O Plano Ferroviário Nacional (PFN), que se encontra em consulta pública, propõe o desenvolvimento de um Sistema de Mobilidade Ligeira do Algarve, seguindo o mesmo modelo evolutivo que admite um início de operação em modo rodoviário, com custo de investimento inicial mais baixo, mas sem excluir a sua conversão futura para um sistema ferroviário ligeiro, incluindo uma ligação à cidade de Quarteira.

Legenda da figura: Proposta de ligações a considerar para a criação de um Sistema de Mobilidade Ligeira do Algarve, num modelo Tram-Train integrado com a linha do Algarve.
Segundo o Plano Ferroviário Nacional, “estes sistemas devem ser desenvolvidos de forma a ser interoperáveis com a rede geral, num modelo de Tram-Train”, adiantando que “o material circulante ligeiro pode até ter algumas vantagens do ponto de vista de ocupação de capacidade da infraestrutura”, prevendo a criação de um “serviço local frequente que levará necessariamente à necessidade de aumento de capacidade na Linha do Algarve”.
A criação deste sistema segue propostas de uma linha ao longo do litoral algarvio entre Faro e Portimão, servindo o Aeroporto de Faro e cidades como Quarteira e Albufeira. A criação deste sistema abre, também, a possibilidade de servir diretamente a cidade de Loulé, que tem a sua estação ferroviária bastante distante, ou de prolongar os serviços longitudinais até Vila do Bispo.

O tram-train é um veículo derivado do elétrico, capaz de executar várias rotas. A dupla capacidade de voltagem do tram-tram permite-lhe o acesso às infraestruturas de ferro carris e elétricos, podendo funcionar dentro das normas ferroviárias e passar a um funcionamento em modo elétrico ao entrar nas cidades. Todos os sistemas de alimentação e sinalização ferroviária atuais, inclusive em configurações «híbridas» com motores diesel, podem ser incorporadas a este sistema, permitindo ao elétrico passar a velocidades inferiores a 70 km/h no centro da cidade e passar para velocidades máximas de 100 km/h na rede ferroviária regional para ligar sem problemas a estações situadas mais longe de áreas periurbanas.
Estas intervenções previstas na Linha do Algarve teem como objetivo “cumprir a função de acessibilidade na região com mais
atividade turística do país”.
O PFN refere ainda que, “tipicamente, a oferta turística não sustenta, por si só, a operação de uma linha ferroviária, nem uma linha turística sustenta sozinha o desenvolvimento do turismo numa região. Por esta razão, é fundamental a oferta de produtos que integrem várias componentes, incluindo a viagem em si, alojamento, cultura e património, gastronomia e
natureza. Em todos os exemplos anteriores tal combinação é possível para a criação de produtos que sejam adequados a vários segmentos de mercado”.
O PFN prevê igualmente a criação de Ecopistas “ao longo de canais ferroviários desativados, uma excelente forma de preservar o canal ferroviário, não comprometendo a possibilidade de o voltar a usar para um sistema de transportes, ao mesmo tempo que se cria um novo tipo de oferta turística”.
Aliás, uma parte significativa dos troços ferroviários desativados já está hoje convertido em ecopistas. Num momento em que se está a iniciar a construção de vias cicláveis intermunicipais em todo o país, impulsionada pela Estratégia Nacional para a
Mobilidade ativa Ciclável, as Ecopistas podem, de acordo com o previsto no PFN, “desempenhar um papel relevante na criação desta rede, somando o seu papel primordialmente de turismo e lazer, a uma nova função como eixo de mobilidade ativa de elevada qualidade”.
Por outro lado, “a existência de antigas estações ferroviárias ao longo das antigas linhas convertidas em Ecopistas dá a oportunidade ideal de aí criar serviços de apoio, como restauração, alojamento ou outros equipamentos, ao mesmo tempo de se recupera e preserva esse património”, lê-na proposta do Plano Ferroviário Nacional.

Legenda da figura: Túnel da Ecopista do Dão, que percorre a antiga Linha do Dão entre Santa Comba Dão e Viseu. A transformação das antigas linhas em Ecopistas permite a preservação dos ativos e do património ferroviário, mantendo-os ao serviço da sociedade e não fechando a possibilidade de voltarem a ter função ferroviária.
Conheça o PFN na íntegra AQUI.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve