A AAPC – Associação Amizade Portugal Cuba promoveu neste sábado, 20 de maio, uma Sessão Pública com a Embaixadora de Cuba em Portugal, Yusmari Díaz, com o objetivo de esclarecer sobre a realidade cubana e os impactos do bloqueio.









A sessão teve lugar no Centro de Atividades Lúdicas de Quarteira – CALQ2, na Rua José Pedro, em frente ao novo Edifício Sociocultural.
Yusmari Díaz Pérez, uma jovem cubana de trato afável, culta, esclarecida, inteligente, professora universitária, representante da nova geração de diplomatas cubanos, Uma jovem cubana designada como Embaixadora em Portugal para dar continuidade aos princípios da Revolução Cubana.
A embaixadora salientou: É um grande compromisso mas também um grande desafio trasladar a situação que vive o meu país neste momento. Vim para Portugal desempenhar o cargo de Embaixadora depois de 5 anos a viver em Havana, no Ministério das Relações Exteriores, pelo que conheço muito bem a situação que o povo cubano tem passado e eu sou parte desse povo”, acrescentando que “o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto a Cuba há mais de 60 anos pelos EUA, de forma unilateral, é um conjunto de medidas de pressão contra o Governo Cubano mas que afeta os direitos humanos e o desenvolvimento económico do povo cubano. Um bloqueio que tem como objetivo único quebrar o Governo Cubano e o sistema político estabelecido em Cuba desde 1959”.
A Embaixadora de Cuba em Portugal disse que tudo isto acontece porque os EUA “decidiram, unilateralmente, incluir Cuba na lista dos Estados patrocinadores do terrorismo, quando toda a gente sabe que denunciamos o terrorismo e somos partidários da resolução pacífica de conflitos e da não intervenção nos assuntos internos de cada Estado. Sempre que visitamos outros Estados, sempre respeitamos o regime e a soberania de cada um. Então, não havia nenhum argumento para incluir Cuba nessa lista, mais uma decisão unilateral do Departamento de Estado dos EUA. Esta é a realidade e nós temos que ir contra isso. Temos que denunciar isso porque os EUA não têm razão nesta matéria”.
Yusmari Díaz Pérez abordou ainda “a Agenda 23, um Plano do Governo que prevê, designadamente, o aperfeiçoamento da governança para tornar o país muito mais democrático. Um exemplo disso é o que estamos a fazer agora, o aperfeiçoamento do sistema institucional, ou seja, da Constituição, modificada e referendada (ver AQUI a nova Constituição de Cuba de 2019) com os princípios básicos políticos que defendemos e que continuamos a defender mas idealizada para que seja mais popular e mais adaptada ao nosso tempo porque hoje entendemos que, quanto mais participação houver, mais reconhecimento as pessoas têm no nosso sistema político. Queremos que o povo seja participativo e que as pessoas possam dizer o que pensam. Ou seja, apesar de tudo, estamos a tentar seguir em frente. Apesar de tudo, temos muito orgulho no nosso país e estamos a contribuir para fazer de Cuba um país melhor. Às vezes, pergunto-me como é que este povo conseguiu aguentar tanto ao longo de 63 anos de bloqueio e ainda tem força para seguir em frente. É este o sentimento que queremos para construir o nosso futuro”, relevando os temas da Água, Energias Renováveis, Ciência e Inovação e formação da população nas Novas Tecnologias. Questões de difícil aplicação devido ao bloqueio mas estamos a tentar dar a volta por cima”.
Yusmari Díaz Pérez abordou ainda inúmeros outros temas, como o Turismo, dando ênfase ao investimento do grupo hoteleiro português Vila Galé, que se junta assim ao Grupo Meliá, únicos grupos estrangeiros a investir na hotelaria em Cuba. No final da sua intervenção, teve lugar um período de perguntas e respostas com os presentes muito participantes. Entre os temas em debate, destacamos a questão dos médicos cubanos em Portugal e a Resolução da Assembleia Geral da ONU, a qual, desde há 29 anos vem sendo, anualmente, aprovada pela esmagadora maioria dos países, condenando o Embargo dos EUA a Cuba, bem como a resolução recentemente aprovada pelo Conselho do Estado de Washington contra o bloqueio a Cuba, juntando-se assim a outros Estados dos EUA e muitas outras instituições, pelo que a embaixadora defendeu que “o povo norte-americano está do nosso lado”.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve
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