Num mundo que, por vezes, parece ter esquecido o valor do olhar nos olhos, do sorriso despretensioso e da mão estendida sem esperar nada em troca, a história de Dora Faria emerge como um testemunho vivo do que realmente importa. Aos 80 anos, ela não só observa as falhas da sociedade contemporânea – a falta de respeito, o défice de civismo, o amor condicional – como lhes responde com uma vida inteira de ação.

A sua mensagem é clara e urgente: “É preciso mais respeito, mais civismo e mais amor”. Mas Dora não se limita a apontar o que está mal. Ela encarna a mudança que deseja ver no mundo, transformando a sua inquietude em gestos concretos de bondade. A sua filosofia de vida é simples, mas profunda: “Não há mais alegria do que a que se sente quando se dá”.

Uma Vida ao Serviço do Próximo

Durante mais de uma década que Dora guiava crianças na sua fé, como catequista na Paróquia de Quarteira, plantando sementes de valores, registados nas três obras que escreveu. Durante 15 anos, foi um rosto de conforto e humanidade nos corredores do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), onde o seu voluntariado foi um bálsamo para doentes e famílias. A sua dedicação estendeu-se também à causa ambiental, demonstrando que o cuidado com o próximo e com o planeta são duas faces da mesma moeda.

Reconhecimentos que Falam por Si

A sua obra silenciosa e persistente não passou despercebida. As paredes da sua humilde moradia devem ecoar o valor de distinções que muitos ansiavam por ter, mas que para ela são apenas o reflexo de um dever cumprido:

• Distintivo do Centenário do Lions International Grau Ouro
• Certificado de Mérito pelo Voluntariado de 15 anos no CHUA
• Diploma de reconhecimento pela Junta de Freguesia de Quarteira
• Inúmeros outros prémios e certificados de instituições de solidariedade que tiveram a sua vida tocada pela sua ação.

Estes, entre muitos outros, não são troféus de vaidade, mas sim testemunhos materiais de uma existência dedicada a semear o bem.

O Verdadeiro Legado

Dora Faria não é apenas uma voluntária exemplar. É um modelo de cidadania. O seu exemplo desafia-nos a uma reflexão profunda: O que estamos nós a fazer, no nosso dia a dia, para emendar os erros da sociedade? Será que dedicamos uma fração do nosso tempo a aliviar o fardo do outro?

A sua vida é um apelo à ação. Um lembrete de que a solução para muitos dos males que criticamos começa connosco, em pequenos gestos de entrega. No rosto de Dora, não se lê o cansaço de uma vida longa, mas sim a serenidade de quem descobriu o segredo mais simples e, paradoxalmente, mais esquecido: A verdadeira felicidade reside na alegria de dar.

Que a sua história não seja apenas admirada, mas sim replicada. Que cada um de nós possa encontrar, no seu próprio caminho, uma forma de viver um pouco mais pelos outros.