O fotógrafo quarteirense Nuno Graça inaugurou no dia 23 de novembro, no CECAL – Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé, no Parque Municipal, a exposição fotográfica “QuarteirÀdentro”.
A inauguração contou com a presença do presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto e dos diretores municipais Dália Paulo e João Serrão, entre muitos outros.
Uma exposição que abre as portas à história da cidade, de sala em sala, parede em parede, a identidade da localidade revela-se em cada imagem e, em simultâneo, a vida e a realidade muito próprias da cidade de Quarteira.
Em declarações ao PlanetAlgarve, Nuno Graça começa por agradecer o convite da Casa da Cultura de Loulé e o contributo de Sara Salero “que, com os seus poemas, acrescentou à mensagem uma dimensão mais profunda e abrangente”, salientando que esta exposição fotográfica “é um trabalho que já estava selecionado aquando dos Encontros do DeVir. Roteiros Subjetivos, Itinerários Alternativos. Era essa a temática do inquérito que José Laginha elaborou. A seleção fotográfica foi feita para aquele fim. As pessoas entram e molham logo os pés na praia, escutando o marear das ondas. Em termos fotográficos, tendo em conta o nome da exposição, a ideia é entrar por Quarteira adentro. Então, damos logo de caras com a entrada de Quarteira que é o porto de pesca. Depois, o temporal, as tormentas, porque o mar, em dias de temporal, há séculos que entra por Quarteira adentro sem pedir licença. Mas também o mar tranquilo que permite que Quarteira saia para o mar com as embarcações. Seguidamente, entramos noutra sala que mostra a tranquilidade da noite com esta magia que Quarteira tem, com o seu silêncio próprio, o seu dormir próprio, o silêncio de uma vida própria que é a faina piscatória com os pescadores a irem de madrugada para o mar. Depois, aquela envolvência em que as pessoas se reúnem em torno de causas coletivas para saírem à rua em momentos de fé, momentos de crença, passando uma pincelada num corredor com a procissão e o mar à vista. Seguidamente, entramos na zona urbana para dar uma pincelada na arquitetura com a fronteira urbana criada na criação da Av. Sá Carneiro e as construções ao longo da marginal”.
Então, deparamos com um paralelepípedo de azulejos. Aquela exposição fazia sentido sem aquele elemento, questionamos. A resposta vem sem hesitações: “Não. Aquele elemento demarca uma característica do revestimento e da resistência das habitações de uma determinada época. Quarteira é, manifestamente, uma das localidades com mais variedade de azulejos, desde o azulejo da casa-de-banho ao azulejo de chão na fachada das casas com a vaidade que as pessoas tinham, naquele tempo, de fazerem a sua casa diferente da casada vizinha”.
Passando ao piso superior, “temos uma passagem mais delicada. A escadaria é um observatório. Os olhos de hoje, multiculturais, numa terra que tem maneiras de ver as coisas de forma diferente pelas pessoas que vêm de fora, com outras línguas, e que estão atentas aos problemas, que já foram resolvidos mas que não podemos esquecer”.
Já no piso superior, passamos aos eventos. “Temos a presença dos Santos Populares, um evento anual, o mais exuberante da nossa localidade. Passa despercebido somente pelo detalhe. As pessoas estão habituadas às fotos panorâmicas, onde fica tudo dito e aqui são somente dois detalhes. Quem quiser ver no conjunto, venha visitar Quarteira na época certa. Depois, temos dois espetáculos do ano anterior, A Freguesia, que deu a amplitude que a Praça do Mar tem na memória das pessoas. Um espetáculo de um encenador quarteirense, Ricardo Neves-Neves, que merece a maior exaltação e presença obrigatória na exposição, até porque fala da identidade local ao longo de centenas de anos. Uma peça com um texto maravilhoso e está aqui com duas pinceladas de palco. Mesmo ao lado, um artista da terra, o Polly, com um grande nome da nossa música, o Jorge Palma”.
Virando a esquina, surge o Mercado do Peixe, “uma ansiedade constante. As pessoas que lá entram sentem-se em casa. Ali está a voz do peixe a falar em cima da banca com os vendedores. Em suma, aquilo que temos de melhor que é o peixe. Uma mudança anunciada para os próximos anos é algo a acompanhar atentamente, a ver se terá a mesma característica e a mesma personalidade para dar dignidade àquela atividade”.
Uma exposição que pretende ser “interpretada por cada um à sua maneira e é no coletivo que depois a mensagem vem para fora. Vêm as convicções políticas, as convicções emocionais, depois há o daltónico que só vê a preto e branco, o surdo que não viu nada, vêm as deduções todas. É todo esse conjunto que faz o sucesso da iniciativa. Quando não há crítica, as coisas passam despercebidas. Tem que haver crítica, comentário e opinião de quem vem ver. Esses é que contam, que fazem com que tenha valor ou não”.
Esta iniciativa pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h30 e das 14h30 às 18h00, e aos sábados, das 10h00 às 16h30. A inauguração acontece no dia 23 de novembro, pelas 18h00.
A entrada é livre.
Por: Jorge Matos Dias / PlanetAlgarve