Várias pessoas foram este domingo a ser retiradas de habitações e estabelecimentos comerciais na baixa da cidade de Albufeira devido às inundações provocadas pela chuva que tem fustigado a região desde as 4 horas da manhã.
As equipas de socorro resgataram pessoas que ficaram retidas em locais inundados pelas águas na baixa da cidade e que não conseguem sair pelos seus próprios meios.
O caso mais dramático, ocorrido cerca das 15 horas, envolveu dois comerciantes que se encontravam numa loja com água até ao pescoço. Portanto, em perigo de vida. Com a intervenção de agentes da GNR e soldados dos Bombeiros Voluntários de Albufeira, e depois de uma operação delicada, os dois comerciantes acabariam por ser salvos debaixo de palmas e ovações dos populares concentrados no local.
A força da água era tanta que arrastou objetos de grandes dimensões (mesas e cadeiras de esplanadas, contentores do lixo, arcas frigoríficas, máquinas de gelados, estantes e recheios de lojas) desde a Avenida da Liberdade até ao mar, passando pelo Largo Eng. Duarte Pacheco, a Avenida 25 de Abril, a chamada rua dos bares e a Praça dos Pescadores, onde grande parte dos objetos ficaram concentrados.
As águas da chuva subiram de tal forma que galgaram a rampa da Praça dos Pescadores, arrastando a areia da praia, abrindo enormes fendas no areal, destruindo completamente a Praia dos Pescadores.
A vereadora com o pelouro da Proteção Civil da Câmara de Albufeira, Ana Vidigal, disse à agência Lusa que “a baixa da cidade tem sido a zona mais afetada pela intempérie, centrando-se a prioridade das equipas no auxílio às pessoas. A nossa preocupação principal é auxiliar as pessoas”, acrescentando que “existem diversos prejuízos materiais”.
A Proteção Civil Municipal de Albufeira recomendou para que as pessoas permaneçam nas suas habitações, evitem deslocarem-se para as zonas afetadas pelo mau tempo e sigam as recomendações e medidas de proteção das autoridades fase às condições meteorológicas previstas. “As pessoas devem evitar atravessar zonas inundadas, circular na orla costeira e zonas ribeirinhas, praticar atividades no mar e ter especial atenção na circulação junto a áreas arborizadas devido à possibilidade de queda de ramos e árvores”, indicou a proteção civil.
Inundações e quedas de árvores Inundações em estradas, garagens e estabelecimentos comerciais, bem como quedas de árvores são a consequência do mau tempo que se abateu este domingo na região algarvia, em particular nos concelhos de Loulé, Albufeira e Portimão.
Em Albufeira, a rua dos bares ficou inacessível devido à altura da água. Lojas e restaurantes foram atingidos pela chuva que caiu desde a madrugada, obrigando os bombeiros a desdobrarem esforços para minimizarem os estragos.
O mau tempo impediu ainda a aterragem de um voo proveniente de Lisboa, que foi obrigado a regressar ao aeroporto da Portela.
De acordo com o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, até às 13h00, foram registadas 69 ocorrências, com maior incidência nos concelhos de Loulé, Albufeira, Faro e Silves.
Segundo a mesma fonte, algumas estradas ficaram intransitáveis devido ao grande volume de água, e registaram-se inundações ao final da manhã em alguns estabelecimentos comerciais e garagens e não há registo de pessoas desalojadas.
Nas operações nos diversos concelhos, estão envolvidos 192 operacionais, apoiados por 81 veículos.
Em Ferragudo, as cerimónias ao ar livre que assinalavam o aniversário da vila foram canceladas.
O mau tempo que se fez sentir no barlavento algarvio deslocou-se, entretanto, para leste, mas deverá diminuir de intensidade ao longo da tarde, devendo acentuar-se no litoral alentejano, Setúbal e Lisboa. A indicação foi dada pela meteorologista Sandra Correia, do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), que indicou que o aviso vermelho, o mais grave, terminou às 15h00 de Portugal Continental, descendo, para laranja, no eixo Sines/Beja, e amarelo nos distritos de Setúbal e Lisboa, embora sem a intensidade registada no Algarve. O aviso amarelo prevalecerá nas três duas áreas até às 18h00, altura em que o IPMA reavaliará a situação, sublinhou Sandra Correia.
O mau tempo, acrescentou a meteorologista, deve-se a uma depressão situada a sudoeste do território continental português e que tem estado a afetar e a condicionar o tempo no centro e sul do país.
Durante a noite, disse Sandra Correia, o distrito de Portalegre poderá ser o próximo distrito afetado, mas a previsão só ficará definida após a reavaliação do IPMA de hoje à tarde, altura em que também serão estabelecidos os graus da escala de alerta.
Para segunda-feira, a previsão do IPMA aponta para que o mau tempo será “crítico” nas regiões do sul e do norte e desanuviará no centro, devendo o alerta situar-se entre o amarelo e o laranja, mas nada que se compare ao que se passou hoje de manhã no barlavento algarvio, indicou a meteorologista.
Texto: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve com CM
Fotos: Imagens captadas da emissão da CMTV
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