Europa

Quarteira na rota de Dani, que caminha pela Europa pela saúde mental

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Esta manhã, Quarteira ficou na rota do caminhante solitário Dani com o seu projeto “Dani Walks Europe” pela saúde mental. O ponto de encontro foi no Passeio das Dunas, onde marcaram presença, para além do caminhante solitário, utentes da UNIR (cujas instalações, em Loulé, foram visitadas ontem pelo caminhante) a convite da Junta de Freguesia de Quarteira, representada pelo seu presidente, Telmo Pinto e Marta Teixeira, do seu executivo.

Daniele Grassetti (Dani) é o presidente da ONG LaPallaRotonda, uma organização italiana que promove a inclusão social por meio de atividades ao ar livre, como caminhadas e caminhadas na natureza.

Atualmente, está a desenvolver uma caminhada solitária de 10.000 km durante um período de aproximadamente 15 meses, atravessando mais de vinte países europeus.

Em declarações ao PlanetAlgarve, o presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto, considera esta “uma iniciativa de louvar porque nós, quando temos pessoas que se interessam pelos outros e com iniciativas para ajudar quem tem problemas, é importante, sobretudo na sociedade em que vivemos hoje, onde que as pessoas se esquecem um pouco de quem vai ao lado. Portanto, esta iniciativa é de louvar. Depois, também tem aqui marcada uma posição, que é a nossa comunidade de italianos em Quarteira, que torna mais fácil de fazer chegar estas iniciativas até nós porque eles já estão enraizados e isso também é importante. É preciso perceber que eu chamo-lhes italianos quarteirenses porque vivem cá a maior parte do ano, muitos deles reformados, que escolheram Quarteira para viver e isso é importante. Significa que temos aqui um complemento: o apoio social e, no fundo, reconhecer Quarteira já como uma cidade com muitos italianos e que são bem vindos. Nós conseguimos integrar as pessoas, elas vieram para cá, gostaram do local e esta passagem do Dani por Quarteira acaba por ser devido a essa ligação. Não deve passar por muitas cidades da Europa mas a comunidade italiana aqui residente ajuda a que isso aconteça. Nós fazemos esta integração, que acontece de uma forma natural, mas esta comunidade italiana tem muitas ligações pela Europa fora, e que tem de ter respostas deste tipo”.

Daniele Grassetti manifestou-se “muito agradado pela forma como fui recebido aqui em Quarteira”, sublinhando que “comecei esta caminhada solitária pela Europa no dia 21 de maio de 2022 em Pesaro, a minha terra Natal, no centro de Itália, tenho caminhado até à Áustria, depois Chéquia, Eslováquia, Polónia, Alemanha, França, Espanha e agora Portugal, onde ultrapassei os 6000 Km dos 10 mil que pretendo percorrer a caminhar. Por vezes, tenho de ir de autocarro ou de comboio mas essas distâncias não são contabilizadas. Agora, daqui vou até Sagres, depois Lisboa, Santiago de Compostela (Espanha), França, Bélgica, Holanda e depois regresso a casa”.

Dani salienta que o objetivo é “caminhar pela saúde mental porque descobri que, depois do período pandémico, a área da saúde mental tornou-se um problema ainda maior. As pessoas que trabalham nesta área aí tiveram de parar, ficaram com tempo para pensar, surgiram algumas ideias, no meu caso, desenvolvi algumas atividades durante o período da Covid mas para outras pessoas foi muito complicado, tendo surgido depressões e ansiedade e eu vi muitos exemplos, designadamente no meu grupo de amigos. Então, decidi fazer esta viajem, falando da saúde mental, bem mais complexa que os problemas físicos”.

Então, para cumprir a sua missão, Dani refere que “abri um crowfunding para este projeto, chamado “Dani Walks Europe”, no Facebook e no Instagram, que apoiará tanto a minha viagem pela Europa como a Alpha Onlus, uma Cooperativa Social Italiana de Pesaro (sua cidade natal) dedicada ao tratamento de doenças mentais. As doações serão usadas para desenvolver um projeto colaborativo entre a LaPallaRotonda e a Alpha Onlus, que visa promover atividades ao ar livre para os deficientes mentais, envolvendo o resto da comunidade, consciencializando sobre a saúde mental e as inúmeras vantagens de caminhar na natureza”.

Por outro lado, “também estou a planear apresentações nas escolas para falar sobre a importância da saúde mental e as doenças mais comuns que afetam os jovens. O crowdfunding dura todo o período da minha viagem pela Europa. O objetivo é chegar aos 10.000 euros, uma quantia simbólica de 1 euro a cada quilómetro que caminhar”, deixando aqui “o convite para compartilhar o projeto e contribuir como quiser: As doações podem ajudar a cooperativa social Alpha Onlus”.

Questionámos Dani sobre a receção que tem tido nos países por onde passou: “No princípio, na Áustria, Chéquia e Eslováquia, as pessoas foram um pouco frias comigo mas penso que terá sido por uma questão de linguagem porque nem toda a gente sabe Inglês, tal como eu não sei falar as suas línguas. Então, aí foi um pouco complicado para expor o meu projeto mas os mais jovens que trabalham nos refúgios de montanha ficaram muito entusiastas. A partir daí, vi muito entusiasmo por toda a Europa. Recentemente, dei duas entrevistas em Espanha, na Catalunha e na Andaluzia e um jornal da Chéquia escreveu-me. Portanto, recentemente, vi mais interesse em torno desta aventura solitária, que vai ficando cada vez mais conhecida”.

Até agora, o melhor momento foi “uma situação que recordo bem e que me tocou emocionalmente. Foi na Áustria, numa noite em que não conseguia dormir porque estava num parque de campismo sem tenda, portanto, deitado no chão e de manhã cedo decidi caminhar montanha acima. Quando cheguei ao topo, olhei à minha volta, deslumbrado com a vista e quase me vieram as lágrimas aos olhos porque a paisagem era maravilhosa e o sol começou a nascer, comecei a aquecer, comi e bebi qualquer coisa e pensei: Está aqui tudo o que precisas para ficares satisfeito. Não é preciso mais nada”.

o pior momento foi “na Eslováquia quando estava perto da fronteira para a Polónia, era Setembro, veio uma tempestade de neve, precisava de percorrer mais alguns quilómetros e não conseguia ver “nada à minha frente, nem o caminho, o que foi, naquele momento, algo um pouco assustador porque não conseguia decidir qual o caminho a seguir, se voltar para trás ou seguir em frente, como não tinha rede, o telemóvel não funcionava, não podia usar a bússola, o que atrasou um pouco a minha viajem naquele dia”.

Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve

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