiu ainda sobre a necessidade de adaptação do comércio local à realidade dos dias de hoje: “O comércio não pode continuar a ter um horário que se pratica há 50 anos; O empresário não pode ficar à espera, atrás do balcão, que o cliente lhe entre pela porta; É uma boa oportunidade para o empresário pensar que a cada loja física deve corresponder uma loja virtual”.

Do lado dos empresários, o orador foi o proprietário de um restaurante e alojamento local em Olhão que começou por manifestar o seu maior receio: “Esta falta de liquidez é assustadora!”. Com os negócios encerrados desde 16 de março, e suportando todos os custos, disse não saber “até que ponto poderá aguentar” se não houver ajudas adicionais. O empresário sugeriu como “extremamente importante” uma eventual redução do IVA na restauração, tal como a “permissão para ampliar as esplanadas”, uma medida que considera poder “salvar alguns negócios”. Otimista, apesar de tudo, o proprietário antevê um reinício à atividade “lento, confuso e dispendioso”, defendendo que o mais importante será “retomar a confiança dos clientes, assegurando todas as condições de segurança”. “Será que vamos ter de vender Portugal em saldos?”, foi a questão lançada em jeito de conclusão, face a um futuro tão incerto para quem vive do turismo.

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